quinta-feira, junho 18, 2009

"Sonho" na Bíblia

O que é um sonho?
Um sonho é uma série de pensamentos, imagens ou emoções que ocorrem durante o sono. Há uma aparência de realidade que tem sequência correta ou próxima disso de imagens durante o período de sono. FROMM define sonho como uma significativa expressão de qualquer tipo de atividade mental sob a condição do sono.

O uso no Antigo Testamento
Os sonhos podem ser naturais (Ec 5.3), divinos (Gn 28.12) ou de origem maligna (Dt 13.1-2; Jr 23.32).

O uso mais comum é o sonho como meio de comunicação de Deus ao homem (Nm 12.6), como fez com Abimeleque (Gn 20.3), Jacó (Gn 31.10-11), Labão (Gn 31.24) e Salomão (1Rs 3.5), um aviso sobre algo no presente momento.

Outro uso de sonhos é Deus contando futuros eventos como fez com José e também com o padeiro, o copeiro e o faraó, que tiveram seus sonhos revelados por José como instrumento de Deus (Gn 41.16, 28, 32). Alguns outros exemplos são Gideão (Jz 7.13-15), Nabucodonosor (Dn 2.1-45 e 4.4-28) e Daniel (7.1-28).

Em nossos dias, sabemos que existem igrejas que colocam os sonhos em patamares que a própria Palavra de Deus condena, às vezes, tornando-as doutrinas ou algo semelhante a isso. Os israelitas sabiam que as revelações de Deus por meio de sonhos eram inferiores às revelações recebidas pelos profetas, conforme Moisés apontou em Números 12.6-8:

Então, disse: Ouvi, agora, as minhas palavras; se entre vós há profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele, me faço conhecer ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do SENHOR; como, pois, não temestes falar contra o meu servo, contra Moisés? (ARA)

Os sonhos poderiam também ser usados de forma figurativa (Jó 20.8, Sl 73.19-20; 126.1). Veja o exemplo em Isaías 29.7-8:

Como sonho e visão noturna será a multidão de todas as nações que hão de pelejar contra a Lareira de Deus, como também todos os que pelejarem contra ela e contra os seus baluartes e a puserem em aperto. Será também como o faminto que sonha que está a comer, mas, acordando, sente-se vazio; ou como o sequioso que sonha que está a beber, mas, acordando, sente-se desfalecido e sedento; assim será toda a multidão das nações que pelejarem contra o monte Sião (ARA).

O uso no Novo Testamento
Todos os usos da palavra sonho nos evangelhos tem relação à pessoa de Jesus Cristo. Seis de todas essas aparições estão em Mateus. O anjo avisa José sobre a gravidez de Maria (1.20-23); o sábio é avisado para, depois de encontrar Jesus Cristo, não retornar a Heródes (2.12); José é avisado para fugir para o Egito com a criança e Maria (2.13); um anjo avisou José que poderia retornar a Israel (2.19-20); José, avisado em sonho, retirou-se para a região da Galiléia com os seus (2.22), o sonho da esposa de Pilatos, de que Jesus era um homem inocente (27.19).

A única aparição fora dos evangelhos da palavra sonho é uma citação de Joel 2.28 em At 2.17.


Sonhos em nossos dias (declaração pessoal)
Deus é onipotente, e por isso, capaz de fazer qualquer coisa que não seja contra seu santo caráter. Deus claramente administrou Seus propósitos de forma diferente na história e escolheu o sonho como uma delas. Assim como Deus usou o sonho no passado, ele é capaz e pode usá-lo no presente.

Todavia, não podemos negligenciar que hoje temos toda a Escritura Sagrada à disposição. Não foi assim com José, filho de Jacó, que não tinha um livro bíblico sequer para consultar. Semelhantemente, José, marido de Maria, somente tinha o Antigo Testamento, que pouco lhe ajudaria na decisão do que fazer para poupar a vida de seu recém chegado filho, Jesus. Se "revelação" é a palavra-chave dos propósitos dos sonhos, nada maior e melhor do que a própria Bíblia para cumprir este objetivo. Nas palavras de Pedro:  temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela prestarem atenção (2Pe 1.19 - Pedro coloca as Escrituras como mais importante que seu próprio testemunho pessoal da mais vislumbrante cena do ministério de Jesus, a transfiguração.)

É verdade que os sonhos que a Bíblia apresenta revelam algo bem específico e, para quem tinha discernimento para interpretá-lo, não havia dúvidas de seu significado. Em segundo lugar, os sonhos precediam os fatos revelados e não o contrário.

Sonhos como os apresentados na Bíblia podem acontecer em nossos dias, mas não são corriqueiros. Tenho amigos piedosos que disseram ter tido sonhos que revelavam algo em benefício do Reino de Deus. Não tive instrumentos para avaliar a veracidade de suas palavras e por isso nunca dei como mentira. Eu mesmo nunca tive um sonho que eu tivesse interpretado como algo vindo de Deus, como uma mensagem dEle diretamente para mim ou que eu fosse o mensageiro de tal mensagem. A maioria de meus irmãos em Cristo também nunca tiveram tais sonhos e interpretações de origem divina. Já vivi a experiência de evangelizar mais de uma cidade onde muitos de seus moradores (descrentes) disseram ter tido sonhos que incluíam a minha e a presença da equipe de evangelização. Continuo orando para que Deus dê estes sonhos às pessoas.

Com tudo isso em mente, uma coisa é certa: a Palavra de Deus é fundamento para nossas ações como servos e filhos dEle. Nenhum sonho pode tomar o lugar de Suas Palavras, nem mesmo contrariá-las (Dt 13.1-2; Jr 23.30-32). Lembre-se, a Palavra de Deus é perfeita para preparar o homem plenamente para toda boa obra (2Tm 3.16-17). Receber revelações através dos sonhos não o torna mais nem menos espiritual, pois com firmeza temos a Sua Palavra (1Pe 1.18-19).


O coração do que tem discernimento adquire conhecimento;
os ouvidos dos sábios saem à sua procura. (Pv 18.15)


Fontes:
- TENNEY, Merril C. (General Editor). The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible. Volume 2. Zondervan Publishing House, Grand Rapids, Michigan, 1972.
- DOUGLAS J. D. (Editor Organizador) e SHEDD R. P. (Editor em português). O Novo Dicionário da Bíblia. Volume 3. Ed. Vida Nova, 2ª edição, 1978.

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