Por Marcos Granconato
Se eu fosse um mestre ao estilo de Jesus, contaria aos meus discípulos a seguinte parábola:
Havia uma mulher que tinha vários filhos. Certo dia, um deles decidiu estudar a história da mãe a fim de saber o que se passara com ela ao tempo da juventude. Em suas investigações, o moço descobriu que, tanto na infância como na juventude, sua mãe fora protegida por vários soldados que, com coragem e até à custa da própria vida, a defenderam de homens perversos que, com astúcia e crueldade, tentaram matá-la.
Prosseguindo na análise dos relatos antigos, o curioso filho ficou sabendo que, em tempos mais recentes, quando sua mãe já era uma mulher madura, inimigos terríveis mais uma vez se levantaram contra ela. Esses inimigos, porém, não eram violentos nem sanguinários. Antes, dedicavam-se a difamar a boa senhora dizendo que seu marido, agora ausente, na verdade nunca existira. Também a ridicularizavam, lançavam-lhe impropérios e atribuíam a ela os mais terríveis males da sociedade dos seus dias. De fato, diziam ser por causa dela que o mundo era tão ruim e estimulavam as pessoas a cuspir na boa senhora quando a vissem.
Terminada sua pesquisa, o filho refletiu acerca dos soldados antigos e, surpreendentemente, disparou: “Que péssimos soldados foram aqueles. Como puderam ser tão rigorosos a ponto de não respeitarem os agressores de minha mãe? Quanta rispidez e intransigência! Não é de estranhar que, tendo tais soldados por perto quando menina, minha mãe hoje seja, às vezes, tão rígida!”
Em seguida, o filho pensou nos difamadores de sua mãe, aqueles que tinham divulgado mentiras sobre ela em tempos mais recentes. Seu parecer chocou a todos: “Que homens magníficos foram eles! Que clareza de mente! Que perspicácia em perceber as falhas não só da minha mãe, mas também dos meus irmãos! E que visão nova e magnífica sobre meu pai! Daqui pra frente vou basear todas as minhas ideias no que esses gênios escreveram. Eles é que foram os verdadeiros amigos de meu pai!”
Ouvindo isso, os irmãos do jovem disseram aflitos: “Como podes tu dizer essas coisas? Tu que foste criado no seio de mãe tão honrosa, por meio de quem recebeste a própria vida? E como podes te insurgir contra a memória de soldados tão valorosos que, com sangue, suor e lágrimas, demonstraram tanto amor e cuidado por nossa mãe menina? Tu falas como um doido, tanto mais quando aplaudes justamente aqueles que, com suas mentiras, tentaram destruir não só o nome da nossa mãe, mas até a lembrança do nosso pai debaixo do céu.”
O jovem, porém, respondendo disse: “Vós nada sabeis! Sois intransigentes e radicais como aqueles malignos soldados do passado. Vossas palavras estão cheias de veneno e vossos olhos não podem ver, pois estais cegos. Vossas antigas formas de pensamento, tolices que vos foram inculcadas desde cedo em nossa casa, impedem que enxergueis a verdade ensinada pelos sábios críticos dessa velha caduca e cheia de deformidades que vós ainda chamais de mãe. Se, pois, não podeis suportar o que para mim é cristalino como a água, eis que vos digo o seguinte: doravante, buscarei outra mãe. Ficai vós, como meninos mimados, junto dessa senhora que, para mim, de nada mais serve.”
E, tendo dito isso, partindo, foi.
Quando ouvissem essas coisas, talvez meus discípulos dissessem: “Pastor, explica-nos a parábola do filho prófugo”. Então, eu responderia: “Vós sois assim tão tardios para entender? Atendei, pois, ao significado da parábola: a velha senhora é a Palavra de Deus, o verdadeiro evangelho proclamado pela santa igreja; os soldados são os pais da igreja e os reformadores do século 16; os críticos da mulher são os filósofos seculares mais recentes como Spinoza, Marx, Freud, Nietzsche e Sartre; o filho rebelde são os cristãos de hoje que adotam abordagens teológicas pós-modernas; os outros filhos são os que permanecem comprometidos com a Palavra e são chamados de fundamentalistas radicais pelos mestres pós-modernos. Ora, sempre que um cristão se insurge contra os defensores do Evangelho, admirando os inimigos da fé e buscando sabedoria neles, tal pessoa rompe com o cristianismo histórico e passa a buscar outros evangelhos, desonrando o Pai”.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
Fonte: Igreja Batista Redenção
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