Por Reinaldo Bui
Paulo, servo de
Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus
(Romanos 1.1)
O que faz um homem mudar radicalmente suas convicções
pessoais? A princípio, conhecer outra opção já basta. Normalmente pessoas
sensatas, quando tomam conhecimento que estão caminhando na contra mão,
procuram corrigir sua rota, e há aqueles que insistem no erro e recusam-se a
mudar, seja por teimosia, seja por orgulho, que no final das contas, dá no
mesmo.
Algumas pessoas são demasiadamente influenciáveis e mudam
constantemente de opinião. Tais pessoas se deixam levar pelas massas e são
facilmente manipuláveis. Existem também pessoas extremamente convictas de suas
opiniões e baseiam-se em argumentos que nos fazem, no mínimo, ponderar em suas
colocações. Algumas destas até são abertas para ouvir e discutir novas ideias.
Mas há daquelas que são tão turronas que mesmo diante de evidências irrefutáveis
recusam-se a sequer considerar seus caminhos. Penso que muitos de nós agimos
assim em assuntos variados. Nestes casos, só a intervenção divina para mudar
corações endurecidos.
Saulo de Tarso era um homem convicto de sua fé. Hebreu de hebreus,
da linhagem de Israel, da tribo de Benjamin. Vinha de família nobre, recebera a
melhor educação vigente na época[1] e ainda possuía
cidadania romana. Segundo a lei era um
fariseu irrepreensível, ou seja, extremamente zeloso no cumprimento da lei e da
tradição judaica. Fora designado pelas autoridades do sinédrio a nobre missão
de descobrir onde se reuniam os seguidores da “seita do nazareno” ou “do
caminho” (conforme designavam as autoridades judaicas), seita esta recém
inaugurada pelo blasfemo e crucificado Jesus de Nazaré. Lucas registrou em Atos
8.3 que Saulo assolava a igreja, entrando pelas
casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere. A
palavra assolava traz uma ideia de terror, ou seja, “Saulo aterrorizava aquelas
pessoas”. Foi numa destas viagens que Saulo passou por uma experiência que
transformaria sua vida para sempre:
Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os
discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as
sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho,
assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém. Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de
Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe
dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele
perguntou: Quem és tu, Senhor?
Este encontro com Jesus provocou uma mudança radical em suas
convicções e acabou por mudar todo o curso de sua existência. Uma rápida análise
no primeiro versículo de sua carta aos romanos nos diz alguma coisa sobre esta
mudança. A começar pelo nome: de Saulo para Paulo. Olhando para o significado de
cada nome, observamos uma guinada no que ele pensava sobre si. O nome Saulo tem
origem no hebraico Saul, que significa desejo, desejado. Já o nome por ele
adotado, Paulo, significava “pequeno”, o menor dos apóstolos, como ele mesmo se
definira (1 Co 15.9). Da mesma forma, suas credenciais também mudaram
radicalmente: de VIP (“Very Important Person”) para servo, escravo. Em
Filipenses 3.7,8 o apóstolo escreve:
Mas o que para mim era lucro (todo seu histórico e
formação), passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso,
considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de
Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero
como esterco para poder ganhar a Cristo.
Como vimos, aquele encontro com Jesus na estrada para
Damasco mudou não apenas suas convicções, mas transformou radicalmente sua
vida. Aqui cabe uma pergunta: é possível que uma pessoa mude sua opinião sem
haver transformação de atitudes? Sim. Uma coisa é mudar de opinião, outra é
permitir que estas façam algum efeito em sua vida. É possível uma pessoa mudar
de mente mas não mudar de atitude, porém isto nos faz questionar o quanto ela
acredita naquilo que confessa. Uma transformação só é completa quando ela
começa na mente (renovação de seus valores e sua cosmovisão) e passa a influenciar
todas as suas ações. No caso de Paulo, e também no nosso, a renovação da nossa
mente deve resultar na oferta dos nossos
corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus como um culto permanente
e racional. Somente assim poderemos experimentar
qual é a boa, perfeita e agradável vontade de Deus para o nosso ser. O que
o Senhor espera de nós, foi o que Paulo demonstrou com sua própria vida: não
nos conformarmos com este século, não nos deixarmos influenciar pelas atrações
e propostas deste mundo, não andar conforme os ditames deste sistema (Rm 12.1-3).
Paulo aprendeu que Deus tem poder para nos transformar, que
somente Ele pode nos transformar e que o Seu Evangelho é o agente da
transformação que Ele deseja, conforme escreveu: O Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.
Quando Paulo compreendeu e creu no Evangelho, suas convicções mudaram – algumas
ideias foram demolidas dando lugar a novas certezas, renovando sua mente, redefinindo
completamente seus valores e sua fé, resultando em novas ações e num novo viver.
Mas isto foi só o começo. O apóstolo também sabia que, a
partir daquele ponto, ele iniciaria uma jornada onde a fé neste Deus (que
começara esta boa obra em sua vida), deveria ser o elemento principal para uma
caminhada rumo à maturidade cristã: visto que a
justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé. Não apenas para
salvação, mas em cada passo desta nova jornada precisamos de fé. Então ele cita
o profeta Habacuque: O justo viverá por fé
(Rm 1.17).
Certamente esta passagem era bem conhecida para o versado
nas escrituras Saulo de Tarso. Mas se antes ele interpretava “viverá” apenas
para a vida neste mundo, agora, ao conhecer a vida eterna, a partir de seu encontro
com Jesus, podemos imaginar que sua percepção deste trecho das escrituras fora profundamente
modificada e amplificada. Pegando a definição de fé encontrada em Hebreus 11,
somando com a citação de Paulo a Habacuque, e parafraseando-os temos a seguinte
afirmação:
“O justo viverá (enfrentará todos os
obstáculos da vida) porque ele tem certeza
das coisas que espera, e sustenta uma
firme e inabalável convicção em fatos que ele ainda não pode ver.”
Portanto, assim compreendemos plenamente o que profeta quis
dizer. Você crê que o Evangelho é o poder de Deus
para a salvação? E que o justo viverá pela
fé? Ótimo, pois isto já mostra onde estão fincadas suas convicções. Mas
e a sua vida? Que efeitos esta sua confissão de fé, isto que você diz crer, tem
sobre suas ações cotidianas bem como o planejamento da sua vida? Que poder o
Evangelho exerce sobre você? É a partir
deste ponto que o apóstolo desenvolve todos os argumentos de sua carta aos
romanos. Será que ele tem algo relevante para nos ensinar? Há alguma convicção
que ainda precisa ser confrontada? Há alguma área da minha vida que precisa ser
transformada? Verifiquemos então.
Obrigada por compartilhar conosco as verdades de Deus e nos fazer refletir sobre nossa própria vida! um abraço,
ResponderExcluirAdrielle