quarta-feira, março 31, 2010
Russell Shedd: Sobre Mensagens Expositivas
Veja uma breve explanação do Dr. Russell Shedd sobre mensagens expositivas.
segunda-feira, março 29, 2010
Devocional em Tiago compilado
Clique na figura para baixar todo o "Devocional em Tiago" feito por Reinaldo Bui e editado para Todah Elohim. Bom proveito!
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Devocional em Tiago: Oração e Restauração
23- Oração e Restauração
por Reinaldo Bui Está alguém entre vocês sofrendo? Ore. Está alguém feliz? Cante louvores. Há alguém doente entre vocês? Chame os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele o unjam com azeite, em nome do Senhor. E a oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, será perdoado. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra vez, e o céu enviou chuva, e a terra produziu os seus frutos. Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de volta, lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e cobrirá uma multidão de pecados (Tg 5.13-20).
Chegamos ao fim. Mas não sem problemas, pois esta passagem reúne uma série de históricos mal-entendidos teológicos. Foi nestes versículos que a Igreja Católica baseou-se para instituir o sacramento da extrema-unção. Já no sec. III, havia o costume de ungir enfermos consagrando-os por um bispo. No séc. X a importância deste ato cresceu tanto que decidiu-se que seria feita exclusivamente por um sacerdote católico. No séc. XII surgiu a ideia da extrema unção e restringe-se aos fiéis que estão diante da morte iminente. No séc. XIII tornou-se oficialmente um dos sete sacramentos. Por fim, em 1545 o Concílio de Trento considerou anátema negar sacramento instituído por Cristo, inclusive este. Já na Igreja Evangélica, os pregadores da ‘cura pela fé’ acreditam que esta passagem é base para que o crente não permaneça enfermo, mas seja curado. Porém, na realidade, muitos “ungidos” em seus leitos permaneceram doentes e outros vieram a falecer. O que dizer diante de todas estas coisas? O que exatamente Tiago quis comunicar nestes versículos?
Observando este texto, logo de início podemos fazer três afirmações:
- Não há aqui nenhuma sugestão de óleo especial ou consagrado;
- Não é preparação para a morte, mas restauração para a vida;
- A ênfase não é em cura física nem remissão de pecados, mas cura espiritual e restauração de comunhão.
Recordando o contexto da carta, Tiago falou de perseverança na perseguição, dos erros de falar mal do outro, da exploração econômica, abordou a importância da paciência e agora fala de sofrimento (v.13) enfatizando a importância da oração. Tiago quer ensinar que o homem, pela oração, abre as portas para Deus agir. Note que dos versos 13 a 18, todos falam de orar, mais especificamente o papel da oração no cotidiano (que no caso deles incluía o sofrimento). Não somos exceção, embora as fontes e razões das nossas lutas sejam outras.
Neste caso, quem é o enfermo? A palavra usada para doente (astheneo) aparece 35 vezes no NT. Destas, 16 vezes se refere a doenças físicas, principalmente nos evangelhos, mas na maioria das vezes (principalmente nas epístolas) esta palavra descreve fraqueza espiritual e emocional. A julgar o contexto aqui, podemos concluir que se trata de pessoas que traziam o resultado da perseguição e maus-tratos, ou seja, fragilizadas emocional e espiritualmente. Não sou contra a ideia de Deus curar doenças físicas, mas acredito que agora não é o que está sendo tratado aqui. O debilitado e fraco que Tiago se refere está precisando do apoio pastoral e os presbíteros eram aqueles que cumpriam esta função na igreja. Os presbíteros deveriam orar pelo enfraquecido e ungi-lo com óleo. Na cultura hebraica, o óleo era empregado em algumas situações como o cuidado com o corpo na higiene pessoal (Mt 6.17). Também usava-se quando queria-se honrar um visitante (Mt 26.7; Lc 7.38, 46). Usava-se no preparo do corpo de um morto (Mc 16.1). Além destas, o óleo ainda desenvolvia importante função terapêutica (Mc 6.13).
Isto faz-nos pensar que quem estava fraco ou enfermo, estava por causa de maus-tratos, talvez com feridas e assim estes lhe ministrariam o medicamento disponível para seu bem estar. Nada havia nada de místico ou sobrenatural no uso do óleo naquela cultura (Lc 10.34), era meramente terapêutico. Também não há erro algum em se usar dos recursos da medicina - não se trata de incredulidade. Lucas era médico (Cl 4.14) e curava enfermos usando a medicina; Paulo indicara um medicamento a Timóteo (1Tm 5.23), e deixou Trófimo em Mileto por estar doente. Os presbíteros deveriam visitar os enfermos, ungi-los com óleo e orar. Esta ‘Oração de fé’, segundo Tiago 1.6-8, é uma oração feita por quem é fiel a Deus.
Além disto, Tiago diz que se houver cometido pecados, será perdoado. Considerando todo o contexto, é possível que neste estágio o enfermo tenha percebido que estava nesta situação porque agiu em desacordo com a vontade de Deus. Pecou por falta de fé estava sofrendo com isto. Note o que escreveu o salmista:
Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado (Salmos 32:3-5).
O sofrimento faz parte do processo de Deus para nosso aperfeiçoamento, daí sua decisão de levar Deus mais a sério. Derrotado e abatido pelo sofrimento, ele pode pedir apoio dos pastores que orarão por ele e Deus restaurará a sua disposição espiritual. Desânimo na fé pode acontecer por diversas razões e às vezes conjuntas: pecados não tratados que minam nossas forças, males físicos que nos levam a questionamentos constantes, enfraquecimento da fé nas circunstâncias adversas, etc.
Há aqui em Tiago uma preocupação com cada um que esteja vivendo nestas condições, que possa ter o socorro necessário para o fortalecimento da sua vida cristã. Em maior ou menor escala o povo de Deus passa por isso: Elias ficou desanimado após uma batalha espiritual, João Batista ficou incrédulo na prisão, Pedro negou e abandonou ao Senhor, Davi se afastou em pecado, João Marcos abandonou uma viagem missionária por medo. O verso 19 alerta sobre a possibilidade algum dos irmãos se desviar da verdade, da mensagem do Senhor. Isso é possível que aconteça. Este irmão pode se ajudar orando por si e pode ser ajudado pelos pastores, mas note que toda comunidade deve estar voltada para o irmão mais fraco. Como corpo, devemos cuidar dos membros mais fracos.
Precisamos ter com quem compartilhar nossa fraquezas, e confessarmos os nossos pecados. Não somos uma comunidade de perfeitos. Talvez alguns de nós precise de oração por desânimo, medo, covardia. Pode ser que outros sofram tentações como rancor, mágoa, imoralidade, autocomiseração, etc. Confissão abre as portas para que o outro interceda por você, dando espaço para que Deus atue em sua vida. Saiba que você pode ser um agente de restauração, protegendo-o da sua perda de comunhão, do castigo do pecado, e ele será restaurado (v.20). Identificar um irmão em pecado é a oportunidade de agir em seu favor, seja orando, seja exortando. Caso o faça voltar, é um grande feito. Note que a súplica de um justo muito pode, tem grande poder. Você pode não ver, mas ‘sua eficácia’ (energeo), traduz a palavra que origina energia. Se aplicada aos problemas e sofrimentos, funciona. Oração de um justo, não significa de alguém perfeito, mas alguém que está buscando em tudo a vontade de Deus, e Deus atende (Jo 9.31). Tiago usa Elias como exemplo: era homem como nós. Não se tratava de um super-homem. Teve fome, medo e fugiu, ficou deprimido, mas quando ele orou, foi respondido. Ele estava pronto a fazer a vontade de Deus, fosse qual fosse. Abra a porta por sua oração e temor a Deus, para que Ele aja em sua vida e na de outros.
Tenha sempre nomes de pessoas por quem orar. Não passe pelas dificuldade sem dar a Deus a oportunidade de intervir. Identifique alguém com quem você possa compartilhar suas fraquezas para que ore por você. Deixe seus pastores saberem pelo que orar por você.
Veja o texto anterior
domingo, março 28, 2010
Devocional em Tiago: Integridade e Perseverança
22- Integridade e Perseverança
por Reinaldo Bui Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas. Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor. Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo. Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo (Tg 5.7-12).
Voltamos a tocar no assunto do início da carta: perseverança. Tiago utiliza este estilo repetitivo porque era próprio da literatura hebraica e, além do mais, estimular o fortalecimento na fé era um dos principais motivos desta carta. Os cristãos estavam sofrendo por fatores externos (perseguição) e internos na igreja (atitudes, injustiças...). Para encorajá-los a lutar e não desistir, o autor cita dois exemplos: sofrimento e paciência dos profetas, e a perseverança de Jó (digo isto porque a palavra usada para se referir ao comportamento de Jó foi hupomeno, que significa ficar em baixo, perseverar).
Quando lemos as narrativas dos profetas do AT ficamos admirados com suas atitudes e imaginamos que se Deus nos colocasse em uma situação semelhante a que eles viveram nos comportaremos do mesmo jeito. Os profetas tiveram um ministério significativo, mas não foram isentos de aflições. Muitos padeceram (v.10) por falarem em nome do Senhor. Sofrimento faz parte do ferramental de Deus para produzir em nós paciência e perseverança. Jó aguentou um bocado o sofrimento que Deus permitiu que passasse. Será que reagiríamos igual a ele se enfrentássemos as mesmas provações? Tiago encoraja: sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração. Para compreender melhor este conselho: paciência (makrothumeo) significa suportar as ofensas e injúrias de outros, perseverar bravamente ao sofrer infortúnios e aborrecimentos sem perder o ânimo; e quando diz para fortalecer o coração significa ter determinação, resolução, ser estável, consistente; diferentemente do ‘coração gordo’ (5.5) e do ‘ânimo dobre’ (1.8; 4.8). A perseverança nasce no solo de um coração totalmente consagrado. Mas paciência demonstra-se em ações, e há mais um assunto que Tiago torna a tratar... Falou em todos os capítulos, não ficaria de fora deste: língua!
