terça-feira, abril 26, 2011

Devocional sobre Oração: Reconhecendo nossa dependência espiritual

Por Reinaldo Bui

E não nos deixes cair em tentação.
Mateus 6.13a

A oração do Pai nosso não dá espaço para o individualismo. Você notou como ela toda é feita na segunda pessoa do plural? Certamente Jesus estava querendo nos despertar para um sentimento de coletividade. O apóstolo Paulo também trata disto quando diz em Filipenses 2.4:

Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros.

Precisamos nos recordar de que os ouvintes originais estavam debaixo de uma aliança condicional (andem bem que vai tudo bem), e que os benefícios colhidos pelo cumprimento desta aliança visava, sobretudo, o bem estar da nação além de servir de testemunho para todos os povos.

Contextualizando este pedido, assim como a súplica pelo pão nosso, este aqui também nos chama a atenção para a nossa responsabilidade social e cuidado do Corpo como um todo. Lembre-se que pela analogia do corpo, se um membro padece, todo o corpo sofre.

A tradução literal desta passagem seria algo como: não nos induzas a tentação. Isto pode nos dar margem a duas interpretações. A primeira é que Deus nos leva a tropeçar, como quem ocupa uma posição de tentador. Mas Tiago diz que Deus a ninguém tenta (Tiago 1.13,14), por isto esta interpretação está descartada. A segunda, é que Deus soberanamente permite a tentação como forma de provação. Isto é perfeitamente possível, pois o próprio Senhor Jesus foi levado pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo diabo. Vemos na Palavra que mesmo sendo Deus, Jesus foi tentado como homem (Hebreus 4.15) e suas orações nos mostram que Ele dependia constantemente do Pai, portanto não é difícil imaginar que Jesus orava ao Pai para que não o permitisse cair quando tentado pelo inimigo.

Em nenhum lugar a Bíblia diz que não sofreremos tentações. Paulo adverte mui sabiamente em 1 Coríntios 10.12: Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. Então ele completa, não sei se para o nosso consolo ou para o nosso desespero:

Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar (1 Coríntios 10.13).

Como toda tradução também é uma interpretação, nossas Bíblias trazem: não nos deixe cair em tentação. Cair em tentação significa dizer que a proposta que está sendo apresentada é melhor do que a que Deus tem para nós. Penso o seguinte: se Deus nos provê livramento junto com as nossas tentações para que nós a suportemos, significa que quando pecamos, fazemos deliberadamente.

Sofremos e continuaremos a sofrer. Jesus sofreu muitas tentações, e não foram apenas 40 dias, como alguém pode pensar. Creio que Ele sofreu muitas tentações, a vida toda, com maior intensidade do que nós, mas não pecou! O que aconteceria se ele caísse? Não estaríamos aqui lendo este devocionário hoje.

Trazendo mais para perto de nós, numa aplicação mais pessoal, podemos entender duas coisas neste pedido. Primeiro é: Senhor, não permita que eu seja tentado nesta ou naquela área. Cada um sabe de suas fraquezas, e um pedido sincero pode te ajudar a tratar preventivamente com o pecado. A segunda é: Estou sendo tentado, não permita que eu caia. Peça discernimento para compreender até que ponto você está buscando algo bom e perfeitamente aceitável e a partir de que ponto passa a ser pecado. Às vezes a nossa busca por justiça pode nos levar a tentação da vingança, por exemplo. Senhor, não nos deixes cair em tentação. Nem eu e nem meu irmão.

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