21- Dinheiro para Maldição
por Reinaldo Bui
Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão. As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça; o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias. Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Tendes vivido regaladamente sobre a terra; tendes vivido nos prazeres; tendes engordado o vosso coração, em dia de matança; tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos faça resistência (Tg 5.1-6).
Entramos no capítulo cinco. A esta altura, é bom lembrar que há uma verdade central que permeia toda esta epístola: Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos (1.22). Ao longo da carta, Tiago insiste na ideia que conhecimento deve ser transformado em procedimento humilde, como escreve: quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras (3.13). Esta exortação deve ser aplicada em todas as áreas da nossa existência, seja no relacionamento com o mundo ou com os irmãos, seja no nosso linguajar, nosso planejamento, e assim por diante. Tiago agora passa a abordar outro tema crucial à nossa vida: a questão econômica. É tolice agirmos tão autoconfiantes na forma como administramos nosso dinheiro classificando este assunto como menos espiritual. Dinheiro é um tema amplamente tratado nas Escrituras.
Lendo esta passagem, pode ser que você diga: ‘Ainda bem que eu não sou rico, isto não é comigo!’ Será que não? Como podemos classificar quem são os ricos aqui? Talvez você não tenha tanto dinheiro quanto gostaria de ter. Ou talvez não seja tão rico quanto o Silvio Santos... Mas pense que assim como existem homens muito mais ricos do que ele, existem também muito mais pobres que você. Dependendo da perspectiva, você é rico sim, então esta palavra é para você. Não há nada de errado em ser rico, e não é contra isso que esta passagem trata, mas há uma linha tênue quando se trata de finanças, pois elas revelam muito sobre o nosso coração: nossa atitude com finanças rege nosso coração, ou seja, nossa atitude com o dinheiro tem poder de desqualificar nossa fé em Deus. Em Mateus 6.19-21, 24 Jesus fala da impossibilidade de servir a Deus e às riquezas. Mas, na prática, quando é que servimos o dinheiro antes de Deus? Podemos ver nesta passagem que Tiago mostra três pecados relativos a finanças que nos colocam sob o juízo de Deus.
O primeiro é o pecado da remuneração injusta.
Alguns crentes tinham trabalhadores em seus campos e estavam retendo parte do seu salário para obter mais lucro. Trazendo para a nossa realidade, equivale a pagar um salário menor para um trabalhador (talvez a faxineira da sua casa) explorando-o por conta da sua necessidade, ou até deixar de registrá-lo e pagar seus encargos sociais ‘para não ficar muito caro.’ Saiba que o clamor deste trabalhador chegará diante do Senhor e é Ele quem pleiteará esta causa. Todo ganho deve ser honesto, e deve ser pago todo débito honesto.
O segundo pecado é o do consumismo.
Assim como os crentes daquela época, há hoje os que vivem regaladamente, utilizando seus recursos apenas para sustentar seu conforto e bem estar. Pode ter certeza que qualquer um aqui tem uma lista pronta daquilo que compraria para si caso ganhasse uma grana extra! Ao invés disto, devemos ser condescendentes e generosos com o Senhor e não conosco mesmo. Nossa vida pertence a Ele. Opulência, auto-indulgência e consumismo revelam melhor que tudo a quem a pessoa ama e serve.
Terceiro pecado, o acúmulo de riquezas.
Ao contrário do que prega a teologia da prosperidade tão difundida e aceita nas igrejas hoje em dia, Tiago mostra que este acúmulo (bênçãos para alguns) se corrompe e uma vez corrompido, de nada vale. O dinheiro que Deus põe em nossas mãos tem um propósito, que não é nossa ostentação! Nossa preocupação, acima de tudo, deve ser com a expansão do Reino de Deus. Somos agentes de Deus a quem Deus confere seus recursos para administrarmos não como donos, mas mordomos.
Veja o devocional anterior:
Nenhum comentário:
Postar um comentário