A língua sempre aparece como uma vilã capaz de nos desviar do plano de Deus e neste caso não é diferente. Portanto, diante do sofrimento não se queixe, como costumeiramente fazemos: não aguento mais meu chefe; minha professora é uma droga; aquele cara é um mala; este pastor só enrola; minha mãe não larga do meu pé... não me deixa fazer nada do que eu quero; etc. Queixas, críticas, recriminações, julgamentos, fofocas são incompatíveis com a paciência que Deus quer trabalhar em nós.
A segunda exortação é não jurar. Impaciência sempre é manifestada em murmurações, promessas precipitadas e juramentos apressados que normalmente irão se quebrar adiante. O apóstolo queria não somente evitar estes pecados como também ensinar a sermos íntegros em nossas palavras: seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo. Lembre-se, prestaremos conta de cada palavra frívola que sair da nossa boca. Se por um lado não devemos nos deixar levar pela vida confortável e prazerosa que o mundo possa oferecer, também não podemos nos deixar abater pelas dores que a vida traz como trouxeram aos profetas do passado. Sejam o prazer e o sofrer superados e vencidos pela esperança inabalável de se encontrar com o Senhor, que negou-se a Si mesmo, e por você veio a morrer e ressuscitar.
Não se deixe iludir pela proposta de que o bom de hoje é melhor do que o incerto e distante amanhã. O amoroso e poderoso Deus garante guardar em segurança o tesouro maior, de viver com Ele em honra, intimidade e glória por toda a eternidade. Não se deixe dominar pela diminuta atitude de reclamar, recriminar, se queixar e fazer votos e juramentos vãos, esquecendo-se do desafio de ser paciente e perseverante. Firme em seu coração a determinação de viver, amar, servir e agradar somente a quem é digno, na esperança e certeza de um dia ouvir soar: "Vem filho amado, quero em ti me aprazer." E com esta certeza prometida, dedicar momento e lugar, força e talento, mente e coração, à obra que Deus quer realizar, em e através de sua vida que ele diz e manifesta amar.
A língua sempre aparece como uma vilã capaz de nos desviar do plano de Deus e neste caso não é diferente. Portanto, diante do sofrimento não se queixe, como costumeiramente fazemos: não aguento mais meu chefe; minha professora é uma droga; aquele cara é um mala; este pastor só enrola; minha mãe não larga do meu pé... não me deixa fazer nada do que eu quero; etc. Queixas, críticas, recriminações, julgamentos, fofocas são incompatíveis com a paciência que Deus quer trabalhar em nós.
A segunda exortação é não jurar. Impaciência sempre é manifestada em murmurações, promessas precipitadas e juramentos apressados que normalmente irão se quebrar adiante. O apóstolo queria não somente evitar estes pecados como também ensinar a sermos íntegros em nossas palavras: seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo. Lembre-se, prestaremos conta de cada palavra frívola que sair da nossa boca. Se por um lado não devemos nos deixar levar pela vida confortável e prazerosa que o mundo possa oferecer, também não podemos nos deixar abater pelas dores que a vida traz como trouxeram aos profetas do passado. Sejam o prazer e o sofrer superados e vencidos pela esperança inabalável de se encontrar com o Senhor, que negou-se a Si mesmo, e por você veio a morrer e ressuscitar.
Não se deixe iludir pela proposta de que o bom de hoje é melhor do que o incerto e distante amanhã. O amoroso e poderoso Deus garante guardar em segurança o tesouro maior, de viver com Ele em honra, intimidade e glória por toda a eternidade. Não se deixe dominar pela diminuta atitude de reclamar, recriminar, se queixar e fazer votos e juramentos vãos, esquecendo-se do desafio de ser paciente e perseverante. Firme em seu coração a determinação de viver, amar, servir e agradar somente a quem é digno, na esperança e certeza de um dia ouvir soar: "Vem filho amado, quero em ti me aprazer." E com esta certeza prometida, dedicar momento e lugar, força e talento, mente e coração, à obra que Deus quer realizar, em e através de sua vida que ele diz e manifesta amar.
Veja o devocional anterior:
sábado, março 27, 2010
Agostinho de Hipona: Mais Belo que Platão e os Ditados de Cícero
I have read Plato and Cicero sayings that are very wise and beautiful; but I never read in either of them: 'Come unto me all ye that labour and are heavy laden and I will give thee rest.'
(Tradução) Eu já li Platão e ditados de Cícero que são muito sábios e belos, mas eu nunca li em nenhum deles: 'Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.'
-- St. Augustine of Hippo (Agostinha de Hipona)
sexta-feira, março 26, 2010
Sobre Divórcio e Novo Casamento
Divórcio e Novo Casamento: Uma Declaração
Por John Piper21 de julho de 1986
Pano de fundo e Introdução
Em toda a minha vida adulta, até o momento em que encarei a necessidade de lidar com divórcio e novo casamento no contexto pastoral, sustentei a visão protestante prevalecente, que afirma que o novo casamento após o divórcio é sancionado biblicamente em casos em que o divórcio foi resultado de uma deserção ou de adultério persistente. Somente quando eu fui compelido, alguns anos atrás, ao estudar Lucas, a lidar com a afirmação absoluta de Jesus em Lucas 16.18, comecei a questionar esta posição inerente.
Eu senti um peso imenso por ter de ensinar à nossa congregação qual a vontade revelada de Deus neste assunto de divórcio e novo casamento. Eu não estava desavisado que entre meu povo haviam aqueles que se divorciaram-se e casaram-se novamente, aqueles que se divorciaram e permaneceram descasados, e aqueles que estavam em processo de divórcio ou contemplando isto como uma possibilidade. Eu sabia que isto não seria um exercício acadêmico, mas que de imediato afetaria várias pessoas muito profundamente.
Eu também estava ciente das horrendas estatísticas em nosso próprio país, assim como em outros países ocidentais, a respeito do número de casamentos que terminam em divórcio, e do número de pessoas que estão no segundo e terceiro casamentos. Em meu estudo de Efésios 5, fui cada vez mais convencido que há uma profunda significação na união de marido e mulher em “uma só carne” como parábola do relacionamento entre Cristo e sua igreja.
Todas as coisas conspiravam para criar um sentimento de solenidade e seriedade enquanto eu pesava o significado e a implicação dos textos bíblicos sobre divórcio e novo casamento. O resultado desta experiência crucial foi a descoberta do que eu creio, uma proibição neotestamentária de todo novo casamento, exceto no caso em que o cônjuge faleceu. Eu não afirmo que encontrei ou disse a última palavra nesta questão, nem que eu estou além de correção caso prove-se que estou errado. Estou ciente de que homens mais piedosos que eu tiveram opiniões diferentes. Entretanto, todas as pessoas e igrejas devem ensinar e viver de acordo com o que dita sua própria consciência informada por um sério estudo da Bíblia.
Como conseqüência, este documento é uma tentativa de afirmar meu próprio entendimento deste assunto e seu fundamento na Escritura. Serve, portanto, como uma explanação bíblica do por que me sinto constrangido a tomar as decisões que tomo a respeito daqueles casamentos que realizarei e que tipo de disciplina eclesiástica parece-me apropriada em questões de divórcio e novo casamento.
Devocional em Tiago: Dinheiro para Maldição
21- Dinheiro para Maldição
por Reinaldo Bui
Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão. As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça; o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias. Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Tendes vivido regaladamente sobre a terra; tendes vivido nos prazeres; tendes engordado o vosso coração, em dia de matança; tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos faça resistência (Tg 5.1-6).
Entramos no capítulo cinco. A esta altura, é bom lembrar que há uma verdade central que permeia toda esta epístola: Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos (1.22). Ao longo da carta, Tiago insiste na ideia que conhecimento deve ser transformado em procedimento humilde, como escreve: quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras (3.13). Esta exortação deve ser aplicada em todas as áreas da nossa existência, seja no relacionamento com o mundo ou com os irmãos, seja no nosso linguajar, nosso planejamento, e assim por diante. Tiago agora passa a abordar outro tema crucial à nossa vida: a questão econômica. É tolice agirmos tão autoconfiantes na forma como administramos nosso dinheiro classificando este assunto como menos espiritual. Dinheiro é um tema amplamente tratado nas Escrituras.
Lendo esta passagem, pode ser que você diga: ‘Ainda bem que eu não sou rico, isto não é comigo!’ Será que não? Como podemos classificar quem são os ricos aqui? Talvez você não tenha tanto dinheiro quanto gostaria de ter. Ou talvez não seja tão rico quanto o Silvio Santos... Mas pense que assim como existem homens muito mais ricos do que ele, existem também muito mais pobres que você. Dependendo da perspectiva, você é rico sim, então esta palavra é para você. Não há nada de errado em ser rico, e não é contra isso que esta passagem trata, mas há uma linha tênue quando se trata de finanças, pois elas revelam muito sobre o nosso coração: nossa atitude com finanças rege nosso coração, ou seja, nossa atitude com o dinheiro tem poder de desqualificar nossa fé em Deus. Em Mateus 6.19-21, 24 Jesus fala da impossibilidade de servir a Deus e às riquezas. Mas, na prática, quando é que servimos o dinheiro antes de Deus? Podemos ver nesta passagem que Tiago mostra três pecados relativos a finanças que nos colocam sob o juízo de Deus.
O primeiro é o pecado da remuneração injusta.
Alguns crentes tinham trabalhadores em seus campos e estavam retendo parte do seu salário para obter mais lucro. Trazendo para a nossa realidade, equivale a pagar um salário menor para um trabalhador (talvez a faxineira da sua casa) explorando-o por conta da sua necessidade, ou até deixar de registrá-lo e pagar seus encargos sociais ‘para não ficar muito caro.’ Saiba que o clamor deste trabalhador chegará diante do Senhor e é Ele quem pleiteará esta causa. Todo ganho deve ser honesto, e deve ser pago todo débito honesto.
O segundo pecado é o do consumismo.
