Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. (Mateus 6.1)
Como vimos, quando agimos com imaturidade, Deus pode nos parecer ruim não dando o que tanto queremos, mas quando crescemos, entendemos que Ele tem o melhor reservado para nós, porque nos ama. A forma como Deus trabalha em nossa vida visa o nosso crescimento e aperfeiçoamento, por mais dura a experiência possa ser e ainda que entre em choque com as tradições que aprendemos. É isto que nos ensina a Palavra.
O Sermão do monte é o primeiro grande discurso público de Jesus. Podemos dizer que ele foi um marco do início de Seus ensinamentos. É bom ter sempre em mente que ensinar foi o principal ensejo do seu ministério, conforme ele mesmo afirma:
Jesus, porém, lhes disse: Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue
também ali, pois para isso é que eu vim. (Marcos 1.38)
Uma característica notória no sermão do monte, é que Jesus quebra muitos paradigmas da velha religiosidade, inclusive na questão da oração. Lembre-se que é neste contexto que Cristo faz menção sobre este assunto pela primeira vez, contradizendo o velho conceito:
Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. (Mateus 5.44)
Ao entrarmos no capítulo 6 do livro de Mateus, Jesus deixa claro uma idéia que já estava implícita em toda sua mensagem: a falibilidade da justiça humana, suas motivações e o julgamento de Deus sobre estas coisas. Ao vermos (humanamente falando) homens praticando boas obras, como o dar esmolas, por exemplo, (6.1-4), não temos recursos para julgar suas reais intenções. Mas há algo que Deus vê e o homem não vê, que são os recônditos mais escuros e profundos do coração humano. É lá que, muitas vezes escondidos sobre uma casca de bondade, ocultam-se nossas intenções mais enganosas. É disto que o profeta Jeremias se referia quando escreveu:
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?
E completa:
Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um
segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações (Jeremias 17.9-10).
Estou cada vez mais convencido que Deus leva muito mais em conta nossas intenções do que nossas ações. Não podemos nos deixar enganar, nem pensar que podemos enganar a Deus. Leia o que Paulo diz:
Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna. (Gálatas 6.7-8)
O raciocínio é bem simples: se nossas intenções ao praticarmos qualquer ato de aparente bondade ou espiritualidade (sejam esmolas ou orações) forem outras senão o amor e temor ao Senhor, pode ter certeza: não valeram absolutamente nada para Deus. Se desejarmos o reconhecimento dos homens, é tudo o que obteremos. Ação é o que o mundo enxerga, intenção é o que Deus considera.
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