terça-feira, agosto 10, 2010

As Parábolas do Mestre: Figueira Estéril? Não Necessariamente (Lc 13.1-9)

Figueira Estéril? Não Necessariamente.
Por Reinaldo Bui

Naquela mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam... (Leia Lucas 13.1-9).

Embora naquela época não existisse televisão e nem programa do Datena, vemos que o homem sempre gostou de comentar sobre as desgraças alheias. O assunto aqui era a morte horrível que alguns galileus sofreram. Havia alguma punição divina nesta história? Na opinião popular, aqueles galileus deviam ter cometido algum pecado que despertou a ira de Deus, por isso tiveram seu sangue misturado ao sangue dos sacrifícios que eles ofereciam. Entretanto, Jesus assegura que não. Nem neste caso e nem em outro, onde uma torre (talvez uma construção) caiu e matou dezoito pessoas. Nenhum deles era mais culpado que qualquer habitante de Jerusalém, e creio que posso acrescentar de toda a Terra. Então, Jesus complementa: Se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. O assunto é a morte! E sobre este assunto acho que Jesus podia falar mais do que qualquer um. Hoje, com toda ciência que o homem desenvolveu, os índices são exatamente iguais a de dois mil anos atrás, ou seja, 100% das pessoas que nascem morrem. Não tem escapatória! Assim como aconteceu com o rico insensato, um dia algum anjo lerá nosso decreto: Xiiii, não passa desta noite... A questão é: o que temos preparado? 

Ao dizer se porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis Jesus não está ensinando que aquele que se arrepender não passará pela experiência da morte (aliás, esta deve ser uma experiência fantástica e nós, cristãos, devemos estar preparados, conscientes e ansiosos para o dia em que nos encontraremos com o nosso Salvador). A questão aqui é a escolha que cada um faz para viver com sabedoria (o temor do Senhor é o princípio da sabedoria...) ou insensatez (...mas os loucos desprezam a sabedoria); é se arrepender, se converter para desfrutar de uma vida eterna. Por isso é que Jesus proferiu a parábola da figueira. Esta figueira, plantada numa vinha, é Israel. Eles tinham que ter entendido o recado, pois várias passagens do Antigo Testamento associam Israel a uma figueira, bem como a uma vinha ou mesmo à lavoura de Deus que seria devastada por causa da sua incredulidade (Jr 5.17; 8.13; Os 2.2; 9:10; Jl 1.7, 12) mas restaurada se houvesse arrependimento (Jl 2.22; Mq 4.4; Hc 3.17). A angústia de Jesus era ver quanto o coração deste povo estava endurecido e, portanto, tardio para entender que: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros (1Sm 15:22) e em Oséias 6:6 Deus disse: Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos. Assim, como ainda é hoje, Deus não sente o mínimo prazer em demonstrações de religiosidade, mas num coração contrito. A parábola fica em aberto: Se vier a dar fruto, bem está; se não... 

Este deve ser um alerta para nós. Embora a Igreja não tenha vindo substituir Israel, devemos ficar espertos, pois Paulo nos lembra em Rm 11:21 que se Deus não poupou os ramos naturais, também não nos poupará. Ele não está falando sobre perda de salvação (individual), mas o recado é para a Igreja como um todo. Infelizmente, estamos vendo uma Igreja cada vez mais voltada para seus eventos (mesmo um culto pode não passar de um mero evento), preocupada com o conforto e bem estar de seus membros, e menos voltada para os interesses de Deus.

Uma figueira dava figos por dez dos doze meses do ano, ou seja, era natural que se esperasse que ela apresentasse seus frutos regularmente, assim como nós. Sendo assim, cabe a pergunta: que frutos Deus espera que eu apresente? Convertidos? Boas obras? Largar tudo e ir para missões? Creio que não. Embora estas coisas sejam boas, elas são apenas consequências de uma vida que, não só exala o bom perfume de suas flores, mas que dá seu fruto o ano inteiro. Este fruto é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Não há lei que limite a produção deste fruto!

Medite...
Você vive ciente que um dia passará pela experiência da morte e estará frente a frente com nosso Deus? Será um dia de vergonha ou de alegria? Que fruto sua vida produz? Que fruto terá para apresentar ao Senhor da vinha e da figueira?

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