Assim como os crentes daquela época, há hoje os que vivem regaladamente, utilizando seus recursos apenas para sustentar seu conforto e bem estar. Pode ter certeza que qualquer um aqui tem uma lista pronta daquilo que compraria para si caso ganhasse uma grana extra! Ao invés disto, devemos ser condescendentes e generosos com o Senhor e não conosco mesmo. Nossa vida pertence a Ele. Opulência, auto-indulgência e consumismo revelam melhor que tudo a quem a pessoa ama e serve.
Terceiro pecado, o acúmulo de riquezas.
Ao contrário do que prega a teologia da prosperidade tão difundida e aceita nas igrejas hoje em dia, Tiago mostra que este acúmulo (bênçãos para alguns) se corrompe e uma vez corrompido, de nada vale. O dinheiro que Deus põe em nossas mãos tem um propósito, que não é nossa ostentação! Nossa preocupação, acima de tudo, deve ser com a expansão do Reino de Deus. Somos agentes de Deus a quem Deus confere seus recursos para administrarmos não como donos, mas mordomos.
Veja o devocional anterior:
quinta-feira, março 25, 2010
Devocional em Tiago: Estrada Para o Futuro
20- Estrada Para o Futuro
por Reinaldo BuiOuçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, não só viveremos como também faremos isto ou aquilo”. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas arrogantes pretensões. Toda vanglória como essa é maligna. Portanto, quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg 4.13-17).
Entramos em 2010 recentemente e é bem natural que cada um de nós tenha tomado decisões, feito planos ou pelo menos renovado intenções. Alguns decidiram emagrecer, outros ler a Bíblia em um ano, estudar, casar, etc. Todos temos ambições, planos de futuro, o que é muito natural. Mas se lermos esta passagem superficialmente, é possível que cheguemos a dois mal entendidos. O primeiro é: devemos planejar o futuro? Parece que os versos 13 e 14 sugerem o contrário. A resposta é sim, devemos. Lembre-se que o Senhor Jesus tratou deste assunto em Lucas 14.28-31 e Mateus 6.25. O segundo mal entendido nos leva a pensar: então devemos planejar, mas temos que repetir as palavras conforme descrito no v.15, como se fosse um talismã ou fetiche cristão. A resposta é não. Não se trata disto. Esta passagem dá continuidade ao que se iniciou em 3.13. Sabedoria deve ser demonstrada por um procedimento humilde; e humildade deve ser demonstrada em todo nosso viver (leia 4.6, 7, 10). No entanto, o v.16 fala de uma atitude oposta: Agora, porém, vocês se vangloriam das suas arrogantes pretensões.
Esta tônica negativa mostra que planejamento futuro não é uma área que deva ser excluída de uma vida conforme a vontade de Deus. Podemos projetar nosso futuro conforme a sabedoria humana, isto é, em busca exclusiva da nossa própria glória e interesse, ou manifestar em nosso planejamento a visão de honrar a Deus em primeiro lugar. Há uma diferença significativa entre estas duas perspectivas! Portanto, alguns detalhes devem ser considerados em um planejamento sadio, prudente e humilde. Há um adágio popular que diz: "O futuro pertence a Deus." Embora seja verdadeiro, não significa que não temos nada a fazer. Planejar é compatível com a fé que professamos. Neemias foi alguém que viveu bem próximo de Deus e fez seu planejamento para atingir um alvo. Ele queria reconstruir a cidade de Jerusalém. Orou e planejou como tratar a questão, levantar recursos, convencer autoridades, estudar a situação, estabelecer ações para atingir seu alvo. Planejamento deve considerar a situação, tendências, sonhos, objetivos, recursos, obstáculos, etc. Quanto mais se conhecer a situação e o alvo que se quer atingir, melhor. Mas lembre-se que devemos planejar cônscios de nossa fragilidade pessoal.
Tiago diz: Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Por acaso você está vivendo como se fosse estar aqui para sempre? Estamos de passagem, e não sabemos por quanto tempo. A definição que ele usa é que somos como a neblina (um vapor), que aparece e logo se dissipa. Não saber o que se passará e o que nos acontecerá amanhã deve nos dar humildade diante do futuro. Tenha bem claro em sua mente que sua vida depende de Deus. Ele é quem a dá e quem a tira. Se nossa vida está literalmente nas mãos de Deus, devemos estar submissos à Sua vontade, pois uma postura indiferente a Ele é classificada por arrogância no v.16. Devemos planejar o futuro, cônscios de nossa fragilidade e submissos à vontade de Deus. O verdadeiro servo busca conhecer e fazer a vontade do Senhor. Paulo escreveu em Efésios 5.15-17:
Esta tônica negativa mostra que planejamento futuro não é uma área que deva ser excluída de uma vida conforme a vontade de Deus. Podemos projetar nosso futuro conforme a sabedoria humana, isto é, em busca exclusiva da nossa própria glória e interesse, ou manifestar em nosso planejamento a visão de honrar a Deus em primeiro lugar. Há uma diferença significativa entre estas duas perspectivas! Portanto, alguns detalhes devem ser considerados em um planejamento sadio, prudente e humilde. Há um adágio popular que diz: "O futuro pertence a Deus." Embora seja verdadeiro, não significa que não temos nada a fazer. Planejar é compatível com a fé que professamos. Neemias foi alguém que viveu bem próximo de Deus e fez seu planejamento para atingir um alvo. Ele queria reconstruir a cidade de Jerusalém. Orou e planejou como tratar a questão, levantar recursos, convencer autoridades, estudar a situação, estabelecer ações para atingir seu alvo. Planejamento deve considerar a situação, tendências, sonhos, objetivos, recursos, obstáculos, etc. Quanto mais se conhecer a situação e o alvo que se quer atingir, melhor. Mas lembre-se que devemos planejar cônscios de nossa fragilidade pessoal.
Tiago diz: Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Por acaso você está vivendo como se fosse estar aqui para sempre? Estamos de passagem, e não sabemos por quanto tempo. A definição que ele usa é que somos como a neblina (um vapor), que aparece e logo se dissipa. Não saber o que se passará e o que nos acontecerá amanhã deve nos dar humildade diante do futuro. Tenha bem claro em sua mente que sua vida depende de Deus. Ele é quem a dá e quem a tira. Se nossa vida está literalmente nas mãos de Deus, devemos estar submissos à Sua vontade, pois uma postura indiferente a Ele é classificada por arrogância no v.16. Devemos planejar o futuro, cônscios de nossa fragilidade e submissos à vontade de Deus. O verdadeiro servo busca conhecer e fazer a vontade do Senhor. Paulo escreveu em Efésios 5.15-17:
Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor.
Existe uma série de princípios nas Escrituras como este que, se praticados, só temos a ganhar. Se não fizermos com esta atitude, estaremos pecando: Portanto, quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado. Lembre-se que suas pretensões falam do verdadeiro Senhor de sua vida.
Veja o devocional anterior:
19- Língua de Trapo
Veja o devocional anterior:
19- Língua de Trapo
quarta-feira, março 24, 2010
Devocional em Tiago: Língua de Trapo
19- Língua de Trapo
por Reinaldo BuiIrmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei não a está cumprindo, mas está se colocando como juiz. Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar o seu próximo? (Tg 4.11-12)
Na Idade Média os monges classificaram os pecados em sete fundamentais (capitais) que são: Orgulho, Inveja, Glutonaria, Lascívia, Ira, Ganância e Preguiça. É interessante notar que não consta desta lista a Maledicência, e se esta lista fosse elaborada nos dias de hoje, creio que também não entraria. Quer saber por quê? Porque sua popularidade e aceitação social são imensas. Porém o fato da maledicência ser aceita socialmente, não a torna aprovada por Deus. Pense nos “sete pecados” alistados por Deus em Provérbios 6.16-19. A maledicência tem a capacidade de destruir pessoas e relacionamentos.
Tiago, retomando o assunto, sugere um exame mais apurado de nossa atitude diante deste tema tão grave. Facilmente caímos neste pecado por não atentarmos em quão equivocada está nossa visão em relação aos outros, em relação à Lei, em relação a Deus e em relação a nós mesmos. Nestas três linhas acima descritas, podemos perceber a gravidade da nossa atitude ao não considerar que o próximo (seja nosso irmão ou não) é alguém criado por Deus e alvo de Seu amor.
Em segundo lugar, podemos também perceber o quanto falhamos ao julgar ou “passar por cima” da Lei. Falar mal ou julgar não é só falta de afeto, mas é agir contra a Lei e estar em desacordo com ela. Lei esta que protege o próximo e irmão, que não somente protege de males como lhe garante privilégios. Uma conduta diferente desta é não aceitar a Lei como autoridade, considerando a nossa perspectiva superior.
Em terceiro, erramos feio também por não considerarmos a pessoa e a vontade de Deus. Tiago diz que Deus é Legislador, ou seja, é Ele quem estabelece o que é certo e o que é errado. Isto não é capricho, é a verdade e o Seu caráter. Tiago diz também que Deus é Juiz. Isto significa que todos nós nos apresentaremos diante dele para prestar contas. Por acaso você acha que pode ocupar o lugar de Deus (como Legislador e Juiz)? Além do mais saiba que estamos constantemente diante dele, que vê o íntimo dos nossos corações, nossas ações e nossas motivações. Quer falar alguma coisa de alguém? Fale diante daquele que sonda nossas mentes e corações! Por último, não percebemos o quanto estamos equivocados a respeito de nós mesmos.
Ao comentar sobre a vida alheia, estamos nos colocando acima do próximo, acima da Lei e acima de Deus... Colocamo-nos numa posição de superioridade, coincidentemente o motivo da queda de Satanás. Cabe-nos a pergunta: Mas quem é você para julgar o seu próximo? Mais do que nunca, precisamos cultivar a humildade. Humildade inclui se ver como uma criatura de Deus, como qualquer um. Se ver como amado por Deus assim como todos são. Se ver como chamado para servir a Deus e fazer sua vontade. Quem é você para julgar o seu próximo? Ignorar o que Deus fala sobre julgar e falar de outros é arrogância. Julgar e condenar é se colocar em posição de superioridade. Humildade inclui se colocar sob a autoridade do Pai, ao invés de se auto-exaltar através do rebaixamento de outros. Quem é você para julgar o seu próximo?
