terça-feira, março 09, 2010

Devocional em Tiago: Tropeçar na Língua

14- Tropeçar na Língua
Por Reinaldo Bui

Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor. Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo (Tg 3.1-2).

Lembre-se que esta carta está apresentando testes comprobatórios da verdadeira fé. No capitulo um Tiago nos ensina que o verdadeiro cristão suporta o sofrimento, luta para vencer as tentações, deseja a Palavra e é obediente. No capítulo dois nos mostra que não devemos discriminar ninguém, mas ser compassivo. Agora, no capitulo três, passa a desenvolver o que talvez seja o principal assunto desta carta, pois em todos os capítulos ele fala deste assunto: o uso da nossa língua. Em 1.19 já havia dito para sermos prontos para ouvir e tardio para falar (talvez por isso nascemos com dois ouvidos e uma boca, dizem, para ouvirmos mais do que falamos), e no versículo 26 do mesmo capitulo diz que religiosidade sem o controle da língua é igual a nada.

Aqui, Tiago demonstra que a língua é estratégica e perigosa, pelo fato de estar colocada em um lugar tão molhado e, por conseguinte escorregadio. Cuidado! O assunto é tão sério que Deus a posicionou atrás dos dentes como numa prisão. Como seria bom se consagrássemos não apenas nossa língua, mas também nossos dentes para mordê-la quando fosse preciso. Imagine que verdadeira bênção seria. O primeiro pecado após a queda envolveu um tropeço do falar (Gn 3.12), e a partir daí vemos a expressão da perversidade humana cada vez mais acentuada e perpetuada neste mal (Rm 3.10-14). Nenhum de nós foge desta condenação, esta é a realidade de todos. Note que Tiago escreve no v.2: todos nós tropeçamos. Assim, encontramos pessoas que mentem, justificam seus erros com falsidade, dão versões inadequadas às situações para se beneficiar, zombam do próximo para se mostrar mais engraçadas, passam a vida a “espalhar” notícias sobre a vida alheia (por mais verdadeiras que sejam) com a intenção de denegrir a imagem do outro, e assim por diante. Estas são apenas algumas proezas que nossa língua é capaz de produzir. A língua permite pecar especificamente. Você pode ser violento ou agressivo contra alguma pessoa. Assassinar alguém, desde que tenha uma arma e uma vítima. Cometer adultério desde que tenha alguém e certas condições. A língua não depende de nada disto. A pessoa não precisa nem estar presente e você é capaz de destruí-la, sem que ela sequer possa se defender. Além disto, não há limite de idade para este mal. Uma pessoa violenta com o tempo perde suas forças e deixa de ser, assim também acontece com a pessoa promíscua. Mas com a língua é diferente: pode ser uma velhinha fraquinha, toda arcada e enrugada, mas se sua língua estiver funcionando...

A nossa conversão não muda a nossa conduta imediata e totalmente. Como uma criança que nasce, embora tenha a natureza de seus pais, semelhança, etc, ela precisará de tempo para que tenha as marcas presentes. Ao aceitarmos a Cristo, sua Palavra foi implantada, e nova vida surgiu, sem que a outra fosse totalmente destruída. Paulo diz que o querer do bem está nós, sem poder efetuá-lo. Não acredite que um crente não peca mais (leia 1Jo 1.8,10). Todos tropeçamos (v.2), e o primeiro passo para a correção é reconhecer. Temos escolhas a fazer no dia a dia e devemos ser aperfeiçoados. Não é possível viver verdadeira espiritualidade sem que haja controle da língua, ser espiritual, religioso, carola, sem que haja mudança no falar. A língua é a expressão mais direta do coração, ela reflete o que há no nosso interior. O Senhor Jesus conhece a natureza humana:

Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e, depois, é lançado em lugar escuso? Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem... (Mt 15.17-19)

Não podemos ser negligentes considerando o que falamos como menos importante. A quem nós queremos enganar? O domínio da língua indica a nossa própria maturidade.

Veja o devocional anterior:

Nenhum comentário:

Postar um comentário