terça-feira, maio 01, 2012

Ary Veloso (1935 - 2012): Um legado Ministerial

Por Fernando Leite
Editorial da IBCU de 29/04/2012

Quanto mais jovem se é, parece ter menos importância o passado. A valorização da história é proporcional ao tempo da própria vida pessoal, e isto pode ser por causa da compreensão que se faz necessária da razão porque as coisas são como são.

Nestes últimos dias acompanhamos  o estado de saúde do Ary se deteriorar, de foma que veio a partir e estar com o Senhor nesta Quarta, 25 de Abril. O Ary foi fundamental para o início da IBCU em 1984. Foi dele a visão de ter uma igreja na Cidade Universitária em Campinas. O Ary não foi marcante somente para nós, mas para a igreja brasileira e para o Reino de Deus no Brasil. Dentre tantas qualidade e peculiaridades que fizeram do Ary a personalidade marcante que foi, quero destacar somente uma que permeava todo o seu ser e vida. O Ary foi destemido, ousado e corajoso. Isso não no sentido de valente ou guerreiro, mas algo bastante discreto. Seu destemor, ousadia e confiança se manifestava de maneira muito prática:


Quebra de paradigmas - O Ary surgiu no meio cristão numa época em que a forma de ser igreja, culto, e pregação, o ministério em geral, era muito tradicional e engessado. O Ary trouxe uma pregação descontraída, criativa, muito bem humorada e muito aplicável. A primeira igreja que fundou tinha uma quadra no que seria a 'casa de Deus'. O louvor fugia aos padrões tradicionalistas e incluia principalmente cânticos numa linguagem contemporânea. Isso foi uma revolução que abriu as primeiras portas por um ministério liberto das algemas que o limitavam e corroiam.

Contato humano - Não me lembro de uma situação que deixasse o Ary embaraçado. Não importava a fama, projeção, nível social, capacidade intelectual, e até mesmo o fato de ser desconhecido, e isso não seria nenhuma dificuldade de o Ary se aproximar, estabelecer uma conversa, entregar um folheto ou pregar o evangelho. Em várias ocasiões em que eu poderia pensar mil vezes e não agir, o Ary já tinha feito a abordagem, se apresentado, dado sua opinião, ou pregado.

Grandes desafios - Desafios eram oportunidades para o Ary. Ele pensava grande, e como um líder por excelência, ele não tinha medo de sonhar alto, e nem tão pouco de fracassar. Ele olhava para as possibilidades, jamais como pessimismo, mas com a confiança que Deus no exercício de sua soberania o conduziria.

Exposição de suas fraquezas - O Ary não se escondia num alto púlpito, nem na indumentária 'santa', mas acima disso, o Ary deixava evidente suas fraquezas e tentações, mostrando o ser humano que todos nós somos, carentes de andar na verdade, na dependência de Deus e no cuidado dos irmãos.

Por estas coisas, nos alegramos em Deus pela maneira como o criou e aperfeiçoou. Louvamos a Deus pela forma como abriu as portas, não só para mim, mas para a igreja brasileira, para que se desenvolvesse um ministério cuja grande prioridade fosse a Palavra de Deus que deve ser vivida e anunciada de forma contextualizada. Eu agradeço a Deus, pessoalmente, pela oportunidade que tive de conviver e aprender com o Ary, como chefe, mentor e exemplo. Ele foi a pessoa que mais influenciou minha vida e ministério. A IBCU pode louvar a Deus, pois embora seja desconhecido por muitos, foi sua visão, exemplo, provisão financeira inicial e filosofia ministerial que Deus usou para dar início a esta igreja. Lembremos de orar pela Carolyn, Rosalee e Richard, para que Deus os alegre e console pela ausência aqui, da presença do marido e pai.

Nenhum comentário:

Postar um comentário