Falar mal é falar palavras ásperas acerca de outro, sejam verdadeiras ou não. Difamar e denegrir o próximo quebra o princípio do amor devido. Ao tomar conhecimento da falha de alguém, ao invés de falar mal, procure socorrer ou auxiliar a pessoa. Qualquer coisa que fizermos fora disso é falta de amor.
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terça-feira, março 23, 2010
Devocional em Tiago: Guerra ou Resistência
18- Guerra ou Resistência
por Reinaldo Bui
De onde vem as guerras e contendas que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam dentro de vocês? Vocês cobiçam e não alcançam; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras. Não tem, porque não pedem, não recebem, pois pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres. Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus. Ou vocês acham que é sem razão que a Escritura diz que o Espírito que ele fez habitar em nós tem intensos ciúmes? Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a escritura: Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes. Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Limpem as mãos, pecadores, e purifiquem o coração, vocês que têm a mente dividida. Entristeçam-se, lamentem e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará (Tg 4.1-10).
Adúlteros? Será que Tiago não está pegando pesado demais? Temo que não, pois flertar com o pecado é adultério. Só que ele não está tratando de infidelidade em termos sexuais, mas espirituais. De uma maneira geral, podemos definir adultério como um ato de infidelidade no contexto de um pacto de amor – como o que temos com Jesus. Esta era uma expressão comum no AT e um perigo constante em nossas vidas, portanto é bom que estejamos atentos às marcas que caracterizam o adultério espiritual.
Primeiramente, conheça a verdadeira raiz deste mal, pois é sempre a mesma: egolatria (auto-suficiência, auto-glorificação, auto-satisfação, auto-justiça, auto-defesa, etc.). Radicalmente o adultério tem em vista a não satisfação do Senhor com quem temos um pacto, mas do EU mesmo. Por isso Tiago escreve: Vocês... pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres. O que ele diz não é nenhuma novidade: nossos pedidos são sempre voltados para nossos desejos. Desfrutar da salvação que há em Cristo e se conduzir por motivações egoístas deste mundo, com ele flertando é adultério espiritual. A amizade com o mundo é inimizade com Deus, pois este flerte envolve amor emocional, intimidade, compartilhamento de interesses, objetivos e obediência a um ou a outro. Não há como conciliar o servir a Deus e a mim mesmo conforme os padrões do mundo.
É necessário também, perceber como este tipo de adultério se manifesta: ... guerras e contendas... entre vocês... paixões que guerreiam dentro de vocês... cobiçam... matam e invejam... vivem a lutar e a fazer guerras... pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres... amizade com do mundo.
Será que é mesmo assim? Quantas vezes somos tomados por um espírito faccioso diante de uma opinião adversa? Detestamos perder uma discussão, por mais boba que seja. Odiamos ter que pedir perdão. Abominamos a ideia de sequer admitir que estamos errados. Pode parecer bobagem, mas as consequências disto tudo são catastróficas! No âmbito social colhemos guerras, contendas e confusão; no âmbito pessoal culpa e frustração por não alcançar, não receber ou não obter o que desejamos; e, principalmente, o nosso relacionamento com Deus fica comprometido. Como reverter esta situação? O mais importante é entender que é só pela graça. O texto diz que Deus “nos concede graça maior!” A base do nosso relacionamento com Deus é sempre sua graça ilimitada. Paulo também tocou neste assunto quando escreveu: ... onde abundou o pecado, superabundou a graça! (Rm 5.20). Mas Tiago mostra também uma serie de ações que precisamos desenvolver para combater este mal: ...submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Limpem as mãos, pecadores, e purifiquem o coração, vocês que têm a mente dividida. Entristeçam-se, lamentem e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará.
Humildade é a condição para Deus trabalhar, para desfrutar de tudo o que Ele quer lhe dar. A verdadeira humildade consiste em estabelecer uma relação de submissão a Deus, resistência ao Diabo e aos nossos próprios desejos egoístas. Viver em comunhão com Deus se dá através da Palavra, oração e adoração. Quando sua razão de viver for a exaltação, a honra e a satisfação do Senhor, Ele cuidará de você.
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domingo, março 21, 2010
Devocional em Tiago: Sabedoria Vs. Sabedoria
17- Sabedoria Vs. Sabedoria.
Por Reinaldo Bui Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras feitas com a humildade que provém da sabedoria. Mas, se vocês abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta, não se gloriem disso, nem neguem a verdade. Esta “sabedoria” não vem do céu, mas é terrena, não é espiritual e é demoníaca. Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males. Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera. O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores (Tg 3.13-18).
Após breve exortação sobre os cuidados com o nosso linguajar, Tiago passa explorar um pouco mais a questão da comunicação ampliando nossa visão sobre o testemunho diário que damos através do nosso comportamento. Comunicação não é exclusividade da língua. Comunicamos muito através do nosso proceder. Aliás, mesmo que não abrirmos nossa boca para testemunhar, nossas atitudes falarão por si, e em muitos casos elas serão o único testemunho que as pessoas enxergarão em nós. Sempre há mais de uma maneira de lidar com as situações diversas da vida, e a maneira que escolhermos definirá nosso comportamento. Tiago chama estas escolhas de “sabedoria,” distinguindo-as entre sabedoria do alto e sabedoria terrena. Uma se contrapõe à outra. Em se tratando da sabedoria terrena, somos exortados por nos gloriarmos de abrigar no coração inveja amarga e ambição egoísta! Como alguém pode se gloriar disto?
Observando mais de perto, as palavras traduzidas do grego por inveja amarga dão a ideia de um zelo doentio por alguma coisa ou pessoa, ciúme, rivalidade invejosa e contenciosa. Já a palavra traduzida por ambição egoísta denota a ideia de autopromoção, soberba, desejo de colocar-se acima. É aquele espírito partidário e faccioso que utiliza a astúcia para alcançar seus fins. Podemos identificar dentro da igreja este tipo de comportamento? Há aqueles que se vangloriam de suas posições galgadas através da politicagem eclesiástica. Será que esta é a vontade de Deus para sua Igreja? Tiago chama esta sabedoria de terrena, carnal e demoníaca. Em contrapartida o modelo alternativo, que nós devemos adotar, é a sabedoria que...
- Vem do alto: Não é uma ideia de Tiago, esta sabedoria vem do Senhor.
- Pura: Puro vem da mesma palavra para santo e é condição para ver a Deus (Mateus 5.8).
- Pacífica: Sabedoria verdadeira não produz conflito por razões egoístas, mas paz em humildade. Pacificadores serão chamados filhos de Deus (Hebreus 12.14).
- Indulgente ou amável: Demonstra um comportamento moderado, cortês, gentil, tolerante, até sob abusos, maus tratos e perseguição, sem ódio ou malícia, mas confiando-se a Deus (2Tm 2.24).
- Tratável ou compreensiva: Ensina-nos a viver sem rancor e disputa, mas sim sermos ensináveis, sujeitos à disciplina e que age conforme orientações. Isto é ser humilde de espírito.
- Plena de misericórdia: Compaixão deve ser uma característica marcante em nós.
- Cheia de bons frutos: Só posso pensar no Fruto do Espírito descrito em Gl 5.22-23.
- Imparcial. Não abriga uma mentalidade partidarista, sem favoritismo.
- Sem hipocrisia. Este era um dos pecados mais condenados por Jesus. Falsidade e hipocrisia era uma característica marcante nos fariseus.
Se colocarmos as sabedorias lado a lado, vamos encontrar pontos a favor e contra. Por qual se decidir? Cultivando a “sabedoria humana” você conquista poder, vitória, proteção, mas colhe também culpa, ofensas, tristeza, rompimento, separação, mágoa. Andando segundo a Sabedoria do Alto pode ser que você leve uma vida sem muito reconhecimento, prestígio ou privilégios; mas em compensação uma vida sem brigas, ameaças, ofensas, ressentimentos, separação, uma vida pacifica, restauradora, que edifica o próximo e comunica amor. Quem é que ganha? Ganha quem por mais que esteja com a razão, não está preocupado em preservar seus direitos, opiniões, espaço... Ganha quem deseja profundamente ser manso, pacificador, cortês, ouvinte, tratável, misericordioso, imparcial, preocupado apenas com a causa do Senhor. Sabedoria do alto se demonstra através do nosso bom procedimento. O bom procedimento é demonstrado através das boas obras, mesmo nas pequenas coisas do nosso cotidiano. Boas obras são marcadas pela humildade. Humildade é característica de quem é sábio.
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quarta-feira, março 17, 2010
Devocional em Tiago: Língua Doce ou Amarga
16- Língua Doce ou Amarga
Por Reinaldo Bui
Com a língua, bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da mesma boca procedem benção e maldição. Meus irmãos, isso não pode ser assim. Acaso pode de uma mesma fonte sair água doce e água amarga? Meus irmãos, pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira, figos? Da mesma forma, uma fonte de água salgada não pode produzir água doce (Tg 3.9-12).
Desculpe-me se estou parecendo repetitivo, mas é que este assunto ainda não se esgotou. Ok, se você julga estar livre deste mal, está dispensado da devocional de hoje. Apenas ore por nós, para que também alcancemos a perfeição! Mas para aqueles que sabem que ainda precisam melhorar “um pouquinho,” aí vão mais algumas instruções do Senhor (através de Sua palavra).
