Pai nosso, que estás nos céus
Mateus 6.9b
Nossa vida deve ser uma vida de oração. Todos os crentes devem orar, e orar constantemente! Porém, não oramos como convém. Com isto, podemos subentender que podemos falhar na quantidade, qualidade, no foco, nas premissas, ou até mesmo numa visão equivocada de quem é Deus. Mas continuamos a orar, alguns com maior outros com menor intensidade. Todos nós temos a necessidade de buscar o Senhor e motivos não nos faltam. Porém, aqueles que O buscam, devem fazê-lo com sinceridade de coração, com a motivação correta.
Quando Jesus nos ensinou a orar ele tinha mais alguma outra intenção além do uso que comumente fazemos da oração. Ele não estava preocupado apenas com o que sentimos. Estava preocupado com o que somos, e ao invés de projetar nossa mentalidade antropocêntrica para nossa vida de oração, Jesus inicia com a pessoa do Pai. Diferente de nós, Ele não estabelece limites para Deus, muito pelo contrário: Jesus ensina que Deus não é estranho ao homem – Ele é nosso Pai. Segundo, Deus não está restrito a um grupo seletivo – Ele é Pai daqueles que o buscam. Terceiro, Deus não está limitado a quatro paredes – Ele está nos céus! Jesus, então, estabelece este extraordinário reconhecimento de quem Deus é. Ele foi o único a descrevê-lO como Pai, estabelecendo assim uma diferença fundamental entre nós e as outras religiões. Nós podemos chamá-lO de Pai (não confundir com a banalização popular de que ‘todo mundo é filho de Deus’).
Queira ou não, toda a existência humana depende da soberana misericórdia de Deus. Isto está muito acima de uma simples experiência de paternidade humana, ainda mais que, por sermos imperfeitos (às vezes como filhos, às vezes como pais), este relacionamento fica seriamente comprometido. Algumas pessoas não conseguem aceitar Deus como Pai, por causa do exemplo que tiveram em casa. Mas Deus não teme isto. Ele não se deixa limitar por causa das nossas limitações. Vejo que Deus ainda utiliza desta analogia por três motivos principais: para revelar algumas de Suas características e atributos; para nos ensinar o que é ser pai; e também para construir esta relação conosco nos proporcionando experiências com Ele. Ora Ele nos educa, ora disciplina, ora age como aquele pai que, apesar de todo seu conhecimento e experiência, senta-se ao lado de seu pequenino filho para ouvir pacientemente ele gaguejar a leitura de suas primeiras palavras, pega em sua mão para riscar com ele suas primeiras letras ou simplesmente ajudar encaixar as pecinhas do seu lego.
Paulo, referindo-se a este relacionamento, escreve:
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba,Pai ( no original, Papai). O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. (Romanos 8.14-16)
Embora eu tenha sido um filho rebelde no passado, quando penso no meu pai, não posso deixar de lembrar que apesar de tudo o que fiz na minha adolescência, ele nunca deixou de me amar, me acolher, me alimentar. Por isso posso dizer que, se sou o que sou hoje, se estou onde estou, é porque ele não desistiu de mim.
Não sabemos orar como convém e tampouco nos comportar como convém. Mas pode ter certeza que nosso Pai que está nos céus está sempre disposto a nos ensinar a andar. Como crianças, muitas vezes tropeçamos e caímos. Se olharmos para o nosso pai, veremos ele ao nosso lado de mãos estendidas para nos ajudar a levantar. Precisamos aprender a cultivar algumas características inerentes às crianças, mas que infelizmente perdemos quando adultos, como: autenticidade, humildade, simplicidade e dependência.
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