terça-feira, setembro 28, 2010

Como Lidar Biblicamente com o Passado?

Por Steve Viars 

Passado é um assunto que desperta o interesse. Crentes e incrédulos falam sobre as feridas do passado, os abusos do passado e as memórias dolorosas do passado. Líderes cristãos, psicólogos, a mídia, e até os astros do cinema, parecem centrar a atenção em como lidar com esta área da vida para benefício próprio ou de outros. 

Entre aqueles que participam da discussão sobre o passado, muitos buscam em fontes alheias à palavra suficiente de Deus, a Bíblia, as respostas para essa área que diz respeito ao homem interior. Eles contribuem para aumentar a confusão no meio cristão. Neste artigo, buscamos apresentar respostas bíblicas concisas para quatro perguntas importantes a respeito do passado. 

O meu passado afeta o presente e o futuro? 

Conquanto o mundo ao nosso redor erre em dizer que “o passado é tudo”, a Igreja não deve assumir a posição de que o “passado é nada”. A Palavra de Deus revela-nos com clareza que o passado de uma pessoa pode afetar profundamente seu presente e futuro. A Bíblia usa, no mínimo, três maneiras para nos esclarecer acerca do passado. 

Primeiro, a Bíblia fala por meio de afirmações diretas. Gálatas 6.7 diz: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”. 

Segundo, a Palavra de Deus revela por meio de princípios claros que o passado de uma pessoa pode afetar seu futuro. O livro de Provérbios, por exemplo, argumenta repetidamente que se uma pessoa fizer “tal coisa” agora (no presente, que mais adiante será o seu passado), “tal coisa” acontecerá no futuro. “Por uma prostituta o máximo que se paga é um pedaço de pão, mas a adúltera anda à caça de vida preciosa.” (Pv 6.26) 

Por último, a Bíblia fala do passado por meio de narrativas. As várias narrativas que encontramos nas Escrituras permitem ter uma visão panorâmica da vida de personagens bíblicos e perceber como as escolhas e ações do passado afetam o futuro. 

Sem dúvida, a Palavra de Deus ensina que o passado de uma pessoa afeta o seu presente e futuro. Não podemos chegar a conclusões semelhantes às do mundo ao nosso redor, mas também não devemos ignorar a importância do passado e suas implicações para o processo de santificação. 

Eu não estaria melhor sem lembrar o meu passado? 

Quando alguém levanta o assunto passado, geralmente o faz de maneira negativa. O passado é apresentado como turbulento, doloroso, ligado a estragos e feridas, quase como se Deus tivesse sido cruel para conosco dando-nos a capacidade de lembrar. Por aquilo que alguns dizem, a solução ideal parece ser uma enorme máquina pela qual os crentes pudessem passar e ter a memória completamente apagada. O passado é visto como um grande peso, um inimigo cruel, um capataz malvado. 

A perspectiva bíblica é completamente diferente. A memória é um dom do Criador. O Senhor criou seus filhos especificamente com a capacidade de lembrar, e o passado pode ser de grande benefício espiritual para nós. Veja alguns exemplos: 

(1) O passado nos ajuda a enfrentar os desafios com força e confiança.
“Disse mais Davi: O SENHOR me livrou das garras do leão e das do urso; ele me livrará das mãos deste filisteu. Então, disse Saul a Davi: Vai-te, e o SENHOR seja contigo.” (1Sm 17.37)

(2) O passado nos ajuda a lidar com as provações.
“...temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?”(Jó 2.10) 

(3) O passado nos ajuda em direção ao arrependimento.
“Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.” (Ap 2.5) 

(4) O passado nos mantém humildes.
“Lembrai-vos e não vos esqueçais de que muito provocastes à ira o SENHOR, vosso Deus, no deserto; desde o dia em que saístes do Egito até que chegastes a este lugar, rebeldes fostes contra o SENHOR.” (Dt 9.7) 

(5) O passado nos ajuda a perdoar.
“Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?”(Mt 18.32-33) 

O fato é que enquanto o mundo ao nosso redor costuma falar sobre o passado de um ponto de vista negativo, as Escrituras mostram de várias maneiras que o passado pode ser de grande ajuda no processo de crescimento que Deus está operando em nós. 

Devo olhar para o meu passado como um grande todo? 

Embora o passado de uma pessoa possa ser de grande benefício para o processo de santificação, ele também pode ser bastante prejudicial se não for tratado biblicamente. Boa parte da confusão origina-se em falharmos na divisão deste assunto em categorias bíblicas. Quando falamos no passado, uma das perguntas fundamentais deve ser: “Você está falando sobre o passado em que foi culpado ou inocente?”. 

A Bíblia tem respostas para ambas as categorias, mas aplicar um conjunto de respostas à categoria errada pode levar a um grande engano. 

O passado em que fomos culpados
Aqui nos referimos à parte do nosso passado em que nós pecamos contra Deus e outras pessoas. A pergunta fundamental a ser feita é: “O pecado foi confessado?”. Se a resposta for “Não”, o crente deve dar os seguintes passos:
a) confessar o pecado a Deus (1 Jo 1.9);
b) pedir perdão às pessoas envolvidas (Mt 5.24);
c) restituir, se necessário (Lc 19.1-9). 

A razão por que muitos crentes são “perseguidos” pelo passado é que não lidaram com sua culpa. Mesmo em situações em que a outra pessoa também pecou “ou talvez até tenha sido a primeira a pecar”, o crente deve lidar com a sua parte de culpa no problema. 

Se o pecado foi confessado, então ele tem agora algumas responsabilidades:
a) alegrar-se no perdão de Deus (Sl 40.1-3);
b) aproveitar a aula de teologia: usar a situação como uma oportunidade para crescer no
entendimento do caráter de Deus;
c) prosseguir − em lugar de continuar a se espojar no próprio pecado (Fp 3.13; Sl 103.12).

