segunda-feira, setembro 30, 2013

Casados com quem? Com a Lei?!?

Por Reinaldo Bui


Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido enquanto ele vive, mas se o mesmo morrer desobrigada ficará da lei conjugal... Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. (Leia Romanos 7.1-6)

Paulo inicia Romanos 7 fazendo uma analogia entre o relacionamento conjugal e a relação do judeu com a lei: “pois falo aos que conhecem a lei”. Se em Gálatas a lei é comparada a um aio, aqui ela é comparada a um marido. Uma vez morto o cônjuge, o judeu estaria livre para contrair novas núpcias. Para que o judeu pudesse entregar sua vida a Cristo, ele precisaria “sepultar” sua aliança com a lei e confiar plenamente em Jesus como salvador. Assim, ele estaria livre para servir a Deus, não pela força da lei, mas pelo poder do Espírito que passou a habitá-lo quando ele creu.

A lei pode ser comparada a um fio de prumo, um instrumento que é um padrão de retidão e que serve para evidenciar o defeito, mas não conserta absolutamente nada. Reflita um pouco sobre o que o apóstolo Paulo escreveu aos Colossenses sobre o legalismo: 

“Estes preceitos podem parecer bons, pois prescrições deste tipo exigem uma devoção séria e são humilhantes e duros para o corpo, porém não têm efeito algum quando se trata de subjugar os maus pensamentos e desejos duma pessoa. Ela só se torna orgulhosa com tais prescrições.” (Cl 2.23 B.Viva)

Definitivamente, a lei não pode controlar os desejos pecaminosos da nossa carne. Ao contrário, ela apenas os evidencia. Em Cristo, o judeu morreu para a lei, e está livre para servir ao Senhor pelo poder do Espírito Santo. 

Agora, se este é o ensino para o judeu, o “povo da (antiga) aliança”, quanto mais para nós, gentios – que não nascemos debaixo da lei? Por que, então, algumas denominações insistem que o crente deve cumprir a lei? Uma vez salvos por Jesus, temos que voltar para a lei para fazer tudo o que ela manda?
Em Atos 15 vemos que esta questão estava gerando confusão na Igreja primitiva. Havia um conflito entre os judeus que questionavam: os gentios devem cumprir a lei de Moisés? Por conta desta questão, houve um concílio entre os apóstolos (lembre-se que estes eram judeus). O primeiro a falar foi Pedro (vv.7-11). Veja as afirmações que ele faz: Deus concedeu o Espírito Santo tanto aos judeus quanto aos gentios sem distinção; purificou nossos corações pela fé e nos salvou pela graça; que a lei era um jugo e que eles não poderiam impor aos gentios o que nem eles suportaram. Por fim, Tiago, o líder da igreja em Jerusalém, dá o veredicto final (v.19). Seu ministério era entre os judeus (detentores da Lei), e mesmo assim, o máximo que ele orienta é que os gentios se guardassem da idolatria, da imoralidade, e da insalubridade. 

Com base nestas passagens, podemos entender que, embora desejosos de agradar a Deus, alguns crentes persistem num erro. Estes têm zelo, mas com entendimento equivocado da Sua Palavra. Em alguns casos (a princípio) a mensagem é sempre a mesma: “a salvação é somente pela fé”. Mas a partir daí a coisa muda de figura: “Agora você tem que cumprir a lei para ser batizado e continuar cumprindo a lei para se manter salvo!” Será que é assim mesmo que deve ser? Leia novamente Tiago 1.10 e Gálatas 3.10,13.

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