A transformação do nosso caráter cristão se dá em vários níveis da vida. Há quem lute contra imoralidade, outros contra ganância, pessimismo, preocupação e assim por diante. Aqueles que assim o fazem já detectaram suas fraquezas e preocupam-se em agradar a Deus. Estas lutas são constantes na vida de um crente fiel e aqui, no capítulo 3, Tiago tem nos mostrado uma área que todos nós precisamos vigiar, pois facilmente podemos estar enganados. Em se tratando do nosso linguajar, geralmente pensamos num sistema de crédito e débito. Achamos que bendizer a Deus e amaldiçoar o homem pode oferecer algum equilíbrio. Explico: se falamos dez coisas boas e uma abobrinha, cremos que ainda temos um saldo positivo de nove frases completas para compensar. Assim, se falo mal de minha sogra, de um colega, reclamo do vizinho, do chefe ou do professor, mas no domingo vou à igreja adorar e cultuar a Deus, então está tudo bem. Não se engane, não há este equilíbrio. Tiago questiona: acaso pode de uma mesma fonte sair água doce e água amarga? Meus irmãos, pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira, figos? A resposta é óbvia. De uma árvore de figos, esperam-se figos, não azeitonas. De uma videira, uvas, não figos. Inversão não é o desejado. Da mesma forma, de uma fonte só pode sair um tipo de água. Se uma fonte de água suja encontra uma de água limpa, esta fica completamente contaminada e compromete sua qualidade. Você beberia desta fonte? Tampouco Deus aceitaria “beber desta água”. Portanto, aquele comentário queixoso, aquela ofensa, xingamento, expressões de desejo e prazer no sofrimento do outro (bem feito...) definitivamente não devem fazer parte do nosso falar diário, pois não é este o esperado. Amaldiçoar destrói o bendizer. Embora muitas vezes não notamos nossa conduta, devemos estar conscientes que todos a nossa volta percebem (pais, irmãos, colegas, vizinhos) e Deus também percebe. Tiago tinha um exemplo muito sério neste particular. Ele havia convivido 30 anos com o irmão, Jesus, que jamais cometeu nenhum erro de fala em casa no relacionamento com os pais e com os irmãos, ou na rua com os amigos durante toda sua infância e adolescência, e mesmo no auge de seu sofrimento sequer ofendeu seus ofensores. Este deve ser o nosso exemplo de vida. Posteriormente, o apóstolo Pedro, que também conviveu com Ele, testemunhou:
Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente... 1Pe 2.21-23
É em Jesus que devemos nos espelhar. Conversão precisa alcançar nosso falar, levar-nos à maturidade, credenciar-nos ao repassar a Palavra a outros. Não se pode ser indiferente a este assunto. Está entre Deus e o Diabo. Não dá para desprezar, é profundamente contagiosa, mas o propósito de Deus para nossa vida depende do controle da nossa língua. Não podemos esquecer do juízo: Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado (Mt 12.36-37).
Leia o devocional anterior:
domingo, março 14, 2010
Paul Washer: Não Conhecemos o Evangelho de Jesus Cristo
Será que você sabe apresentar o evangelho de Jesus Cristo? Abaixo um vídeo que mostra vários questionamentos de Paul Washer a respeito deste assunto.
sábado, março 13, 2010
O Plano de Deus para a Agenda Gay
Por John MacArthur
Fonte: Editora FielSe você tem visto os títulos de manchetes de jornais nos últimos anos, talvez tenha observado o incrível aumento do interesse por afirmar a homossexualidade. Quer esteja no âmago de um escândalo religioso, de corrupção política, de legislação radical e da redefinição do casamento, o interesse homossexual tem caracterizado a América. Isso é uma indicação do sucesso da agenda gay. Mas, infelizmente, quando as pessoas se recusam a reconhecer a pecaminosidade do homossexualismo — chamando o mal bem e o bem, mal (Is 5.20), elas o fazem em prejuízo de muitas almas e, talvez, de si mesmas.
Como você deve reagir ao sucesso da agenda gay? Deve aceitar a tendência recente em direção à tolerância? Ou ficar ao lado daqueles que excluem os homossexuais e condenam com veemência o pecado? A Bíblia nos exorta a um equilíbrio entre o que as pessoas consideram duas reações opostas — condenação e compaixão. De fato, essas duas atitudes juntas são elementos essenciais do amor bíblico, do qual os homossexuais necessitam desesperadamente. Os defensores do homossexualismo têm sido notavelmente eficazes em promover suas interpretações distorcidas de passagens da Bíblia. Quando você pergunta a um homossexual o que a Bíblia diz a respeito da homossexualidade — e muitos deles o sabem — percebe que eles absorveram uma interpretação que não é somente distorcida, mas também completamente irracional. Os argumentos a favor dos homossexuais extraídos da Bíblia são nuvens de fumaça — à medida que nos aproximamos deles, vemos com clareza o que está por trás.
Deus condena a homossexualidade, e isto é muito evidente. Ele se opõe à homossexualidade em todas as épocas. Na época dos patriarcas (Gn 19.1-28), na época da Lei de Moisés (Lv 18.22; 20.13), na época dos Profetas (Ez 16.46-50), na época do Novo Testamento (Rm 1.18-27; 1 Co 6.9-10; Jd 70-8). Por que Deus condena a homossexualidade? Porque ela transtorna o plano fundamental de Deus para as relações humanas — um plano que retrata o relacionamento entre um homem e uma mulher (Gn 2.18-25; Mt 19.4-6; Ef 5.22-33). Então, por que as interpretações homossexuais das Escrituras têm sido tão bem-sucedidas em persuadir inúmeras pessoas? A resposta é simples: as pessoas se deixam convencer. Visto que a Bíblia é tão clara a respeito deste assunto, os pecadores têm resistido à razão e aceitado o erro, a fim de acalmarem a consciência que os acusa (Rm 2.14-16). Conforme disse Jesus: “Os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más” (Jo 3.19-20). Se você é um crente, não deve comprometer o que a Bíblia diz a respeito da homossexualidade — jamais.
Não importa o quanto você deseja ser compassivo para os homossexuais, o seu primeiro amor é ao Senhor e à exaltação da justiça dEle. Os homossexuais se mantêm em rebeldia desafiante contra a vontade de seu Criador, que, desde o princípio, “os fez homem e mulher” (Mt 19.4). Não se deixe intimidar pelos defensores do homossexualismo e por sua argumentação fútil — os argumentos deles não têm conteúdo. Os homossexuais e os que defendem esse pecado estão comprometidos fundamentalmente em transtornar a soberania de Cristo neste mundo. Mas a rebelião deles é inútil, visto que o Espírito Santo afirma: “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Co 6.9-10; cf. Gl 5.19-21). Então, qual a resposta de Deus à agenda homossexual? O julgamento certo e final. Afirmar qualquer outra coisa, além disso, é adulterar a verdade de Deus e enganar aqueles que estão em perigo. Quando você interage com homossexuais e seus simpatizantes, tem de afirmar a condenação bíblica.
Você não está procurando lançar condenação sobre os homossexuais, está tentando trazer convicção, de modo que eles se convertam do pecado e recebam a esperança da salvação para todos nós, pecadores. E isso acontece por meio da fé no Senhor Jesus Cristo. Os homossexuais precisam de salvação. Não precisam de cura — o homossexualismo não é uma doença. Eles não carecem de terapia — o homossexualismo não é uma condição psicológica. Os homossexuais precisam de perdão, porque a homossexualidade é um pecado.
Não sei como aconteceu, mas algumas décadas atrás alguém rotulou os homossexuais com o incorreto vocábulo “gay”. Gay, no inglês, significava uma pessoa feliz, mas posso assegurar-lhe: os homossexuais não são pessoas felizes. Eles procuram felicidade seguindo prazeres destrutivos. Esta é a razão por que Romanos 1.26 chama o desejo homossexual de “paixão infame”. É uma concupiscência que destrói o corpo, corrompe os relacionamentos e traz sofrimento perpétuo à alma — e o seu fim é a morte (Rm 7.5). Os homossexuais estão experimentando o juízo de Deus (Rm 1.24, 26, 28) e, por isso, são infelizes — muito, muito infelizes. 1 Coríntios 6 é bem claro a respeito das consequências eternas que sobrevirão àqueles que praticam a homossexualidade — mas existem boas-novas. Não importa o tipo de pecado, quer seja homossexualidade, quer seja outra prática, Deus oferece perdão, salvação e esperança da vida eterna àqueles que se arrependem e aceitam o evangelho. Depois de identificar os homossexuais como pessoas que não “herdarão o reino de Deus”, Paulo disse: “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.11). O plano de Deus para muitos homossexuais é a salvação. Nos dias de Paulo, havia ex-homossexuais na igreja de Corinto, assim como, em nossos dias, existem muitos ex-homossexuais em minha igreja e em igrejas fiéis ao redor do mundo. Eles ainda lutam contra a tentação homossexual? Com certeza. Que crente não luta contra os pecados de sua vida anterior? Até o grande apóstolo Paulo reconheceu essa luta (Rm 7.14- 25). No entanto, ex-homossexuais assentam-se nos bancos de igrejas bíblicas em todo o mundo e louvam o Senhor, ao lado de ex-fornicadores, ex-idólatras, ex-adúlteros, ex-ladrões, ex-avarentos, ex-beberrões, ex-injuriadores e ex-defraudadores. Lembrem-se: alguns de vocês eram assim.
Qual deve ser a nossa resposta à agenda homossexual? Oferecer-lhe uma resposta bíblica — confrontá-la com a verdade das Escrituras, que condena a homossexualidade e promete castigo eterno para todos os que a praticam. Qual deve ser a nossa resposta ao homossexual? Oferecer-lhe uma resposta bíblica — confrontá-lo com a verdade das Escrituras, que o condena como pecador e lhe mostra a esperança da salvação, por meio do arrependimento e da fé em Jesus Cristo. Permaneçam fiéis ao Senhor, quando reagirem à homossexualidade, honrando a Palavra de Deus e deixando com Ele os resultados.
John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master’s College and Seminary e do ministério “Grace to You”; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.
Consumo de Produtos Piratas no Brasil
Pesquisa revela que 42% dos brasileiros compram piratas
10/10/2007 Fonte: diHITT
Uma pesquisa da Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), em parceria com o Instituto Ipsos, indica que 42% dos brasileiros assumiram que compraram produtos piratas neste ano, mesmo percentual de 2006.
Para a entidade, isso significa que os consumidores desse tipo de mercadoria engrossaram a lista de compras.
Entre o ranking de produtos mais procurados por esses consumidores, o CD ainda figura no primeiro lugar, com 86% das citações, resultado igual ao do ano passado. Em seguida, assim como em 2006, vem o DVD. Só que na comparação anual houve um salto na procura por esse item de 35% para 53%. O consumo de todos os demais produtos também aumentou.
