sábado, março 03, 2012

Será que realmente precisamos de ajuda?

Por T. Zambelli

Quinzenalmente eu me encontro com um grupo de amigos para conversar. Atualmente baseamos nosso bate papo no livro Instrumentos nas mãos do Redentor, por Paul Tripp (Nutra Publicações). O capítulo três leva exatamente o título deste post: "Será que realmente precisamos de ajuda?"

Ao invés de você simplesmente responder sim ou não à pergunta, deixe-me, por favor, levá-lo a pensar. Você já notou que nos seis dias de criação, Deus somente conversou com o homem e a mulher? Soa bastante óbvio pensar nisso, né? No entanto, acredito que esta obviedade conduz muitos leitores a menosprezarem ou não observarem corretamente uma clara característica do ser humano: a comunicação. Posso, inclusive, ser mais específico, porque o homem e a mulher foram as únicas "coisas" que Deus criou e então com "o que" discursou. Deus fez os fundamentos, as plantas, os peixes, as avez e os outros animais, mas com nenhum deles Ele falou. Esmiuçando ainda mais, percebo que, mesmo tendo os insetos, peixes, aves e vários outros animais a destreza de se comunicar, Deus escolheu dar ao ser humano, a habilidade de com Ele também se comunicar. As palavras do texto bíblico nos mostra a qualidade desta conversa: Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra". Disse Deus: "Eis que lhes dou todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês. E dou todos os vegetais como alimento a tudo o que tem em si fôlego de vida: a todos os grandes animais da terra, a todas as aves do céu e a todas as criaturas que se movem rente ao chão". E assim foi. (Gn 1.28-30 NVI)

O que isso tudo tem a ver com eu e você precisarmos ou não de ajuda? Esta próxima pergunta nos ajuda com a resposta: 

Saberiam os primeiros seres humanos o que fazer se Deus não os dissesse? 

Leia a passagem bíblica mais uma vez e perceba que até mesmo o que era alimento foi apontado por Deus. Será que o homem e a mulher já sabiam disso?

Muitos acreditam precisar de ajuda porque reconhecem serem falhos, pecadores e dependentes de Deus. Apesar de ser verdade que todo homem e mulher são falhos, pecadores e dependentes de Deus, esta não é a justificativa correta para dizermos que precisamos ou não de ajuda. Antes mesmo do homem decidir pelo pecado, ele já carecia da ajuda de Deus. Ele precisava tomar decisões que envolvia o certo e o errado. Mas como o homem e a mulher saberiam se não houvesse alguém que lhes dissesse?
"Se não tivesse havido a Queda e nunca tivéssemos pecado, ainda assim precisaríamos de ajuda porque somos humanos." -- Paul Tripp, p.70.

A comunicação faz parte de quem o homem e a mulher são. O ser humano, diferente de toda a criação, é receptor da revelação de Deus. De forma singular, é com ele que Deus decidiu conversar. "Tentar viver sem a ajuda de Deus é designar a mim mesmo uma existência subumana. É viver como um animal, como se fosse algo diferente do que sou." (TRIPP, p.70)

Perceba também que toda a informação dada por Deus era e é verdadeira. Precisamos da ajuda dEle porque a verdade não reside em nós mesmos. "Os seres humanos precisam da verdade fora deles mesmos para dar sentido à vida. Precisamos da perspectiva de Deus para interpretar os fatos de nossa existência." (TRIPP, p.76). Sem a ajuda de Deus seremos incapazes de viver a verdade e estaremos sempre à mercê da cosmovisão vigente deste século, que consequentemente nos levará a uma vida desfocada do real propósito, causando expectativas e esperanças que não condizem com a verdadeira razão de nossa existência.

A única resposta que faz sentido às premissas acima é: "sim, eu preciso de ajuda!" Então, quais as formas de sermos ajudado? Já sabemos que nosso real auxílio é o próprio Deus, pois Ele é o detentor e fornecedor da verdade. Mas quais as formas dEle nos ajudar?

Deus, na sua multiforme graça ajuda-nos de diferentes e criativas formas. Porém, gostaria de focalizar aqui o próprio ser humano como instrumento dEle. Em Hebreus está escrito: Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo. Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama "hoje", de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado (3.12-13 - grifo meu). Apesar da verdade não fazer parte da essência do homem, ele pode ser canal de Deus para que a verdade alcance a todos. O objetivo do encorajamento (ou exortação), segundo a passagem de Hebreus, é para que as pessoas não tenham o coração endurecido pelo engano do pecado, ou seja, não sejam enganadas por suas próprias concepções de verdade, que troca o Criador como centro, pelas criaturas (cf. Rm 1). Já notou como temos facilidade em julgar os nossos semelhantes? Já percebeu a facilidade que temos em dizer aos outros que eles estão errados, quando também cometemos os mesmos erros? Jesus nos alertou: Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? (Mt 7.3-4 NVI) Precisamos de homens e mulheres que são instrumentos de Deus para nos ajudar a enxergar a verdade!

Portanto, mantenham em mente que você e eu somos pessoas que precisam de ajuda. Precisamos da suprema ajuda de Deus, o fornecedor da verdade, mas também precisamos de nossos semelhantes, canais de Deus para a proclamação da verdade. Um importante cuidado: não ache que somente os crentes são usados por Deus para a proclamação da verdade; Ele usa de toda criação para seus fins. Não se esqueça, igualmente, que você foi criado com a característica de receber e dar ajuda a outra pessoa. Baseie-se sempre na Palavra de Deus e seguramente você verá resultados frutíferos, na sua vida e na vida daqueles que estão ao seu redor. Viva em constante comunhão com os irmãos, humilde e honestamente. Ajude, com ou sem palavras.

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