O passado em que fomos inocentes 
Aqui nos referimos às situações do nosso passado nas quais outros pecaram diretamente contra nós ou quando sofremos os resultados de viver em um mundo pecaminoso. A pergunta esclarecedora é:
“Alguém esteve diretamente envolvido?”. A resposta nos orienta na escolha de quais princípios bíblicos
precisam ser aplicados. Se a resposta for “Sim”, então é hora de considerar várias perguntas adicionais:
1. Minha memória é perfeitamente confiável?
2. Sou de fato inocente?
3. Eu respondi devidamente?
4. Devo confrontar a pessoa? Se sim, já dei passos nesta direção?
5. Se a pessoa se arrependeu, eu concedi perdão? 

Se não há outra pessoa envolvida, ou se os passos acima já foram completados, o Senhor pode usar as situações do passado em que fomos inocentes como uma oportunidade notável de crescimento. Estas são algumas perguntas que o crente deve considerar:
1. Como outros servos de Deus enfrentaram tempos difíceis e lidaram com situações
semelhantes?
2. Como posso usar esta provação como oportunidade para me tornar mais semelhante a Cristo?
3. O que este acontecimento pode me ensinar sobre a soberania de Deus na minha vida? 

O fato é que a Bíblia contém muitas verdades sobre a questão do passado, mas é imperativo dividirmos
nosso passado em categorias bíblicas antes de aplicarmos a ele a Verdade. 

Como devo falar do meu passado? 

Mostramos aqui que o passado de uma pessoa pode ser uma ajuda ou um obstáculo para o seu crescimento cristão. A chave para lidar com o passado biblicamente envolve dois aspectos. Primeiro, o crente deve procurar tirar o melhor proveito possível daquilo que Deus quer usar para ajudá-lo a crescer − no que diz respeito ao passado, isso inclui as lições aprendidas sobre Deus, sobre si mesmo e os outros, bem como os aspectos de benefício espiritual listados na página anterior. O crente não deve ignorar esta ajuda importante que Deus proporciona para o processo de santificação. 

Segundo, ele deve fazer tudo quanto estiver ao seu alcance para romper todos aqueles laços do passado que impedem a santificação. Isso inclui os pecados não confessados, as restituições deixadas para trás, a amargura e o descuido no aprendizado das lições que Deus quer ensinar a partir das circunstâncias tanto do passado em que fomos culpados como do passado em que sofremos quando inocentes.

Handling the Past Biblically, publicado em The Biblical Counselor, March 1997, p. 2-3.

Fonte:
http://www.scribd.com/full/38104505?access_key=key-2iru3bb4cy3755yrcfs0

sábado, setembro 25, 2010

Igreja Mundial: A Mulher com Prisão de Ventre

O conteúdo do vídeo é engraçado pela forma e espontaneidade da senhora que relata seu caso, mas triste por como os líderes deste igreja brincam com o poder de Deus enganando "os fiéis."


sexta-feira, setembro 24, 2010

Randy Clark na Bola de Neve Church

Recebi o banner abaixo de um amigo, através do Facebook. Sua pergunta: Alguém pode me explicar? Quis colocar no blog com o mesmo intuito. Alguém pode me explicar o que é "ativação profética," "liberação de destinos" e "transferência de unção?"



Abaixo - adição no dia 11/out/2011
Sugiro que vejam este vídeo (em inglês):



sexta-feira, setembro 17, 2010

Tipos de Casamento no Tempo do Apóstolo Paulo

Nos tempos em que o apóstolo Paulo estava escrevendo esta carta (1Coríntios), existiam praticamente quatro formas distintas de casamento aceitas pela sociedade de Corinto.

A primeira delas era o Contubernium: união feita entre escravos, normalmente autorizada pelo senhor dos escravos, que também determinava o tempo de duração.

Uma segunda forma de união era o Usus: consistia no reconhecimento das pessoas que viviam juntas há mais de um ano como casadas.

A terceira forma era o Coemptio in manum: o pai vendia sua filha, após um acordo, para casar-se com alguém.

Por fim, a quarta forma era o Confareatio: casamento de nobres. Posteriormente, a igreja católica e também a reforma acabaram por assimilar a idéia desse casamento de nobres, fazendo-o ter uma forma muito próxima aos casamentos de hoje. Esses tipos de casamento, como podemos ver, ainda existem em nossa sociedade, ainda que em diferentes proporções e com algumas diferenças.

Por Fernando Leite
Trecho da pregação em 1Co 7.10-16

domingo, setembro 12, 2010

Desenho de Jesus e os 40 Dias no Deserto

Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. O tentador aproximou-se dele e disse: "Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães". Jesus respondeu: "Está escrito: 'Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus' ". Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: "Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: " 'Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra'". Jesus lhe respondeu: "Também está escrito: 'Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus'". Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor. E lhe disse: "Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares". Jesus lhe disse: "Retire-se, Satanás! Pois está escrito: 'Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto'". Então o Diabo o deixou, e anjos vieram e o serviram (Mateus 4.1-11 NVI)





Canção: How He Loves
por John Mark Mcmillan

He is jealous for me,
Loves like a hurricane, I am a tree,
Bending beneath the weight of his wind and mercy.
When all of a sudden,
I am unaware of these afflictions eclipsed by glory,
And I realise just how beautiful You are,
And how great Your affections are for me.

And oh, how He loves us so,
Oh how He loves us,
How He loves us all

Yeah, He loves us,
Whoa! how He loves us,
Whoa! how He loves us,
Whoa! how He loves.
Yeah, He loves us,
Whoa! how He loves us,
Whoa! how He loves us,
Whoa! how He loves.

We are His portion and He is our prize,
Drawn to redemption by the grace in His eyes,
If grace is an ocean, we’re all sinking.
So Heaven meets earth like a sloppy wet kiss,
And my heart turns violently inside of my chest,
I don’t have time to maintain these regrets,
When I think about, the way…

He loves us,
Whoa! how He loves us,
Whoa! how He loves us,
Oh how He loves.
Yeah, He loves us,
Whoa! how He loves us,
Whoa! how He loves us,
Whoa! how He loves.