Quase todos os consumidores de produtos piratas (97%) justificou a compra pelo preço mais baixo, contra 93% do ano passado. Subiu de 4% para 6%, o percentual de pessoas que alegaram comprar o ilegal porque ele está disponível antes do original.
Entre os 58% dos entrevistados que afirmaram não ter comprado produtos piratas, os principais motivos alegados foram: qualidade ruim (48%), falta de garantia (16%) e por prejudicar o comércio formal (10%).
A pesquisa também revela que, apesar do alto consumo, os brasileiros reconhecem os malefícios da pirataria. Entre os entrevistados, 84% afirmaram que comprar produtos falsificados prejudica o fabricante ou artista; 81% que alimenta a sonegação de impostos; 80% que prejudica o comércio; 72%, que alimenta o crime organizado; 67% que causa conseqüências negativas para o consumidor e 65% que provoca o desemprego.
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A Revista Consumidor Cristão também publicou um artigo que continha o resultado desta mesma pesquisa (se não me engano). Abaixo algumas frases deste artigo que me chamaram à atenção:
- Os mais jovens e mais estudados formam o grupo que mais compra produto pirata no Brasil;
- Quanto mais elevada a escolaridade, mais casos de compra de piratas;
- O pastor se diz limitado quando o assunto é combate à pirataria, e prefere esperar a justiça divina;
- A indústria de música e cinema,sem dúvida, são as uma das maiores prejudicadas pelo comércio ilegal.
Lembre-se, pirataria é crime e desagrada primeiramente a Deus.
quarta-feira, março 10, 2010
Devocional em Tiago: Domar a Língua
15- Domar a Língua
Por Reinaldo BuiQuando colocamos freios na boca dos cavalos para que eles nos obedeçam, podemos controlar o animal todo. Tomem também como exemplo os navios; embora sejam tão grandes e impelidos por fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto. Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma pequena fagulha. Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniqüidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno. Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar domam-se e é domada pela espécie humana; a língua, porém, ninguém consegue domar. Ela é um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero (Tg 3.3-8).
A conversão verdadeira traz transformação no caráter e no uso da língua. Este é um assunto tão crítico e estratégico que Tiago diz que quem refreia a língua é capaz de refrear todo o corpo. Para ilustrar isto ele utiliza duas figuras: o freio na boca dos cavalos e o leme de um navio. Quando o homem controla estas pequenas coisas ele controla, nestes casos, todo o animal e/ou o navio. Assim é com a nossa língua. Se a controlarmos, estaremos traçando o destino de todo nosso ser. A língua representa você, o que você é, o que você pensa, o que se passa dentro do seu coração. Por ser estratégica, pode afetar positivamente toda a vida, e você só tem a ganhar com seu controle: evita conflitos, constrangimentos, pedidos de perdão, etc. Mas além destas, Tiago utiliza outra figura para ilustrar o estrago que o mau uso da língua pode causar: uma centelha ou uma pequena faísca. Quem já teve a experiência de apagar um incêndio no mato sabe o estrago que aquelas pequenas fagulhas causam. Elas são levadas pelo vento a um local um pouco adiante e ali se inicia um novo foco de incêndio. Nossa língua tem o mesmo poder destrutivo, demonstrando assim seu caráter mundano. Note o que Provérbios diz: 18.21; 13.3; 11.9, 11
- A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.
- O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína.
- O ímpio, com a boca, destrói o próximo, mas os justos são libertados pelo conhecimento.
- Pela bênção que os retos suscitam, a cidade se exalta, mas pela boca dos perversos é derribada.
Colocada entre a mente e o coração, quando damos liberdade a nossa língua para praticar sua corrupção inerente estamos em cumplicidade com Satanás, com as atividades deste mundo e sofreremos as consequências. Deste modo, nada se compara a seu poder destrutivo, é mundana, satânica, afeta todo o ser e a todos os seres por todo o tempo. Um comentário negativo sobre alguma pessoa pode destruí-la e também toda sua geração! Um escritor chamado Morgan Blake escreveu o seguinte sobre este assunto:
“Sou mais mortal do que um ruidoso projétil de morteiro. Venço sem matar. Levo lares ao choro, quebro corações e destruo vidas. Viajo nas asas do vento. Nenhuma inocência é forte o suficiente para intimidar-me, nenhuma pureza é pura o suficiente para atemorizar-me. Não tenho consideração pela verdade, nem tenho respeito pela justiça, nem sou bondoso com os indefesos. Minhas vítimas são numerosas como as areias do mar e comumente são inocentes. Eu nunca esqueço e raramente perdôo. Meu nome é fofoca.”
Queridos, não podemos ficar indiferentes diante deste veneno mortífero que potencialmente carregamos dentro de nós. Somos capazes de dominar toda espécie de animais ferozes, mas não conseguimos refrear a nossa língua? É aqui que precisamos parar de tentar agir com nossas próprias forças (que força?) e entregar nossos corpos (incluindo a língua) como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Uma fé verdadeira e consciente apresenta também este tipo de testemunho: era fofoqueira, passou a falar só do bem que pode ser falado; era ofensivo, mas se tornou dócil e terno; era murmurador e passou a dar graças a todas as coisas.
Veja o devocional anterior:
terça-feira, março 09, 2010
Devocional em Tiago: Tropeçar na Língua
14- Tropeçar na Língua
Por Reinaldo BuiMeus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor. Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo (Tg 3.1-2).
Lembre-se que esta carta está apresentando testes comprobatórios da verdadeira fé. No capitulo um Tiago nos ensina que o verdadeiro cristão suporta o sofrimento, luta para vencer as tentações, deseja a Palavra e é obediente. No capítulo dois nos mostra que não devemos discriminar ninguém, mas ser compassivo. Agora, no capitulo três, passa a desenvolver o que talvez seja o principal assunto desta carta, pois em todos os capítulos ele fala deste assunto: o uso da nossa língua. Em 1.19 já havia dito para sermos prontos para ouvir e tardio para falar (talvez por isso nascemos com dois ouvidos e uma boca, dizem, para ouvirmos mais do que falamos), e no versículo 26 do mesmo capitulo diz que religiosidade sem o controle da língua é igual a nada.
Aqui, Tiago demonstra que a língua é estratégica e perigosa, pelo fato de estar colocada em um lugar tão molhado e, por conseguinte escorregadio. Cuidado! O assunto é tão sério que Deus a posicionou atrás dos dentes como numa prisão. Como seria bom se consagrássemos não apenas nossa língua, mas também nossos dentes para mordê-la quando fosse preciso. Imagine que verdadeira bênção seria. O primeiro pecado após a queda envolveu um tropeço do falar (Gn 3.12), e a partir daí vemos a expressão da perversidade humana cada vez mais acentuada e perpetuada neste mal (Rm 3.10-14). Nenhum de nós foge desta condenação, esta é a realidade de todos. Note que Tiago escreve no v.2: todos nós tropeçamos. Assim, encontramos pessoas que mentem, justificam seus erros com falsidade, dão versões inadequadas às situações para se beneficiar, zombam do próximo para se mostrar mais engraçadas, passam a vida a “espalhar” notícias sobre a vida alheia (por mais verdadeiras que sejam) com a intenção de denegrir a imagem do outro, e assim por diante. Estas são apenas algumas proezas que nossa língua é capaz de produzir. A língua permite pecar especificamente. Você pode ser violento ou agressivo contra alguma pessoa. Assassinar alguém, desde que tenha uma arma e uma vítima. Cometer adultério desde que tenha alguém e certas condições. A língua não depende de nada disto. A pessoa não precisa nem estar presente e você é capaz de destruí-la, sem que ela sequer possa se defender. Além disto, não há limite de idade para este mal. Uma pessoa violenta com o tempo perde suas forças e deixa de ser, assim também acontece com a pessoa promíscua. Mas com a língua é diferente: pode ser uma velhinha fraquinha, toda arcada e enrugada, mas se sua língua estiver funcionando...
A nossa conversão não muda a nossa conduta imediata e totalmente. Como uma criança que nasce, embora tenha a natureza de seus pais, semelhança, etc, ela precisará de tempo para que tenha as marcas presentes. Ao aceitarmos a Cristo, sua Palavra foi implantada, e nova vida surgiu, sem que a outra fosse totalmente destruída. Paulo diz que o querer do bem está nós, sem poder efetuá-lo. Não acredite que um crente não peca mais (leia 1Jo 1.8,10). Todos tropeçamos (v.2), e o primeiro passo para a correção é reconhecer. Temos escolhas a fazer no dia a dia e devemos ser aperfeiçoados. Não é possível viver verdadeira espiritualidade sem que haja controle da língua, ser espiritual, religioso, carola, sem que haja mudança no falar. A língua é a expressão mais direta do coração, ela reflete o que há no nosso interior. O Senhor Jesus conhece a natureza humana:
Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e, depois, é lançado em lugar escuso? Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem... (Mt 15.17-19)
Não podemos ser negligentes considerando o que falamos como menos importante. A quem nós queremos enganar? O domínio da língua indica a nossa própria maturidade.
Veja o devocional anterior:
segunda-feira, março 08, 2010
Devocional em Tiago: Obras da Fé
13- Obras da Fé
Por Reinaldo Bui
Insensato! Quer certificar-se de que a fé sem obras é inútil? Não foi Abraão, nosso antepassado, justificado por obras, quando ofereceu seu filho Isaque sobre o altar? Você pode ver que tanto a fé como as suas obras estavam atuando juntas, e a fé foi aperfeiçoada pelas obras, cumprindo-se assim a Escritura que diz: Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça, e ele foi chamado amigo de Deus. Vejam que uma pessoa é justiçada por obras e não apenas pela fé. Caso semelhante é o de Raabe, a prostituta: não foi ela justificada pelas obras, quando acolheu os espias e os fez sair por outro caminho? Assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem obras está morta (Tg 2.20-26).
