sábado, fevereiro 27, 2010

Devocional em Tiago: Da Teoria à Prática

8- Da Teoria à Prática 
Por Reinaldo Bui

Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar (Tg 1.22-25).

Quando esta carta foi escrita, a única forma de contemplar sua própria imagem era através do reflexo na água ou por meio de um metal polido. Estes eram os espelhos existentes na época. Tiago separa os crentes em duas categorias: ouvintes e praticantes. Compara o ouvinte àquela pessoa que examina sua face num espelho e mesmo constatando que sua aparência não está adequada, vira-se e logo se esquece do que viu. Faltam-lhe os dentes, seu cabelo está sujo e desajeitado, sua barba por fazer confunde-se com a sujeira impregnada no seu rosto, mas como não está mais contemplando sua face, age como se estivesse tudo bem. Já o praticante é aquele que vê, não se conforma, sabe que precisa mudar e passa a tomar medidas para melhorar este reflexo nada atrativo. Não se trata de culto à beleza, ênfase dos nossos dias, mas sim que a Palavra tem também a competência de refletir nossos defeitos. Porém, ela não nos transforma por si só. Precisamos trabalhar para esta transformação.

Embora os espelhos atuais tenham uma capacidade refletiva muito superior aos daquela época, eles ainda não tem a capacidade de consertar o que está errado, assim os mais preocupados com sua aparência dependem do serviço de um profissional para se ajeitar. Mas pena que é dada mais importância para o espelho de vidro do que à Palavra (o espelho de nossa alma). Tiago continua: Mas o homem que observa atentamente a lei... diz respeito ao primeiro passo que devemos tomar para que a Palavra alcance seu objetivo em nós. Sendo a Palavra de Deus, não podemos nos limitar a "uma olhadinha", precisamos nos debruçar para dedicar cuidado. Precisamos gastar tempo com a Palavra e fazê-lo bem feito. A mesma ideia foi exprimida no Salmo primeiro: ...antes o seu prazer está na Lei do Senhor e nela medita dia e noite. Observar atentamente e meditar dia e noite na Lei é um privilégio que temos para conhecer o que Deus tem a nos ensinar. Não se trata de uma "lei de restrições e punições” como os judeus a interpretavam e como muitos ensinam atualmente. Tiago chama esta Lei de perfeita, porque ela exprime toda a vontade de Deus. Talvez ele tivesse em mente o Salmo 19 quando escreveu estas linhas, e acrescenta: Lei da liberdade.

Liberdade é um conceito pouco compreendido pelos que vivem debaixo da escravidão da Lei, pois confundem com libertinagem. Libertinagem é a vazão da carne diante da liberdade. Podemos entender duas coisas deste termo Lei da liberdade. A primeira é que quando cumprimos com a vontade de Deus, garantimos a nossa liberdade e a de todos os que nos cercam com segurança. Outra é a liberdade para cumprir o princípio máximo dos mandamentos da Lei, ou seja, liberdade para amar a Deus e amar o próximo através da entrega voluntária da nossa vida. Os que são da carne não podem compreender esta liberdade que temos em Cristo, (liberdade para amar e servir) porque isto lhe parece loucura.

Tiago continua estimulando-nos a perseverar na lei, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante. Isto significa aplicar em nossa própria vida o que temos enxergado na reflexão honesta e sincera da Palavra de Deus. Paulo nos exorta (em Romanos 12) a nos transformarmos pela renovação da nossa mente para que experimentemos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Para renovar nossa mente precisamos passar por uma transformação, e para iniciar este processo precisamos de um espelho. Adivinhe qual é? Por fim, Tiago completa: esse será bem-aventurado no que realizar. Este é o caminho para felicidade genuína. Não vem de algo temporário, feito num momento, ou por um comprimido, por um programa, por ganhar algo, mas por verdadeira comunhão com Deus. Isto só se consegue gastando tempo com Ele!

Veja o devocional anterior:

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