Well, I thought about You the day Stephen died,
And You met me between my breaking.
I know that I still love You, God, despite the agony.
...They want to tell me You're cruel,
But if Stephen could sing, he'd say it's not true, cause...

Cause He loves us,
Whoa! how He loves us.
Whoa! how He loves us.
Whoa! how He loves.
Yeah, He loves us,
Whoa! how He loves us,
Whoa! how He loves us,
Whoa! how He loves.

sábado, setembro 11, 2010

A História de Jonas foi Real?

Os eruditos bíblicos tradicionais sustentaram que o livro de Jonas registra acontecimentos que de fato ocorreram na história. Entretanto, devido a seu estilo literário e à narração de surpreendentes aventuras vividas pelo profeta Jonas, muitos eruditos da atualidade propõem que não se trata de um livro que narra fatos reais, mas sim uma história de ficção com o propósito de comunicar uma mensagem. Os fatos narrados no livro de Jonas realmente aconteceram, ou não?

Resposta:

Há uma boa evidência de que os fatos registrados no livro de Jonas são literais e que aconteceram na vida desse profeta.

Primeiro, a tendência de negar a historicidade do livro de Jonas provém de um preconceito contra coisas sobrenaturais. Se é possível acontecer milagres, não há razão alguma para se negar que o livro de Jonas Seja histórico.

Segundo, Jonas e seu ministério profético são mencionados no livro histórico de 2 Reis (14:25). Se sua profecia sobrenatural é mencionada num livro histórico, por que rejeitar então o aspecto histórico de seu livro?

Terceiro, o argumento mais devastador contra a negação da precisão histórica do livro de Jonas é encontrado em Mateus 12:40. Nessa passagem, Jesus prevê a sua própria morte e ressurreição, e prove aos incrédulos escribas e fariseus o sinal que eles lhe pediram. O sinal é a experiência de Jonas. Jesus diz: “Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra”. Se a história da experiência de Jonas no ventre do grande peixe fosse apenas uma ficção, isso não daria respaldo profético algum ao que Jesus declarava.

O motivo de Jesus fazer referência a Jonas era que, se eles não acreditavam na história de Jonas ter estado no ventre do peixe, também não acreditariam na morte, no sepultamento e na ressurreição de Cristo. Para Jesus, o fato histórico de sua própria morte, sepultamento e ressurreição tinha a mesma base histórica de Jonas no ventre do peixe. Rejeitar uma seria o mesmo que rejeitar a outra (cf. Jo 3:12). De igual modo, se cressem numa dessas bases, teriam de crer na outra.

Quarto, Jesus prosseguiu mencionando detalhes históricos significativos. A sua própria morte, sepultamento e ressurreição era o sinal supremo que atestaria suas reivindicações. Quando Jonas pregou aos gentios descrentes, eles se arrependeram. Mas achava-se Jesus na presença de seu próprio povo, do povo de Deus, e assim mesmo eles recusavam-se a crer. Portanto, os homens de Nínive se levantariam em juízo contra eles, “porque [os de Nínive] se arrependeram com a pregação de Jonas” (Mt 12:41). Se os eventos do livro de Jonas fossem simplesmente parábolas ou ficção, e não uma história real, então os homens de Nínive na realidade nunca teriam se arrependido, e seu juízo sobre os fariseus impenitentes seria injusto e indevido. Por causa do testemunho de Jesus, podemos ter certeza de que Jonas registra uma história real.

Finalmente, há confirmação arqueológica da existência de um profeta de nome Jonas, cujo túmulo encontra-se no Norte de Israel. Adicionalmente, foram desenterradas algumas moedas antigas, com a inscrição de um homem saindo da boca de um peixe.

Fonte: MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Sobre o Livro de Jonas - Questões Introdutórias

JONAS
A salvação vem de Yahweh – Jn 2.9b

Jonas falta com amor em ação,
mas Deus é exaltado por sua compaixão.(David J. Merkh.)

QUESTÕES INTRODUTÓRIAS
O tempo de vida e ministério de Jonas são fáceis de serem determinados, visto uma específica menção em 2Rs 14.25, durante o reinado de Jeroboão II (793-753 a.C.). Ele era contemporâneo de Oséias e Amós. Ele era identificado como alguém que trazia profecias precisas, quando prediz vitória militar para Israel.

Seu nome significa “pomba.” Ele profetizou a recuperação política e econômica do Reino do Norte, possivelmente no início do reinado de Jeroboão II.

O livro que leva seu nome é alvo de grandes críticas de liberais, visto os aspectos sobrenaturais que estão presentes. Eles descartam a realidade histórica e o próprio Jonas como autor. 

Como acontece com tantas outras questões nos estudos do AT, a interpretação de Jonas depende das convicções teológicas mantidas pelos vários comentaristas. (...) Para interpretar-se Jonas com exatidão, é necessário, em primeiro lugar, fazer com que a atenção se desvie do profeta para o Deus que envia o profeta. (Paul House.) 

É muito provável que o ministério de Jonas tivesse sido um realce ou contraponto para o de Oséias e Amós. Ensinaria que arrependimento traz preservação e bênção, enquanto a obstinação severa disciplina. 

Jesus tratou Jonas como uma pessoa histórica e não como uma alegoria fantasiosa: Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no coração da terra. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas, e agora está aqui o que é maior do que Jonas (Mt 12.40,41 NVI).

