Por John Piper
Lembro-me de uma ocasião em que caminhava com meu amigo Tom Steller
para uma livraria. Conversávamos a respeito das palavras de Jesus sobre
a ansiedade. Quando mencionei a frase “Qual de vós, por ansioso que
esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” (Mt 6:27), parei no meio de uma avenida movimentada e quase fui atropelado.
Isso, certamente, me fez pensar: “Bem, suponho que você realmente possa
acrescentar um côvado ao curso da sua vida se for ansioso o suficiente
para prestar atenção ao semáforo”. Certamente um cruzamento não era
assim, tão perigoso, nos dias de Jesus. Contudo, ele teria concordado
que você pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida se
não caminhar pelo deserto a ponto de morrer de sede tentando
atravessá-lo incansavelmente. Se a fobia do deserto livrá-lo disso,
então a ansiedade não acrescentaria algo ao curso de sua vida?
Não! Não é a ansiedade que o livra. É a precaução racional. O desejo de
não morrer no deserto não é a mesma coisa que a ansiedade de caminhar
nele. A ansiedade é um sentimento interior esmagador, tenso,
amedrontador, que pode ou não ser acompanhado da precaução racional.
Esta, sim, pode adicionar um côvado a sua vida, e não as sensações
ruins. A precaução prolonga vidas; a ansiedade encurta muitas delas.
A passagem “não andeis ansiosos pela vossa vida” (Lc 12:22) não
significa “atravesse o sinal vermelho” (ao menos, nem sempre).
Significa, em vez disso: “Não viva apavorado com a idéia de morrer
atropelado num cruzamento.” Em outras palavras, expressa a crença de
que, se você morrer atropelado, Deus continuará no controle. Você
estará com ele, e ele cuidará de sua família.
Isso quer dizer que, se uma caixa de ouro estiver do outro lado da rua e
o Reino de Deus estiver deste lado, não atravesse, ainda que o sinal
esteja verde. Significa também que, se uma luz vermelha tentar
impedi-lo de doar generosa e sofridamente aos pobres e às missões esta
semana, caminhe no vermelho! Cautelas financeiras quase sempre são
bastante conservadoras. Depois do azul, a cor favorita de Deus é o
verde. Considere os lírios do campo.
Pai, liberta-nos do auto-engano que nos faz acreditar que a ansiedade é mera precaução, e que a precaução incrédula é realmente boa e não mera ansiedade disfarçada. Oh! Quão enganosa é uma alma autopreservadora! Tem misericórdia de nós e torna-nos ousados. Livra-nos do medo e da prudência que nos impede de amar. Torna-nos mais ávidos pela alegria de dar que pela segurança de guardar. Em nome de Jesus. Amém.
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