sábado, janeiro 14, 2012

A língua: como conter o fogo (Parte 2)

Mark Dutton

Depois de constatar que a língua é um teste da verdadeira espiritualidade de uma pessoa, precisamos reconhecer uma segunda verdade inescapável: nossas escolhas têm consequências. Pode ser que essas consequências (tanto as bênçãos como a disciplina de Deus) não se apresentem no exato momento que esperaríamos que elas viessem. Quando se trata de enfrentarmos as consequências resultantes de uma escolha pecaminosa, normalmente queremos que elas demorem o quanto possível. No entanto, independentemente do nosso querer, as escolhas que fazemos produzem consequências – algumas delas têm um impacto eterno que pode ser bom ou ruim.

As consequências podem funcionar em dois sentidos
Paulo escreveu em Gálatas 6.8 que se semearmos para a carne, colheremos corrupção. Isso pode impactar um casamento, uma família, uma igreja, uma amizade ou mesmo o ministério de uma pessoa e seu testemunho. No entanto, se semearmos para o Espírito, ceifaremos vida eterna – podemos desfrutar para a eternidade a vida que temos em Cristo, a graça de Deus e Sua misericórdia, amor e paciência – e todas as demais bênçãos prometidas na Palavra de Deus.

Algo que devemos lembrar é que as consequências podem ser boas ou más – dependendo da escolha que uma pessoa faz e de como Deus, em sua soberania, escolhe permitir que essas consequências se manifestem. Tiago nos advertiu sobre o resultado do uso da língua: “Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim” (Tg 3.9-10).

Outro fato que precisamos encarar é que nossas palavras têm impacto maior do que nós realmente imaginamos. Em resumo, nós costumamos subestimar o poder da língua. Ela pode glorificar a Deus e ter um impacto eterno na vida dos outros ou, em determinadas situações, ela pode roubar de Deus a Sua glória e ter um impacto prejudicial em vidas.

Princípio n. 2: Reconheça os usos destrutivos da língua
Na parte 1, vimos que a língua pode ser um barômetro da espiritualidade. Agora é hora de considerarmos algumas demonstrações do poder destrutivo da língua. É interessante notar que Tiago não nos diz como o poder destrutivo da língua é demonstrado na fala humana. Ele sabe que a mente espiritual, informada pela Verdade, não encontra dificuldade para fazer as conexões. Uma vez que temos a nossa disposição o conjunto completo de verdades da Palavra de Deus, precisamos pensar de quais formas específicas, além da mentira, a nossa língua pode ser destrutiva.

Mexericos
É interessante que não precisamos caminhar muito no Novo Testamento (nem mesmo na igreja primitiva) para encontrar o pecado da fofoca. Fofocar traz a ideia de falar com alguém sobre um assunto do qual a pessoa não é parte nem do problema nem da solução. Fofocar também inclui falar pelas costas de uma pessoa aquilo que eu nunca diria diretamente a ela, e tratar levar a outras pessoas os detalhes de um problema sem antes procurar a pessoa com quem eu tenho o problema.

O escritor de Provérbios 18.8 registrou: “As palavras do maldizente são doces bocados que descem para o mais interior do ventre”. A fofoca, muitas vezes, esconde-se por trás de raciocínios aceitáveis como, por exemplo: Você já ouviu falar…?, Você sabia que …?, Eu não acredito que seja verdade, mas ouvi dizer que…, Vou lhe contar isto se eu souber que não passará adiante… ” ou “Estou lhe contando isso para que você possa orar comigo”. Kent Hughes, em seu livro As Disciplinas do Homem Cristão, expressa-se muito bem ao escrever: “Esta atitude parece tão piedosa, mas o coração que se alimenta de ouvir notícias maldosas é uma arma do inferno e deixa chamas em seu rastro”. Se há um problema, só devemos falar com as pessoas que fazem parte do problema ou parte da solução do problema.

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