AUTORIA
Os ataques mais comuns a Jonas como autor do livro são:
1. Um contemporâneo jamais se referiria ao rei da Assíria como “o rei de Nínive;”
2. O uso do verbo hebraico ser (h*y>) supostamente indica uma época posterior, quando Nínive não mais existia;
3. Jonas é sempre mencionado na terceira pessoa;
4. Tamanho aparente fabuloso de Nínive.
Respostas aos ataques:
1. É prática normal, inclusive apresentado nas Escrituras, referir-se ao rei da nação como rei da capital da nação (cf. 1Rs 21.1; 2Cr 24.23);
2. Gramaticalmente é possível, mas do ponto de vista contextual a afirmação é desleal, pois o que o autor deseja destacar não é a existência da cidade, mas seu papel crucial no plano soberano de Deus naquele momento da História;
3. É quase desnecessário refutar este argumento, pois tanto autores bíblicos (Moisés) quanto extra bíblicos (Xenofontes; Júlio César) empregam a mesma técnica;
4. Descobertas arqueológicas atribuem a Nínive um tamanho compatível, sob todos os aspectos, com a população mencionada em Jn 4.11.

A TEOLOGIA DE JONAS
Baseado em Foco e Desenvolvimento no AT

A PERMISSÃO DO MAL
Jonas desobedece a Deus, que prefere morrer a obedecer. Isso salientava os olhos dos marinheiros a realidade de que Deus governa os mares e os céus e que não era uma divindade que podia ser ignorada, muito menos desobedecida.

DECRETO DE JULGAR O MAL
É antevista na mensagem: Clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim (Jn 1.2). Também na mensagem transmitida aos ninivitas: Daqui a quarenta dias Nínive será destruída (Jn 3.4)

Sobre “Deus se arrependeu” – Jonas 3.10:
O relato da resposta divina ao avivamento provocado pela pregação de Jonas é um dos pontos teológicos mais discutidos no AT desde sua primeira menção em Gn 6. O uso do verbo “arrependeu-se” no grau nifal tem sido apontado por muitos, mais recentemente por defensores do chamado teísmo aberto, como uma indicação de que Deus é sujeito a emoções, ou desconhece o futuro, ou é dependente em alguma medida das ações e reações de Suas criaturas, ou todas as anteriores.

Em resposta a isso, teólogos teístas tradicionais têm afirmado que a mensagem trazia em si uma condição latente, e que o uso do verbo נָחַם obedece a uma característica da mentalidade hebraica de antropomorfizar suas descrições de Deus de modo a tornar mais compreensível aos mortais a interação de um Deus, que é descrito como perfeitamente soberano, com criaturas que desfrutam genuína liberdade (mas não absoluta autonomia).

Outra abordagem é dizer que tal interação é descrita do ponto de vista meramente humano, como uma espécie de refração ótimo-espiritual, por meio da qual a intervenção divina parece desviar-se do rumo proposto, ao entrar em contato com o meio terrestre em que se fará sentir, simplesmente porque os que a percebem ignoram a totalidade dos desígnios aos quais a prometida intervenção pertence e entre os quais se efetua. (Carlos Osvaldo Pinto.)

A LIBERTAÇÃO DOS ELEITOS
Imerecida e inesperadamente a intervenção salvadora de Yahweh preserva o profeta escolhido para que ele cumpra sua missão.

Tal libertação também atinge os ninivitas por meio da pregação de Jonas. A libertação, segundo as palavras de Jesus sobre os ninivitas, sugere que foi de natureza eterna (Mt 12.41).

BÊNÇÃO PARA OS ELEITOS
Foi limitada para aquela geração de ninivitas, que foi preservada. As próximas gerações voltaram-se aos caminhos iníquos e a Assíria foi usada como “vara da ira” de Yahweh contra o pecado obstinado de Israel, posteriormente ainda, destruída.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Jonas é singular na forma de apresentar a mensagem. Nele não há uma exortação profética, mas uma narrativa que deixa de forma clara a exortação. O livro é quase inteiramente um esboço biográfico do profeta sendo que a única mensagem profética contida no livro é: daqui 40 dias Nínive será destruída (Jn 3.4).

O livro canônico ajuda a afastar quaisquer temores que talvez tenham surgido devidos a algumas informações em Joel, Amós e Obadias, temores de que Yahweh não se importaria com outras nações. O fato é que ele se importa inclusive com as mais cruéis. Nínive foi chamada por Naum de cidade sanguinária (3.1). (Nas ruínas) as esculturas na parede representam o rei arrancando os olhos de seus cativos, e arrastando outros por um gancho através dos lábios. Em guerras, um grande prazer dos guerreiros era cortar o ventre das grávidas para verem o feto.

O chamado de Jonas para ir pregar contra Nínive demonstra o interesse de Deus nas nações do mundo. Apesar de a estratégia divina ser comumente de atrair os povos a Israel (AT), Yahweh decide enviar Jonas para levar a mensagem de julgamento (e também de graça) aos assírios, nação que ele usaria para, num breve futuro dali, disciplinar a nação escolhida, mas também destruí-la.

A soberania de Deus na salvação, aspecto salientado na mensagem do livro, é vista diversas vezes:
• Na experiência dos marinheiros. Em seguida pegaram Jonas e o lançaram ao mar enfurecido, e este se aquietou. Ao verem isso, os homens adoraram o SENHOR com temor, oferecendo-lhe sacrifício e fazendo-lhe votos (Jn 1.15-16). Os marinheiros reconheceram a Yahweh como Deus, que havia sido apresentado por Jonas como Deus de todos (Jn 1.9); Entretanto, não é possível saber se houve conversão genuína, mas alguns pontos teológicos podem ser ressaltados deste episódio: 
o O Deus de Israel é realmente o Deus da criação e das nações;
o Deus se preocupa com toda a humanidade e não somente com Seu povo escolhido;
o Deus usa até mesmo um Israelita desobediente como canal de Sua graça salvadora.
• Lição pessoal a Jonas: ele ora por livramento e louva a Deus quando este chega de forma inesperada. Ele recebe a salvação imerecida dentro do grande peixe;
• Pregação de Jonas: um arrependimento generalizado sucede em Nínive. Os ninivitas creram em Deus (Jn 3.5);
• A sombra da planta: o desconforto com o clima da região é grande. Jonas é aliviado por uma planta que cresce em uma noite, mas na mesma velocidade morre.

