sexta-feira, março 05, 2010

Devocional em Tiago: A Quem Deus Escolhe

11- A Quem Deus Escolhe
Por Reinaldo Bui

Ouçam, meus amados irmãos: Não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos em fé e herdarem o Reino que Ele prometeu os que o amam? Mas vocês têm desprezado o pobre. Não são os ricos que oprimem vocês? Não são eles que os arrastam para os tribunais? Não são eles que difamam o bom nome que sobre vocês foi invocado? Se vocês, de fato, obedecerem à lei real encontrada na Escritura, que diz: ‘Amarás a teu próximo como a ti mesmo’, estarão agindo corretamente. Mas se fizerem acepção de pessoas, cometerão pecado e serão condenados pela lei como transgressores. Pois quem obedece toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado por quebrá-la inteiramente. Pois Aquele que disse: ‘Não adulterarás’, também disse: ‘Não matarás’. Se você não comete adultério, mas comete assassinato, torna-se transgressor da Lei. Falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade, porque será exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso. A misericórdia triunfa sobre o juízo! (Tg 2.5-13.)

Se o problema de discriminação fosse tão evidente na igreja de Jerusalém talvez Tiago precisasse gastar um pouco mais de pergaminho para abordar o assunto. Ainda que não seja o seu caso ou não aconteça na sua igreja como acontecia com nossos irmãos no passado, considere a gravidade de se quebrar este princípio da igualdade. Neste texto, Tiago lança mão de alguns argumentos para estimular os crentes a não fazer diferença entre as pessoas. O primeiro diz respeito à incoerência da nossa escolha. Já parou para pensar no porque tendemos a escolher o rico em detrimento do pobre? Embora Deus tenha criado ambos, Ele dá preferência ao pobre por este ser rico em fé, enquanto o rico confia na instabilidade da sua riqueza. Jesus chocou seus discípulos quando afirmou que era mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus porque havia naquela época um consenso que o sujeito era rico porque era abençoado por Deus, enquanto o pobre era desprezado por Ele ou estava debaixo de alguma maldição. É diferente de hoje? Amamos a riqueza, portanto amamos o rico porque este reflete o que queremos para nós. Jesus nos deixou um ‘novo mandamento’ que é “Amar o próximo como Ele nos amou”. Portanto a referência não somos nós ou nossos desejos, mas o amor de Cristo.

O segundo argumento diz respeito a transgredir a Lei. Precisamos compreender que matar, para o judeu, não significava pôr fim à existência, mas cortar comunhão ou relacionamento. Assim, morte espiritual é a quebra de relacionamento com Deus, como morte física é a quebra do relacionamento com o mundo dos viventes. Creio que Tiago utiliza uma metáfora entre a comunhão e estes dois pecados (adultério e assassinato) para frisar quão grave é a discriminação, comparável com o segundo.

O terceiro argumento apela para o juízo e a misericórdia. Podemos entender misericórdia em três níveis:
1. Sentimento ou desejo de ajudar quem sofre ou encontra-se numa posição desprivilegiada; 
2. Ato concreto de manifestação deste sentimento (pode ser perdão, clemência,...); 
3. Benefício que se presta a um sofredor (através de um auxílio).

A misericórdia de Deus para conosco é plena, ou seja, abrange todos os níveis. Misericórdia significa que não recebemos aquilo que merecíamos. Além disto, fomos agraciados por Ele. Graça significa que recebemos aquilo que não merecemos. Quando não acudimos o necessitado simplesmente menosprezando-o, estamos demonstrando claramente falta de misericórdia. Portanto, Tiago completa, falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade. Se lembrarmos que na lei da liberdade somos livres para amar e para servir, provavelmente nosso justo Juiz perguntará: Por que você não amou? Por que não serviu? Por que não usou de misericórdia como fiz com você, pois tinha toda a liberdade do mundo para fazê-lo? Não, não seremos condenados por isto, mas profundamente envergonhados diante daquele que é rico em nos perdoar, sabe todas as coisas e sonda os nossos corações.

Veja o devocional anterior:

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