sexta-feira, abril 22, 2011

Devocional sobre Oração: Oportunidade de confessar nossos pecados

Por Reinaldo Bui

E perdoa-nos as nossas dívidas...
Mateus 6.12a

Assim como “Faça a tua vontade” é o ingrediente principal desta oração, “Perdoa como nós perdoamos” é o sal que a tempera. Este verso mostra claramente o sentido que Jesus quer dar para a oração toda: puxar para nós a responsabilidade daquilo que estamos pedindo a Deus. Aqui sentimos (ou pelo menos deveríamos sentir) o peso da carga, daquilo que estamos pedindo. Creio que a grande maioria não sente ou não percebe a seriedade deste pedido. Literalmente estamos pedindo que o Senhor nos perdoe na mesma proporção que perdoamos aqueles que nos ofendem: "Me perdoe do jeito que eu perdôo." Ai!!!

Vamos considerar que quando Jesus pronunciou este ensinamento, seus ouvintes originais ainda viviam debaixo de uma aliança condicional. Basicamente esta velha aliança era composta de ordenanças e as bênçãos e maldiçoes que o povo colheria estavam condicionadas à sua obediência. Por isso Jesus completa mais adiante:

Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.

Note a conjunção condicionante "se." Isto significa que o perdão de Deus às dívidas e ou ofensas contra Ele está condicionado à nossa disposição de perdoar também. Baseado neste pedido (que nós estamos fazendo) ninguém seria perdoado. Mas vivemos debaixo de uma nova aliança, baseada na graça de Deus por meio do perdão dos nossos pecados em Cristo. Graças a Deus por isto!

Ainda assim, precisamos analisar com muito cuidado o que este pedido tem a ver com a gente hoje. Quando pedimos perdoa as nossas dívidas, estamos declarando que somos pecadores (convictos?) e que precisamos do perdão de Deus. Paulo tratou disto em Romanos, quando escreveu que todos pecaram e carecem da glória de Deus (Romanos 3.23), e não somente Paulo, mas a Bíblia toda narra a história da queda do homem e as consequências do seu pecado. Reconheça você também a sua natureza e confesse sinceramente o que Deus já sabe. Em I João 1.8, 9 lemos que:

Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.

Mil anos antes, Salomão já havia dito que o que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia (Provérbios 28:13). Somos pecadores, não há como negar. Mas temo que o conceito de pecado seja tão nebuloso para os cristãos atuais que muitos de nós (crentes) não consigamos identificá-los em nossas próprias vidas (na vida do irmão é mais fácil, né?). Em alguns círculos evangélicos, manter a aparência já é o bastante, portanto não fume, não beba, não jogue e não dance e você será considerado um crente bem espiritual. Só que “aquilo que você pensa quando ninguém está olhando” diz exatamente quem você é. Embora seu próximo não saiba (pais, irmãos, pastores e líderes), Deus sabe. Ao ler a Palavra, aprenda com o erro dos personagens. Procure entender através das narrativas de onde brotou a cobiça, o orgulho, a indiferença, a inveja, a amargura, o ódio, a corrupção, a desobediência, a imoralidade, a acepção de pessoas, a hipocrisia, a falsidade, a mentira, (...) e veja se não há no seu interior algumas destas sementes querendo germinar... ou se já não está tomando forma de uma árvore! Mas olhe para você e não para o outro. (Mateus 7.3-5).

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