Yahweh está ensinando a Jonas que sua frustração por coisas que ele não criou e pelas quais não era responsável deveria fazê-lo cônscio da terna misericórdia de Deus por Suas criaturas (4.11) e torná-lo submisso ao soberano plano divino de estender salvação àqueles a quem ele escolheu demonstrar misericórdia. (Carlos Osvaldo Pinto.)

Jonas é um profeta que conhece a Deus: ele confessa que Yahweh é gracioso, compassivo e paciente, contudo ele não aprecia que essas qualidades estejam dirigidas para os assírios. Jonas vê a bondade de Yahweh além do ideal. Ele se importa com uma planta que ele não criou, mas fica imaginando por que o Senhor está tão preocupado com as pessoas que Deus fez. Existe uma perceptível ironia no livro de Jonas. O profeta se queixa da bondade de Deus, apesar do fato de que ele mesmo havia se beneficiado do livramento divino.

No livro Deus perdoa uma nação que mostra uma perfeita sequência de atitudes que refletem uma genuína conversão, ratificada por Jesus no evangelho de Mateus:
1. Eles acreditam na Palavra de Deus (3.5);
2. Humilham-se (3.5-8);
3. Mudam seus caminhos perversos (3.8);
4. Colocam-se debaixo da misericórdia de Deus (3.9).
Até Jonas, nenhum profeta havia experimentado tal reação positiva à Mensagem.

MENSAGEM
A soberania de Yahweh em conceder salvação, apesar da atitude de Seu servo, deve motivar obediência humilde e interesse amoroso pela humanidade. (Carlos Osvaldo.)

Eugene Merrill diz que a essência teológica do livro é expressa em 4.11: Não deveria eu ter pena dessa grande cidade? – diz Deus. Sua frase que diz respeito ao livro e que permeia todo o AT é a seguinte: O Criador e Soberano do mundo não tem plano maior que o de resgatar os povos alienados de todas as nações à posição de comunhão contínua com Ele.

Se é que podemos dizer que o livro possui uma palavra mais importante, possivelmente ela seria מָנָא (m*n>). A ideia do verbo apresenta Deus como soberano, aquele que ordena o peixe, a planta, o verme e o vento calmoso – todos debaixo do controle divino, instrumentos para propagar sua graça.

quinta-feira, setembro 09, 2010

A Bota de Couro de Cobra de Ana Paula Valadão

Há um tempo que eu assisti o vídeo abaixo. Ouço muitas coisas boas sobre Ana Paula Valadão. Reconheço a qualidade de várias de suas canções, bem como de seus vídeos para crianças. Mas tenho muita dificuldade em entender que as coisas ditas neste vídeo são genuinamente oriundas de Deus. O que você acha? Deixe seu comentário.


quarta-feira, setembro 08, 2010

Sobre Dízimos e Ofertas (AT)

Por Mark Ellis
Um resumo

Falar sobre dinheiro é um assunto sempre muito polêmico no meio evangélico. Suas razões são óbvias: o abuso que muitos crentes já fizeram (e fazem) neste quesito leva qualquer um a desconfiar de todo o grupo.

Não são somente os evangélicos que já trouxeram muita polêmica sobre dinheiro. A Reforma, por exemplo, foi lançada por causa da venda de indulgências. Há gente picareta dentro e fora de sistemas religiosos pronta para enganar, e muita gente ignorante pronta para pagar.

Em Mateus, capítulo 6, Jesus deu duas orientações sobre recursos: (1) Ele sabe que você precisa de roupa e comida e promete isso. Paulo diz que devemos estar satisfeitos por termos o que comer e vestir (1Tm 6.8), justamente com aquilo que Deus nos prometeu dar. (2) Além disso, se procurarmos a Sua justiça e Seu Reino, Ele cuidará de nossa roupa e comida. Jesus não prometeu mais do que isso!

Em Mateus 7, o aviso é claro: cuidado com os falsos profetas. Se não tivermos clara a real perspectiva sobre as promessas de Deus poderemos nos sucumbir na lábia dos falsos profetas. Atente-se: ninguém reconhece um verdadeiro crente pelo fruto do espírito, mas um falso profeta, que tem a ganância como uma de suas marcas.

Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?' (Mt 7.21-22 NVI).

Profeta falso dá fruto! Pense comigo: que tipo de igreja você conhece bastante pelos gomos de fruto citados no versículo acima (profecia, expulsão de demônios, realização de milagres)? Exatamente as igrejas que mais falam sobre dinheiro. Uma igreja deste tipo é composta por pessoas gananciosas. Líderes querem ganhar dinheiro ensinando equivocadamente a palavra de Deus e membros querem ganhar dinheiro acreditando em promessas que Deus nunca fez.

Para compreendermos um pouco melhor sobre o que a Bíblia ensina sobre dízimo e ofertas, vejamos brevemente o AT:

Sacrifícios antes da Lei

Gn 3.21
Adão e Eva pecaram e romperam sua comunhão com Deus. Deus então mata um animal para lhes vestir (couro ao invés de folhas). É possível que este sacrifício também tenha ligação com o sistema sacrificial vindouro na Lei, para restauração da comunhão.

Gn 4.14
Sacrifício vegetal não pode cuidar do pecado do homem. Somente o sangue é pré-requisito para isso (morte de um animal).

Gn 8.20
Noé ofereceu um sacrifício de ação de graças, logo depois de sair da arca, agradecido pela sobrevivência ao dilúvio.

Gn 12.6,8; 13.6,8
Os únicos dois pagamentos de dízimo antes da Lei aconteceram com Abraão e Jacó.

O caso de Abraão
Abraão deu 10% para Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo. Mas por quê? O dízimo tem história. O povo de Israel não foi o primeiro a cobrar o dízimo. Este era o tributo normal devido aos reis. Os generais também tinham direito a 10% de tudo que fosse conquistado em uma batalha. Foi neste contexto que Abraão deu o dízimo: “ninguém vai poder dizer que vocês me fizeram rico! Minha porção de general eu entrego a Deus, pois Ele foi o verdadeiro general nesta batalha” – é possível ouvir Abraão. Foi a única vez que Abraão entregou o dízimo, num contexto de batalha, para dizer que Deus é quem o abençoou.