Já vimos as distinções necessárias para entendermos esta passagem, conciliando-a com o apóstolo Paulo. Tiago não está questionando a salvação pela fé somente, acrescentando obras, mas está afirmando que a fé genuína repercute em obras, ou seja, as provas de autenticidade da nossa fé partem de uma verdadeira confissão e se manifestam externamente. Podemos provar esta realidade nos dois exemplos que Tiago cita: Abraão e Raabe. Ambos declararam através de suas obras (procedimento não verbal) aquilo que criam. Pode ser que nossas ações estejam tão fora de sintonia com nossa confissão que faz com que esta se torne nula e vazia, por isso devemos nos examinar diariamente. Se um diagnóstico médico equivocado pode ser tão prejudicial a nossa saúde e vida física, quanto mais um diagnóstico errado de nossa fé e conduta? Como podemos então nos avaliar? Veja por exemplo que Tiago demonstra a importância da bondade e compaixão por pessoas em sua carta. Ele menciona o socorro aos necessitados (1.27), e fala do tratamento igual que devemos ter independentemente da condição social, financeira, e isto vale para étnica, intelectual e cultural (2.1-13). São coisas simples, mas estas pequenas coisas revelam grandes verdades. Este espírito solidário e bondoso com os demais é coerente com o caráter de Deus (2.5). Suponha que haja na sua igreja alguns irmãos passando necessidade de alimento e roupa. O que você faz? É possível que você nem queira saber para não correr o risco de ter que ajudar. Então preste atenção ao que Provérbios 29.7 diz: o justo se informa da causa dos pobres, mas o perverso de nada disso quer saber. Só o não querer se informar da necessidade alheia já é uma atitude egoísta e mesquinha, tachada como perversa pelas Escrituras. Pode ser ainda que você queira demonstrar um pouco mais de compaixão com o irmão e diga: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo... qual é o proveito disso? (v.16). Tiago questiona a validade desta atitude hipócrita! Há ainda os mais espirituais que levantam um grande clamor ao Senhor em prol da necessidade que nosso próximo se encontra, sem considerar o pecado de jogar sobre os ombros de Deus uma responsabilidade que é nossa. O apóstolo João escreve em sua primeira carta:
Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade (1Jo 3.16-18).
Repare que gastamos tanto tempo medindo nossas emoções na frente da televisão nas novelas e dramas fictícios e não nos sensibilizamos com as necessidades do nosso vizinho, parentes e irmãos. Viva a realidade e não auto-centrado em um mundo de ficção e fantasia. A indústria do entretenimento lucra à medida que o mundo padece. Precisamos sair do casulo egocêntrico, virtual e fantasioso e encarar a realidade da vida à nossa volta, expressando a bondade de Deus em ações concretas. Pense: o que Deus quer de você? Identifique um ponto em sua vida que você está objetivamente ignorando ou desobedecendo a Deus. Faça como Abraão: Coloque no altar aquilo que você possui de mais valioso. Além disto, identifique um necessitado acerca de quem você possa se informar e estabeleça uma forma possível de você ajudá-lo. Faça a diferença.
Veja a mensagem anterior:
domingo, março 07, 2010
Era ou não Samuel? (1Sm 28.7-25)
Uma frequente discussão entre evangélicos é se era ou não Samuel quem estivera presente no episódio de Saul e a médium de En-Dor. Abaixo o texto bíblico (NVI) e então, um trecho da apostila de Teologia Bíblica do Antigo Testamento (TBAT), por Carlos Osvaldo, que eu creio ter escrito muito bem sobre este tema. O negrito no texto é meu.
7 Então Saul disse aos seus auxiliares: "Procurem uma mulher que invoca espíritos, para que eu a consulte". Eles disseram: "Existe uma em En-Dor".8 Saul então se disfarçou, vestindo outras roupas, e foi à noite, com dois homens, até a casa da mulher. Ele disse a ela: "Invoque um espírito para mim, fazendo subir aquele cujo nome eu disser".9 A mulher, porém, lhe disse: "Certamente você sabe o que Saul fez. Ele eliminou os médiuns e os que consultam os espíritos da terra de Israel. Por que você está preparando uma armadilha contra mim, que me levará à morte?"10 Saul jurou-lhe pelo SENHOR: "Juro pelo nome do SENHOR que você não será punida por isso". 11 "Quem devo fazer subir?", perguntou a mulher. Ele respondeu: "Samuel". 12 Quando a mulher viu Samuel, gritou e disse a Saul: "Por que me enganaste? Tu mesmo és Saul!" 13 O rei lhe disse: "Não tenha medo. O que você está vendo?" A mulher respondeu: "Vejo um ser que sobe do chão".14 Ele perguntou: "Qual a aparência dele?" E disse ela: "Um ancião vestindo um manto está subindo". Então Saul ficou sabendo que era Samuel, inclinou-se e prostrou-se, rosto em terra. 15 Samuel perguntou a Saul: "Por que você me perturbou, fazendo-me subir?" Respondeu Saul: "Estou muito angustiado. Os filisteus estão me atacando e Deus se afastou de mim. Ele já não responde nem por profetas nem por sonhos; por isso te chamei para me dizeres o que fazer". 16 Disse Samuel: "Por que você me chamou, já que o SENHOR se afastou de você e se tornou seu inimigo? 17 O SENHOR fez o que predisse por meu intermédio: rasgou de suas mãos o reino e o deu a seu próximo, a Davi. 18 Porque você não obedeceu ao SENHOR nem executou a grande ira dele contra os amalequitas, ele lhe faz isso hoje. 19 O SENHOR entregará você e o povo de Israel nas mãos dos filisteus, e amanhã você e seus filhos estarão comigo. O SENHOR também entregará o exército de Israel nas mãos dos filisteus". 20 Na mesma hora Saul caiu estendido no chão, aterrorizado pelas palavras de Samuel. Suas forças se esgotaram, pois ele tinha passado todo aquele dia e toda aquela noite sem comer. 21 Quando a mulher se aproximou de Saul e viu que ele estava profundamente perturbado, disse: "Olha, tua serva te obedeceu. Arrisquei minha vida e fiz o que me ordenaste. 22 Agora, por favor, ouve tua serva e come um pouco para que tenhas forças para seguir teu caminho".23 Ele recusou e disse: "Não vou comer". Seus homens, porém, insistiram com ele, e a mulher também; e ele os atendeu. Ele se levantou do chão e sentou-se na cama. 24 A mulher matou depressa um bezerro gordo que tinha em casa; apanhou um pouco de farinha, amassou-a e assou pão sem fermento. 25 Então ela serviu a Saul e a seus homens, e eles comeram. E naquela mesma noite eles partiram.
Este famoso incidente é uma fonte de perplexidade para os evangélicos e uma falsa mina de ouro para os chamados espiritualistas. Estes, buscam aqui apoio para o mediunismo, entendendo que a médium foi capaz de trazer Samuel dos mortos. A reação da médium (v.12), todavia, revela o terror de que foi possuída quando percebeu que a aparição não era aquela à qual estava acostumada, fosse essa um ambuste ou uma manifestação demoníaca. Além disso, o conteúdo dessa entrevista fere frontalmente o perfil psicológico das sessões espiritas, onde o tom é sempre de conforto, de reafirmação e otimismo.
Já os evangélicos insistem em que não poderia ser Samuel pois sua aparição violaria o mandamento de não consultar os mortos (Lv 20.27; Dt 18.10-12). Argumentam ainda, que o relato de 1 Samuel 28.7-25 é resultado do testemunho ocular dos servos de Saul, que eram supersticiosos e indignos de confiança. (1Sm 21.7; 26.6). O relato, portanto, seria incorreto. Argumentam ainda, à luz da história do rico e Lázaro (Lc 16.20-31), que Samuel não poderia ter voltado, porque Jesus declarou que tal volta é impossível. Um último argumento é que a profecia e a cronologia descritas na entrevista de En-Dor não se cumpriram, pois o Espírito anunciara a morte de Saul e de todos os seus filhos no dia seguinte. Esta última não teria se cumprido porque há um intervalo de pelo menos três dias entre o encontro com a médium e a morte de Saul. Além disso, alegam alguns estudiosos evangélicos, os filhos de Saul não morreram todos no combate.
Uma outra abordagem me parece mais convincente. Em primeiro lugar, manter a integridade da narrativa ao invés de rebaixar este capítulo a uma espécie de sub-inspiração. Quando opiniões ou relatos errôneos são inseridos na narrativa bíblica os autores cuidam para que haja alguma indicação de que tal ocorreu (cf. a mulher de Tecoa em 2Sm 14). Em segundo lugar, reconhecendo que há claras proibições divinas quanto à necromancia, e que a norma é a impossibilidade de retorno dos espíritos dos mortos, percebemos também que Deus, em Sua soberana vontade, suspende temporariamente algumas de Suas leis, desde que isso não fira Seu caráter santo. Assim é que, apesar de estar "ordenado aos homens morrer uma única vez, e depois disso o juizo" (Hb 9.27), o filho da sunamita, a filha de Jairo e Lázaro de Betânia (entre outros) foram ressuscitados em seus corpos naturais e morreram pela segunda vez! Isso se aplica também ao fato de Deus ter permitido que Samuel aparecesse para cumprir Seus soberanos propósitos nas vidas de Saul e Davi.
Em terceiro lugar, algumas "pistas" do autor de Samuel, que foi guiado pelo Espírito Santo (2Pe 1.20-21), sugerem que Deus usou sua narrativa para deixar clara aos leitores a completa rejeição de Saul. A menção ao manto (em hebraico me'il) nos remete ao incidente da rejeição (cf. 15.27-28), que foi anunciado de modo absoluto e inescapável em 28.17. As palavras e os objetos aqui mencionados espelham o incidente do manto rasgado, em que Samuel anuncia que o reino seria arrancado das mão de Saul. A mensagem é clara: Saul já passou do ponto de retorno, não há mais esperança. Ninguém, nem os vivos nem os mortos, poderá ajudá-lo a escapar do juízo de Deus. Esta mensagem por si só já elimina a acusação falsa de que defender a aparição de Samuel é declarar que o espiritismo é aceitável. Algumas vezes Deus permite o erro para ensinar mais dramaticamente as suas terríveis consequências.
