quarta-feira, julho 25, 2012

A suficiência da Palavra de Deus na evangelização

Por T. Zambelli*

Gosto muito de considerar as opiniões bíblicas de John MacArthur. No entanto, confesso que nem sempre estou em acordo com ele. Ainda assim recomendo seus livros e vídeos para muitos de meus irmão em Cristo, como o que pretendo fazer neste assunto, num tema muito importante: a evangelização.

Um de seus mais novos livros na língua portuguesa leva o título "Evangelismo" (Ed. Fiel). O primeiro capítulo do livro, escrito pelo próprio MacArthur**, impulsinou-me a publicar algo que considero fundamental: o peso da Palavra de Deus na evangelização. Pretendo, a partir de alguns versículos e as palavras do próprio autor do livro, passar uma ideia clara de como a Palavra de Deus é a chave e o poder para evangelização, bem como o equívoco de se pensar que o homem pode fazer algo que torne o coração do homem mais ou menos propício para receber o dom da graça. Abaixo:

Todas as palavras que estiverem em itálico são palavras tiradas de John MacArthur.

A passagem de Romanos 1.16 (e v.17) foi a mais marcante na transformação da vida de Martinho Lutero: "Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê." O apóstolo Paulo foi muito claro ao mostrar com firmeza a suficiência do Evangelho [as boas novas] para a salvação dos que creem. Tal notícia era atraente porque oferecia libertação do labirinto de regulamentos opressivos feito pelos homens e impostos pelos fariseus. Por outro lado, era assustador seguir a Cristo - requeria entrar pela porta estreita, negar a si mesmo, obedecê-lo até a morte. Seguir a cristo significava reconhecer a sua divindade e que sem ele não há salvaçÃo ou outro meio para reconciliar-se com Deus. Ademais, Jesus pregava a mensagem de arrependimento, submissão, sacrifício, dedicação radical e exclusividade.

Apesar do claro ensino de Paulo, há um mito dominante no evangelicalismo, que diz que o sucesso do cristianismo depende de sua popularidade. As pessoas toleram a ideia de que a sagacidade cultural de um pastor determina quão bem-sucedida será sua mensagem, e quanto sua igreja será influente. Tal abordagem, porém, vai contra o paradigma bíblico, cujo poder do Espírito no evangelho não se encontra no mensageiro, e sim, na mensagem.

Tal erro leva à noção perigosa de que a conduta e a palavra do pastor devam ser determinadas pela cultura em que ele está ministrando e um grande problema de se pensar assim é que, acima de tudo está a noção falsa de que um pastor possa fabricar conversões verdadeiras se ele parecer ou agir de determinada forma. O fato básico é que somente Deus controla a salvação de pecadores, como resultado de qualquer pregação. Muitos pregadores estão dispostos a alterar a mensagem da salvação de Deus e seu padrão de santidade. O resultado, é claro, é outro evangelho que não é evangelho algum.

Na parábola do semeador (Mc 4), Jesus é enfático em mostrar que a qualidade do solo em que a semente cai é a variável presente. O semeador e a semente são os mesmos, ou seja, o evangelista é o mesmo e o Evangelho é o mesmo. 

"Vocês foram regenerados, não de uma semente perecível, mas imperecível, por meio da Palavra de Deus, viva e permanente"
(1Pe 1.23  grifo meu).

Quando o apóstolo Pedro comenta sobre a regeneração, produto da salvação, ele se faz igualmente claro em apresentar o meio: a Palavra de Deus. Coisas externas não são o que fazem a semente germinar. O poder do Evangelho está na operação do Espírito Santo, não no estilo do semeador. Quando pessoas argumentam que o pastor deve comportar-se como determinado segmento da cultura para melhor alcançá-lo, deixam de compreender o que Jesus está destacando.

"Porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção"
(1Ts 1.5).

Além de saber bem o papel da Palavra, Paulo compreendia muito bem seu lugar na evangelização. Quando ele levou as Boas Novas a Corinto, plantou uma igreja e deixou-a aos cuidados de Apolo. Mais tarde, descreveu a experiência assim: "Eu plantei, Apolo Regou; mas o crescimento veio de Deus" (1Co 3.6). O preparo do coração para receber o evangelho é obra do Espírito Santo. É ele quem convence (Jo 16.8-15), regenera (Jo 3.3-8) e justifica (Gl 5.22-23). A obra no coração é domínio de Deus.

Jesus nunca sugeriu que devêsemos culpar o agricultor pela resposta negativa à mensagem do Evangelho. Os pecadores rejeitam a verdade e amam seu pecado. O problema não está no mensageiro fiel ou no verdadeiro evangelho, nunca! A única resposta possível das conversões é dizer que foi um milagre da graça e resultado da intervenção divina. O arrependimento verdadeiro é sobrenatural.

"Quem pode dizer: purifiquei o meu coração limpo estou do meu pecado?"
(Pv 20.9)
 
Que o nosso empenho na evangelização seja explicar a profundidade do pecado e seu merecido castigo com fidelidade a Deus no bom uso do meio que conduz imerecidos homens e mulheres ao imerecido lugar eterno na presença do santo e único Deus.


* T. Zambelli foi o organizador e abreviador das palavras de John MacArthur no livro Evangelismo.
** O livro não foi escrito exclusivamente por John MacArthur, mas por toda a equipe pastoral da igreja que ele faz parte, Grace Community Church.

Um comentário:

  1. O Livro FInalmente Vivos, de John Pipper desenvolve muito bem essa ideia de evangelização também...

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