O caso de Jacó
A outra pessoa que deu o dízimo foi Jacó. Enquanto ele fugia de seu irmão, ele falou com Deus e disse que daria 10% de tudo que Deus lhe desse (barganha). Neste episódio ele tentava subornar a Deus. Esta seria a única vez que ele daria o dízimo.

Sem dúvida a prática do dízimo antes da Lei não era conforme o que Deus legislaria através de Moisés.
Falar em dízimo e ofertas e falar também de sacrifícios. Abaixo um super resumo do assunto:

1. Havia sacrifícios relacionados com a expiação de pecados;
a. Não intencionados;
b. Para aliviar o sentimento de culpa. Nestes, o pobre oferecia um sacrifício sem sangue;
c. Relacionados a injustiça;
2. Havia sacrifícios comunitários (Yom Kippur);
3. Sacrifícios comunitários de pecados não intencionados;
4. Novilha vermelha, para satisfazer a dívida de sangue;
5. Ritos de purificação;
6. Sacrifícios relacionados ao calendário. Os sacerdotes matavam, de manhã, de tarde e de noite. Isso porque agradava a Deus. Este não tinha a ver com pecado. No sábado dobrava-se a quantidade de animais;
7. Na lua nova havia um sacrifício especial;
8. No ano novo um sacrifício mais especial ainda;
9. Sacrifício de paz (Lv 3);
10. Oferta de cereais;
11. Das primícias – um ato de fé, pois não se sabia quanto a produção verdadeiramente renderia.
12. Além dos sacrifícios, tinham as festas.

Nota: O jejum não deve ser imposto. Na Lei não há nada que ordene alguém impor o jejum. O que era divinamente mandado: festas!

O maior dízimo de todo o ano estava na festa dos tabernáculos.

Dt 14.22-27
22 "Separem o dízimo de tudo o que a terra produzir anualmente. 23 Comam o dízimo do cereal, do vinho novo e do azeite, e a primeira cria de todos os seus rebanhos na presença do SENHOR, o seu Deus, no local que ele escolher como habitação do seu Nome, para que aprendam a temer sempre o SENHOR, o seu Deus. 24 Mas, se o local for longe demais e vocês tiverem sido abençoados pelo SENHOR, o seu Deus, e não puderem carregar o dízimo, pois o local escolhido pelo SENHOR para ali pôr o seu Nome é longe demais, 25 troquem o dízimo por prata, e levem a prata ao local que o SENHOR, o seu Deus, tiver escolhido. 26 Com prata comprem o que quiserem: bois, ovelhas, vinho ou outra bebida fermentada, ou qualquer outra coisa que desejarem. Então juntamente com suas famílias comam e alegrem-se ali, na presença do SENHOR, o seu Deus. 27 E nunca se esqueçam dos levitas que vivem em suas cidades, pois eles não possuem propriedade nem herança próprias.

Quantas igrejas praticam este dízimo? “O” dízimo?

Como é que o cristão deve praticar o dízimo segundo o AT? Como isso deve funcionar? Para onde será a viagem? Quem é o levita que receberá as ofertas? Como uma igreja pode dizer: eu aceito o dízimo, mas não pratica os sacrifícios? Isso é um pacote, um sistema que não tem separação de uma coisa da outra.

Paulo, em Gálatas ensina que se alguém ainda quer praticar a circuncisão, deve praticar todo o pacote (sitema) que está contido na Lei. O dízimo faz parte das festas ordenadas a Israel!

O dízimo dos levitas:

Dt 14.28-29
28 "Ao final de cada três anos, tragam todos os dízimos da colheita do terceiro ano, armazenando-os em sua própria cidade, 29 para que os levitas, que não possuem propriedade nem herança, e os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem na sua cidade venham comer e saciar-se, e para que o SENHOR, o seu Deus, os abençoe em todo o trabalho das suas mãos.

No terceiro ano eles não comeriam dos dízimos, mas guardariam. Fariam isso em benefício dos pobres, levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. Você conhece alguma igreja que faz isso? O dízimo no AT é comer ou garantir para outros.

Alguém pode perguntar: como então fizeram lugares para louvar a Deus? Ex 25 – ofertas voluntárias. Se nós seguirmos os preceitos veterotestamentário sobre dízimo, não podemos usar o dinheiro para nenhum tipo de construção. As ofertas para este fim eram voluntárias, como ensinada por Paulo em 2Coríntios 9.

A construção do tempo, outro exemplo, foi feita através de verbas públicas. A manutenção do templo também não era feita através dos dízimos, mas da taxa do templo!

Em suma, o dízimo foi criado com o propósito de ser usado em festas e para ajudar os necessitados. Ninguém tinha o direito de justificar a não ajuda a um necessitado dizendo que já era dizimista.

Devemos ter tudo isso em mente para que o AT não seja abusado. Não se esqueça que a questão não é o dinheiro, mas o coração daqueles que lidam com dinheiro.

Este foi um resumo da primeira metade da aula de Mark Ellis na IBCU, entitulada Piedade e Vida de Contribuição (assista ao vídeo).

sábado, setembro 04, 2010

Plano Missionário para a Igreja

Artigo escrito em 26/02/1990, por Barbara Burns, no Jornal Batista de SP.

Plano Missionário para a Igreja

"É a Junta que tem que ter 'plano missionário', não a igreja!" Assim pensam a maioria, se desligando de qualquer responsabilidade, e perdendo uma oportunidade de obediência e benção. Mas nem todos os membros das igrejas delegam missões às Juntas de Missões Mundiais, Nacionais, ou Estaduais, dando apenas uma oferta por ano. Tive o privilégio de ser criada numa igreja onde missões era central em todos os seus propósitos. Os membros nunca sentiam mais felizes do que quando enviando um dos seus membros para um campo distante, ou contribuindo para que o nome do Senhor Jesus fosse proclamado perto ou ao redor do mundo.