Em quarto lugar, a acusação de imprecisão histórica revela pouca sensibilidade ao estilo de narrativa de 1 e 2 Samuel, que alterna Saul e Davi para fazer contrastes entre o rei rejeitado e o rei aprovado. Nesta divisão, por exemplo, Saul não obtem qualquer resposta de Deus (pois havia expulso o sumo sacerdote e rejeitado os profetas), ao passo que Davi tem comunicação frequente e positiva com o Senhor (30.7-8). Assim, dizer que Samuel errou a predição pois Saul não teria morrido senão três dias depois da famosa entrevista é ignorar o uso frequente de contraste, não de cronologia, como o princípio dominante da narrativa. Os três dias são referentes a Davi, e dizem respeito ao que aconteceu entre os filisteus enquanto Saul preparava seu exército próximo aomonte Giboa. En-Dor ficava a uma distância pequena da cena de batalha, e Saul teria facilmente voltado às suas linhas a tempo para a batalha fatídica. De passagem, ele teve de atravessar as linhas inimigas, o que mostra que, apesar de desesperado, não era covarde nem estava mentalmente incapacitado. Quanto aos filhos de Saul, Samuel não afirmou que TODOS morreriam, incorrendo assim um erro. Somente quem já pressupõe falsidade da narrativa é que vê a afirmação do profeta abrangendo todos os filho de Saul. Um conhecimento mais preciso de história ajudaria a entender que os monarcas não levavam todos os filhos à batalha, evitando assim a extinção da dinastia.
Por fim, o suposto argumento teológico de Samuel não teria dito a Saul que este se acharia no mesmo lugar que ele, dada a condição espiritual de cada um, revela insensibilidade ao progresso da revelação. Mesmo adimitindo que Samuel já estivesse no seio de Abraão (i.e., em comunhão com Abraão [e Deus]), a narativa histórica foi feita de acordo com a revelação concedida por Deus naquela época, que apesar de correta, era incompleta. Saul estaria com Samuel na mesma esfera de existência, que o Antigo Testamento descreve como SHEOL. Estabelecer uma definição teológica absoluta nesta passagem é impor a teologia do Novo Testamento, em lugar de deixar esta último falar por si. Tal colocação revela outra pressuposição tradicional entre evangélicos: a de que Saul não podria ir para o "céu," por ter cometido suicídio, questão que permanece aberta a discussão.
À luz destas observações, é possível concluir que Samuel de fato apareceu, soberanamente enviado por Deus para revelar Sua inflexível determinação de julgar Saul por sua rebeldia. A passagem de maneira nenhuma ensina que tal prática é aceitável perante Deus ou que possa repetir-se hoje. Ensina, isto sim, que a obediência a Deus não é uma questão de conveniência humana; quem escolhe adiar a obediência,na esperança de um tempo mais apropriado ou de circunstâncias mais convenientes, poderá se arrepender amarga e eternamente de tal escolha.
Fonte:
PINTO, Carlos Osvaldo. Telogia Bíblica do Antigo Testamento I. Apostila preparada para os alunos do Seminário Bíblico Palavra da Vida (SBPV), 2006.
sábado, março 06, 2010
Devocional em Tiago: Fé Sem Obras
12- Fé Sem Obras
Por Reinaldo BuiDe que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia, e um de vocês lhe disser: Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até ficar satisfeito, sem, porém lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, estará morta. Mas alguém dirá: Você tem fé, eu tenho obras. Mostra-me sua fé sem obras e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras. Você crê que existe um só Deus? Muito bem, até mesmo os demônios crêem - e tremem (Tg 2.14-19).
Como administrar um possível erro ou discordância dentro da Bíblia? Se cada escritor da Bíblia desse sua própria ideia, então a credibilidade das Escrituras estaria comprometida. Lutero lutou contra este trecho da carta (chegando a chamá-la de epístola de palha), pois a igreja católica defendia por esta passagem a ideia de salvação pelas obras. Aparentemente há um choque com o que Paulo escreve em Romanos 3.28, onde argumenta que a justificação é exclusivamente por fé. Digo aparentemente, pois quando entendemos a mensagem de Tiago compreendemos que está em plena harmonia com a de Paulo. Precisamos entender que o assunto central deste capítulo não é obras, mas fé, com ou sem obras, e isto fica claro quando lemos os versículos 1, 5, 14, 17, 19, 20 e 22 deste capítulo. Tiago não está questionando outra coisa, se não, tipos de fé. Precisamos lembrar que os apóstolos estavam familiarizados com (e pregavam!) a doutrina da salvação pela fé. O que é ela? É a confiança de que podemos nos chegar a Deus somente por ação divina, ou seja, Cristo pagou nossos pecados, e por crer na suficiência da Sua obra, somos declarados justos. Paulo deixa isto muito bem claro em Romanos 5.1. O que Tiago questiona em sua carta é: se a fé que você declara ter não traz implicações na sua vida (v. 14), tem ela poder para salvar? Ele chama esta fé de “morta” (v. 17 e 26), inoperante (v. 20) e chega a comparar ao mesmo tipo de fé dos demônios (v. 19). Ele não está questionando a salvação pela fé, mas sim a fé estática, sem obras, diferente da fé genuína que vai muito além de ser de conversa, declaração, etc. Tiago questiona não a fé em si, mas uma fé específica, e afirma que se não há manifestações na vida, esta já é uma evidência de uma falsa fé.
A genuína fé leva primeiramente a aceitação por Deus do homem como justo, para depois ir sendo aperfeiçoado dia a dia. Não fomos salvos pelas obras, mas fomos salvos para andarmos nas obras que Deus preparou de antemão para nós. Da mesma forma, de nada adiantará vivermos mergulhados em boas obras (caridade), se não cremos que é Deus quem nos justifica independentemente das obras. Esta idéia está em pleno acordo com o que Paulo escreve em Efésios 2.8-10:
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.
Estou cada vez mais convencido de que estamos aqui (neste mundo) para fazer diferença na vida de outras pessoas. Por isso, precisamos trabalhar enquanto é dia! Lembre-se:
1. Seu testemunho é importantíssimo;
2. Suas ações podem falar mais alto do que imagina.
Veja o texto anterior:
sexta-feira, março 05, 2010
Devocional em Tiago: A Quem Deus Escolhe
11- A Quem Deus Escolhe
Por Reinaldo BuiOuçam, meus amados irmãos: Não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que Ele prometeu os que o amam? Mas vocês têm desprezado o pobre. Não são os ricos que oprimem vocês? Não são eles que os arrastam para os tribunais? Não são eles que difamam o bom nome que sobre vocês foi invocado? Se vocês, de fato, obedecerem à lei real encontrada na Escritura, que diz: ‘Amarás a teu próximo como a ti mesmo’, estarão agindo corretamente. Mas se fizerem acepção de pessoas, cometerão pecado e serão condenados pela lei como transgressores. Pois quem obedece toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado por quebrá-la inteiramente. Pois Aquele que disse: ‘Não adulterarás’, também disse: ‘Não matarás’. Se você não comete adultério, mas comete assassinato, torna-se transgressor da Lei. Falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade, porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso. A misericórdia triunfa sobre o juízo! (Tg 2.5-13.)
Se o problema de discriminação fosse tão evidente na igreja de Jerusalém talvez Tiago precisasse gastar um pouco mais de pergaminho para abordar o assunto. Ainda que não seja o seu caso ou não aconteça na sua igreja como acontecia com nossos irmãos no passado, considere a gravidade de se quebrar este princípio da igualdade. Neste texto, Tiago lança mão de alguns argumentos para estimular os crentes a não fazer diferença entre as pessoas. O primeiro diz respeito à incoerência da nossa escolha. Já parou para pensar no porque tendemos a escolher o rico em detrimento do pobre? Embora Deus tenha criado ambos, Ele dá preferência ao pobre por este ser rico em fé, enquanto o rico confia na instabilidade da sua riqueza. Jesus chocou seus discípulos quando afirmou que era mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus porque havia naquela época um consenso que o sujeito era rico porque era abençoado por Deus, enquanto o pobre era desprezado por Ele ou estava debaixo de alguma maldição. É diferente de hoje? Amamos a riqueza, portanto amamos o rico porque este reflete o que queremos para nós. Jesus nos deixou um ‘novo mandamento’ que é “Amar o próximo como Ele nos amou”. Portanto a referência não somos nós ou nossos desejos, mas o amor de Cristo.
O segundo argumento diz respeito a transgredir a Lei. Precisamos compreender que matar, para o judeu, não significava pôr fim à existência, mas cortar comunhão ou relacionamento. Assim, morte espiritual é a quebra de relacionamento com Deus, como morte física é a quebra do relacionamento com o mundo dos viventes. Creio que Tiago utiliza uma metáfora entre a comunhão e estes dois pecados (adultério e assassinato) para frisar quão grave é a discriminação, comparável com o segundo.
O terceiro argumento apela para o juízo e a misericórdia. Podemos entender misericórdia em três níveis:
1. Sentimento ou desejo de ajudar quem sofre ou encontra-se numa posição desprivilegiada;
2. Ato concreto de manifestação deste sentimento (pode ser perdão, clemência,...);
3. Benefício que se presta a um sofredor (através de um auxílio).
A misericórdia de Deus para conosco é plena, ou seja, abrange todos os níveis. Misericórdia significa que não recebemos aquilo que merecíamos. Além disto, fomos agraciados por Ele. Graça significa que recebemos aquilo que não merecemos. Quando não acudimos o necessitado simplesmente menosprezando-o, estamos demonstrando claramente falta de misericórdia. Portanto, Tiago completa, falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade. Se lembrarmos que na lei da liberdade somos livres para amar e para servir, provavelmente nosso justo Juiz perguntará: Por que você não amou? Por que não serviu? Por que não usou de misericórdia como fiz com você, pois tinha toda a liberdade do mundo para fazê-lo? Não, não seremos condenados por isto, mas profundamente envergonhados diante daquele que é rico em nos perdoar, sabe todas as coisas e sonda os nossos corações.
Veja o devocional anterior:
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