domingo, agosto 08, 2010

As Parábolas do Mestre: O Amigo Ponta Firma (Lc 11.5-13)

O Amigo Ponta Firme
Por Reinaldo Bui

Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? (Leia Lucas 11.5-13)

Para compreender esta parábola precisamos conhecer um pouco mais da cultura oriental, principalmente no que diz respeito à hospitalidade. Primeiro, é simplesmente inadmissível um vizinho recusar pão a um amigo, seja o motivo que for. Além disto, o visitante é hóspede “na comunidade” e há uma obrigação moral da comunidade em receber bem o hóspede de qualquer família. O viajante se vai sentindo-se bem recebido pela comunidade. Esta parábola ficou conhecida como a do "Amigo Importuno" por causa da frase se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação. A palavra que foi (mal) traduzida por importunação é anaideia, que significa desaforo, imprudência, falta de moral. É imprescindível entender que esta palavra não é aplicada ao pedinte, mas ao vizinho dorminhoco, caso não suprisse a necessidade do amigo numa hora destas. Jesus não está dizendo que devemos importunar Deus até Ele dar tudo o que quisermos. Parafraseando, Jesus expõe a seguinte situação: Qual dentre vós que tiver um amigo que for lhe pedir pão à meia noite (para acudir um hóspede inesperado) teria coragem de recusar? Ainda mais dando uma desculpa esfarrapada do tipo ‘meus filhos já estão dormindo...' Vocês sabem que se não for pela amizade, fará por causa da vergonha de não cumprir com uma obrigação social. Portanto, este é outro caso de título equivocado por conta de uma má interpretação. Amigo ponta firme é aquele que não age com imprudência, que está sempre pronto para acudir uma necessidade. Deus é este amigo. Mas aí você levanta a seguinte questão: por que então nem tudo o que pedimos Ele atende? Vejo dois motivos principais. O primeiro tem a ver com a nossa obediência, compromisso e seriedade com a sua Palavra. Lemos em Provérbios 28.9: o que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável. O versículo é bem claro. Se você não se importa em saber a vontade de Deus sobre determinado assunto e faz as coisas da sua maneira, Ele não tem obrigação alguma de responder sua oração de socorro quando as coisas derem errado. Se você não concorda comigo, tente fazer isso. O segundo motivo tem a ver com os propósitos de Deus para nós. Na sequência Jesus expõe outra situação fazendo o mesmo tipo de pergunta para seus conterrâneos: Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião?

A resposta é obvia. O problema é que muitas vezes não sabemos pedir. Tiago diz que pedimos e não recebemos porque pedimos mal, para esbanjarmos em nossos prazeres (Tg 4.3). Note que o filho está pedindo para o pai um pão, um peixe ou um ovo, isto é, gêneros de primeira necessidade (assim como o amigo), para saciar sua fome. Lembro-me que quando era criança minha mãe me negava alguns pedidos insistentes antes das refeições. Acontece que eu estava com fome e achava que um pacote de biscoito recheado seria a solução para meu problema. A resposta era não, por mais que eu insistisse. E para piorar ainda mais minha situação, ela me deixava com fome por mais um tempo! Mas por que esta maldade? Não era maldade, mas é porque ela estava preparando o melhor para mim e sabia que se liberasse o pacote de biscoito saciaria minha fome e eu não ia mais querer o jantar. Para um infante, o biscoito é mais gostoso que uma sopa de legumes, mas um adulto sabe que não tem os nutrientes necessários para seu crescimento saudável. Para os imaturos, Deus pode parecer ruim não nos dando o que tanto queremos, mas quando crescemos, entendemos que Ele tem o melhor reservado para nós, porque nos ama. Há aquelas crianças que esperneiam até conseguir. Talvez esta seja a turminha do “eu determino.” Tudo bem, você pode até conseguir, mas sofrerá as consequências de uma saúde deficiente mais tarde.

Medite...
Qual tem sido o teor de seus pedidos nas suas orações? Como você interpreta o verso 13? Você já experimentou pedir que o Fruto do Espírito (Gálatas 5.22) transborde em sua vida?

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