O primeiro modelo de uma igreja assim se acha em Atos 13.1-4. O Espírito Santo enviou, por intermédio da igreja local, os dois homens mais preparados e queridos no seu meio. Jesus mesmo disse que a razão da existência dos Seus discípulos (os membros e líderes das igrejas) era pregar o Evangelho à toda criatura, de Jerusalem até aos confins da terra! Jesus tinha preparado Seus discípulos por três anos com esta finalidade, e no fim deu a órdem prioritária para eles, e para todos que vinham depois deles. Missões é a responsabilidade de todos os discípulos de Jesus Cristo, e a razão central da existência das igrejas.

As juntas de missões foram estabelecidas para ajudar as igrejas cumprir a vontade de Deus em fazer missões. Mas há coisas que as juntas não podem fazer, que são a responsabilidade das igrejas. A seguinte lista fornece uns exemplos daquilo que cabe as igrejas no plano missionário de Deus.

As quatro responsabilidades:

1. Responsabilidade do preparo
O contato longo, o ensino da Palavra, a vida em comunidade, e o crescimento mútuo de Cristãos que se amam e ajudam uns aos outros viver dignamente do Senhor é a melhor escola missionária. O missionário vai levar junto com ele para os campos o modelo que fez parte da sua formação cristã, repetindo e imitando aquilo que experimentou e viveu (muito mais do que ele aprendeu numa escola formal). Como é importante este modelo ser de uma igreja que serve fielmente o Senhor no seu próprio trabalho evangelístico e discipulado na vida cristã!

A prática do ministério, como Deus deu para Saulo e Barnabé antes da sua primeira viagem missionárioa só pode se obter numa igreja. Deverá existir oportunidades de exercer um ministério dentro da comunidade de Deus. Os colegas e líderes de uma igreja conhece os dons, os problemas, e as áreas de necessidade dos seus membros, dando base para aconselhamento, direcionamento, e crescimento quanto vocação ministerial.

2. Responsabilidade da escolha
Assim são as igrejas que podem reconhecer aqueles que são verdadeiramente aprovados nas suas práticas e sua vida cristã. Conhecem profundamente o candidato, e devem com toda honestidade recomendar ou não as pessoas para missões. Faz parte desta responsabilidade o conhecimento das qualificações necessárias para um obreiro em missões. É preciso enviar as pessoas certas, que darão fruto em situações às vezes difíceis de comunicar e viver.

3. Responsabilidade do envio
Em Atos 13 o Espírito Santo não falou apenas com Saulo e Barnabé; falou com a igreja. Foram membros da igreja que colocaram suas mãos sobre os dois, assim declarando sua solidariedade e identificação com eles. Eram embaixadores daquela igreja, conforme a direção do Espírito Santo. As igrejas hoje devem estar alertas para saber a vontade de Deus sobre seus membros. Que privilégio Deus dá a igreja em usá-la para enviar seus melhores membros a serem pioneiros em campos sem a Palavra e o conhecimento de Deus.

4. Responsabilidade do apoio
Depois de longos anos de serviço frutífero, Paulo ainda reconhece a absoluta necessidade de apoio em oração. Em Efésios 6:18-20 ele diz para a igreja:

Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palvra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.

Paulo sabia que sem a oração, nem ele teria sucesso em missões!

A responsabilidade não termina com a oração. O apoio financeiro também é um importante ingrediente para missões. Paulo menciona este fato várias vezes, especialmente em Filipenses 4:10-20, onde ele agradece a oferta sacrificial dos irmãos pobres da Macedonia. A oferta foi uma benção para ele, porque supriu necessidades e demonstrou o amor e a solidariedade da igreja com ele. Acima de tudo foi uma benção para a própria igreja, porque a oferta foi como uma dádiva a Deus, colocada na conta celestial da igreja.

Assim temos o desafio e as responsabilidades missionárias das igrejas. Mas como fazer? Quais alguns passos práticos?

1. Mensagens e ensino missionário
É difícil estudar a Bíblia sem estudar missões. Se enfatizamos missões à medida que a Bíblia o faz, a igreja estará crescendo no seu conhecimento de como e porque fazer missões.

2. Testemunhos dos missionários
Devemos convidar missionários a pregarem e ensinarem nas igrejas, encorajando os membros a convidá-los a se hospedarem nas suas casas. Devemos ser membros de igrejas que se alegram com a presença e o trabalho dos missionários.

3. Oração semanal em favor de missões e os missionários
Cada culto deve incluir um momento da igreja levar as necessidades dos missionários a Deus em oração. Podem ser lidas cartas, artigos em jornais, informações missionárias, que ajudarão os membros se involverem pessoalmente na vida dos missionários e nas necessidades ao redor do mundo.

4. Convenções missionárias
Missões podem ser enfatizadas de uma forma especial uma ou duas vezes por ano. Pessoas de todos os departamentos da igreja podem participar e tomar responsabilidade de dirigir e compartilhar.

5. Conselhos missionários
Se a igreja for grande, um grupo pode se formar para informar e ajudar a igreja no conhecimento e prática de missões. O conselho não deve se tornar mais uma "junta," mas sim, levar a igreja toda tomar decisões e se envolver no preparo, na escolha, e no apoio de missionários.

6. Ser modelo de missões
Uma igreja ativa na evangelização e discipulado não apenas oferece oportunidades de prática de ministério, como se torna o modelo ideal que o missionário vai repetir em outros lugares. Cada igreja deve procurar expandir ao seu redor, formando pontos de pregação e congregações. Assim a igreja providencia oportunidades de treinamento e envolvimento pessoal no ministério da igreja enquanto está cumprindo fielmente o propósito pelo qual foi criada.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Missões e Predestinação

Não adianta ir fazer missões; os predestinados vão ser salvos mesmo.

