segunda-feira, julho 26, 2010

As Parábolas do Mestre: O Filho Intolerante (Lc 15.11-32)

O Filho Intolerante
Por Reinaldo Bui

Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo (Leia Lucas 15.11-32).

O palco estava montado para apresentar o último personagem da parábola: o filho mais velho. Este ilustrava os escribas e fariseus, aparentemente obedientes, mas visivelmente intolerantes. Aparentemente porque eles demonstravam um viver piedoso, mas interiormente as suas atitudes eram abomináveis, como Jesus relata em Mateus 23:25-28.

O filho mais velho sempre trabalhou duro e, obediente a seu pai, nunca envergonhou sua família ou povo. Porém, fica evidente por suas palavras e ações, que ele não compartilhava a alegria de seu pai e irmão. Ainda assim o pai, com muita paciência, saiu ao seu encontro a fim de aplacar a raiva deste filho. O pai sábio não o repreende nem por em suas ações, nem pela forma desrespeitosa com que este se dirige a ele em sua justificativa. A compaixão deste pai amoroso também não cessa enquanto ouve suas queixas e críticas. Ele procura a restauração, salientando tudo o que ele é e tem para pedir ao seu filho obediente compreensão.

No entanto, este filho obstinado, em sua ira, nunca utilizou as bênçãos à sua disposição, assim como os fariseus tinham uma religião de obras meritórias. Eles esperavam ganhar as bênçãos de Deus por seu mérito e obediência à Lei. Nunca conseguiram entender a graça de Deus, nem compreender o significado do perdão. Não foi o que eles fizeram que se tornou um obstáculo ao seu crescimento, mas sim o que eles não fizeram que os afastou de Deus. Eles estavam irados com o fato de Jesus receber e comer com pecadores (estes sim enxergavam sua necessidade de um Salvador).

Ao dizer "esse teu filho," o irmão mais velho evita reconhecer que o pródigo é seu próprio irmão. Assim como os fariseus, o irmão mais velho estava definindo o pecado por ações externas, e não atitudes interiores. Em essência, o irmão mais velho estava dizendo que ele era o único digno de celebração e seu pai tinha sido injusto e ingrato para com ele, por toda a sua obra, por todo seu esforço. Agora o que tinha esbanjado sua fortuna estava recebendo o que não merecia. O pai carinhosamente dirige-se ao mais velho como "meu filho" e corrige o erro na sua forma de pensar, mostrando que o filho pródigo é "este teu irmão".

O foco do irmão mais velho era em si mesmo e, como resultado, não havia alegria na chegada de seu irmão para casa. Ele se consumia tanto com questões de justiça e equidade, que não conseguiu ver o valor no fato de que seu irmão havia se arrependido e voltado. Ele não percebeu que:

Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço. Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos (1 João 2.9-11).

Este filho intolerante permitiu que a ira e a amargura criassem raízes em seu coração a ponto de ser incapaz de perdoar ou mostrar compaixão para com seu irmão. Ele preferiu alimentar sua raiva em vez de gozar da comunhão com o pai, o irmão e a comunidade. Escolheu o sofrimento e o isolamento ao invés da restauração e reconciliação. Ele viu o retorno de seu irmão como uma ameaça à sua própria herança. Afinal, por que ele teria que dividir a sua parte com um irmão esbanjador, que procurou se alegrar longe da presença do Pai através de anos de infidelidade e libertinagem?

Não sabemos como essa história terminou para o filho mais velho, mas sabemos que os fariseus continuaram a oposição declarada a Jesus e a discriminar seus seguidores. Apesar dos apelos do Pai pedindo-lhes que se voltassem a Ele, eles não apenas se recusaram como quiseram calar Aquele que trouxe até nós as boas novas de reconciliação, promovendo a prisão e crucificação de Jesus Cristo. Sem dúvida, um final trágico para uma história cheia de tanta esperança, misericórdia, alegria e perdão.

Medite...
Quais sentimentos você abriga em seu coração com respeito aos que estão longe de Deus?

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