Realmente a Bíblia deixa claro que os salvos são predestinados à salvação. Efésios 1.4-5 diz: Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença.  Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade (NVI). O v.11 no mesmo capítulo repete a mesma verdade, Nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade.

Deus é soberano! A predestinação é um ensinamento da Bíblia apesar da dificuldade em entendê-la. De fato, grandes teólogos em toda a história da Igreja Cristã têm debatidos esta doutrina sem chegar a uma conclusão unânime. Alguns enfatizam mais o lado que Deus faz tudo e o homem não tem escolha nenhuma diante dEle. Outros se baseiam em outros textos que deixam claro que o homem também tem que buscar e obedecer a Deus, enfatizando a livre vontado do homem.

A Bíblia aparentemente nos apresenta os dois lados, claramente ensinados. J.I. Packer (Evangelismo e a Soberania de Deus, Ed. Vida Nova) chama este dilema de "paradoxo. " Um paradoxo é algo que tem dois lados que parecem opostos, mas são ambos a verdade. Em nossa mente finita, não podemos entender esta verdade infinita que origina nos conselhos de Deus. Mesmo difícil para a mente, a predestinação é algo que todos nós que somos do Senhor entendendemos na experiencia pois no íntimo sabemos que não merecemos ser filhos e filhas de Deus, e que não fizemos nada para comprar a salvação. Sabemos que nem tinhamos condições de buscar a Deus até achar, pois em Romanos 3:11 diz: Não há quem entenda, não há quem busque a Deus. Depois em versículo 23, Romanos diz algo que com humildade nós sabemos: pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.

Nós não recebemos a salvação por nosso mérito; somos salvos por causa da graça de Deus em enviar Jesus Cristo para morrer numa cruz, pagando o preço do nosso castigo e tomando sobre si o nosso pecado. Fomos justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça (Romanos 3:24-25a). Porém a salvação vem para nós no momento em que dobramos diante de Deus com corações contritos pelo pecado e desobediência, pedindo perdão e aceitando pela fé Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Temos que abrir nossos corações para receber aquilo que Deus predestinou que seria nosso!

Então uma parte da primeira sentença deste artigo é a verdade: "os predestinados vão ser salvos mesmos." No entanto a outra frase, "não adianta fazer missões", é bem errada! Fazer missões é o centro da vontade de Deus para nossas vidas e uma das mais importantes razões dEle ter nos predestinado! Ele escolhe Seu povo para ser canal da Sua glória ao mundo (compare Êxodo 19:4-5 e 1 Pedro 2:9).

Uma ilustração disto seria a vida de Cornélio em Atos 10. Cornélio era um homem piedoso: orava, dava esmola, e era temente a Deus. Mas Cornélio, apesar de predestinado, não era salvo ainda. Era necessário o Apóstolo Pedro ir até a casa dele para explicar o caminho de salvação. Era necessário Cornélio aceitar na sua vida a presença real de Jesus Cristo. Deus não mandou um anjo para evangelizar (apesar que uns anjos participaram no preparo do caminho). Pedro era um servo dEle, pronto a obedecê-lO, mesmo difícil por causa do egoísmo e etnocentrismo do Apóstolo.

O texto mais difícil a entender no Novo Testamento é Romanos 9-11. Predestinação é um dos assuntos principais deste texto onde Paulo tenta levar os crentes de Roma a apreciar quem são dentre dos propósitos eternos de Deus. Para os que queixam contra a doutrina de predestinação Paulo responde:
Mas algum de vocês me dirá: "Então, por que Deus ainda nos culpa? Pois, quem resiste à sua vontade?" Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? "Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: 'Por que me fizeste assim?'" O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso? E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados para a destruição? Que dizer, se ele fez isto para tornar conhecidas as riquezas de sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão para glória, ou seja, a nós, a quem também chamou, não apenas dentre os judeus, mas também dentre os gentios?
 (Romanos 9:19-24)

Um texto assim, difícil a entender, é apenas um lado do paradoxo. O outro lado vem logo em seguida quando Paulo deixa claro que os Judeus não predestinados tinham rejeitados a Deus em dureza de coração e desobediência. Ainda bem que no final deste texto a Bíblia diz:

O profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe deu a êle para que lhe venha a ser restituído? Porque dele e por meio dele e para ele são todas as cousas. A ele pois, a glória eternamente. Amém."

O que tem tudo isto haver com missões? É que muitas vezes nós tomamos apenas um lado do paradoxo de Deus, tirando qualquer responsabilidade nossa em relação a salvação de outros. Nos tornamos fatalistas em nossa conduta cristã, pensando que Deus "vai dar um jeito" para os povos que nunca ouviram a mensagem do Evangelho.

É de alta importância que no meio de Romanos 9-11, o texto mais profundo sobre a soberania de Deus, temos também um dos textos mais enfáticos sobre missões.

Se com a tua boca confessres a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvos. Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação. (. . .) Porque: todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo. Como, porém, invocarão aquele em que não creram? e como crerão naquele de quem nada ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? (Romanos 10:9-10, 13-15)

Como ouvirão se não há missões? Como haverá missões se nós, todos nós, da Igreja de Jesus Cristo, não começarmos a nos preocupar em cumprir a vontade de Deus? Ele nos escolheu justamente porque Ele ama os povos em toda a terra. Ele nos enviou para eles, claramente ensinado no Antigo e no Novo Testamento. Jesus preparou os pais da Igreja, ensinando-os a serem missionários, e no fim enviando-os em Seu lugar e em Seu Nome até aos confins da terra. Predestinação e missões andam juntos; não se contradizem, mas são interdependentes.

Deus nos predestinou para glorificá-lO e para levar as Sua glória às nações. Ele nos predestinou para sermos dEle, raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pedro 2:9).

Fonte: Preparo Missionário, da Escola de Missões da Juvep.