quinta-feira, junho 04, 2009

João Calvino: a vida cristã

O segundo capítulo do livro de Mark Shaw, Lições de Mestre (ed. Mundo Cristão) fala sobre João Calvino, um dos nomes mais conhecidos no meio evangélico.

Breve Biografia
Calvino nasceu em 1509, em Noyon, na França. Seu pai o enviou para a Universidade de Paris para ser sacerdote católico, até o dia que Gerard, seu pai, foi excomungado da igreja. Enviou então seu filho para fazer direito, todavia, morreu antes de ver Calvino formado.

Próximo a 1533 as idéias de Lutero circulavam Paris. Pouco antes dessa data Calvino já via transformado seu coração pela verdadeira mensagem da Palavra de Deus sobre a salvação. Sua conversão o fez buscar conhecer mais a Deus de uma forma estonteante.

Sua reputação como evangélico trouxe alguns problemas, tendo então que se refugiar. Escreveu Institutas da Religião Cristã enquanto estava em Basel, Suíça. Depois ministrou dois anos em Genebra pela insistência de William Farel. Foi despedido pelo conselho da cidade e mudou-se para Estrasburgo (na época ainda Alemanha), onde casou-se com uma jovem viúva, Idellette de Bure. William voltou e o convenceu a voltar para Genebra, onde morreu em 1564, fazendo a escola onde trabalhava por lá, segundo John Knox, de "a escola mais perfeita de Cristo desde os tempos dos apóstolos".

Calvino defendia a existência de seis bons hábitos cristãos.

1-Dependa do Espírito Santo
Para Calvino, o maior segredo de santidade é a obra que o Espírito Santo faz em nosso interior. A maior obra do Espírito Santo é nos unir com Cristo. É Ele o responsável por esta união, que ocorre através de nossa fé.

O firme e seguro conhecimento da divina benevolência para conosco, conhecimento que, fundado na verdade da graciosa promessa em Cristo, não só é revelado à nossa mente, como também é selado em nosso coração, mediante o Espírito Santo (Institutas 3.2.7 - pg. 53 no livro de Shaw).

A união com Cristo não é estática. Ela produz mortificação e vivificação. A união com Cristo é nossa união com Sua morte (cruz) e sua vida, a ressurreição. Por isso podemos viver uma nova vida na Terra.

Para Calvino, santidade, justificação e etc são benefícios da salvação, base da única e verdadeira espiritualidade.

2- Pratique a Negação do Eu
A base da negação do eu é uma questão de posse, que responde à pergunta: quem está no controle de minha vida? Segundo Calvino, não há um pecado que deva ser mortificado primeiro, mas a raiz do pecado, que é nossa autonomia em relação a Deus. Essa é a base do calvinismo (não a questão da eleição).

João Calvino retirou este elemento de Mt 16:24: Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a sim mesmo, tome a cruz e siga-me. Ele dizia que precisamos nos preocupar com o nome, a vontade e o plano de Deus, não os nossos.

Se soubermos fazer isso, saberemos amar mais o próximo, pois buscaremos nossos desejos depois das necessidades do próximo, mostrando então um amor genuíno e não egoísta; dou porque me deram.

Para Calvino, a pessoa que aprendeu a negar a si mesma ficará contente... com o que quer que lhe aconteça, porque o saberá ordenado pela mão do Senhor, recebê-lo de ânimo sereno e agradecido, para que não resista contumazmente à autoridade daquele a cujo poder a si próprio e a tudo o que é seu há submetido de uma vez por todas (3.7.20; pg.59).

3- Carregue a cruz
Devemos conhecer o poder do sofrimento, pois é ele quem nos mantém firmes na fé. Esta é a arma secreta do cristão contra o ataque primário de Satanás contra nossa fé. O próprio Cristo aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu (Hb 5.8).

O sofrimento nos ajuda a quebrar o orgulho e confiar em Deus. Abaixo a explicação de Calvino do porquê devemos ser pacientes na aflição.
Agora, porque, na verdade, aprazível nos é, afinal, aquilo que reconhecemos ser-nos para a salvação e para o bem, também neste aspecto consola-nos o Pai boníssimo, enquanto declara que nesse próprio fato de que nos aflige com uma cruz à salvação nos consulta (3.8.11).

4- Olhe para a eternidade
A única forma, segundo Calvino, de enxergarmos com perfeição é mantendo um olho na vaidade dessa vida e outro nas glórias da vida eterna. Devemos todos "meditar sobre a vida futura" como parte da espiritualidade correta.

Para ele, a escatologia é a matéria que nos orienta a sermos alegres e esperançosos, pois todos devemos ter a correta expectativa do dia da morte e da ressurreição final. A fé no vindouro nos dá alegria de vivermos a presente vinda.

5- Use tudo desta vida para a glória de Deus
Há dois propósitos para as coisas criadas, de acordo com Calvino: beleza e utilidade. Devemos usar o que Deus criou colocando-O dentro de nossos sentimentos. Ele ensinou o seguinte procedimento para isso:
a. Delisgar
b. Contentar-se
c. Prestar contas
d. Tratar com diligência

A piedade dos puritanos era baseada no ensino de Calvino, reconhecida pelo sociólogo Max Weber, que disse que a ética puritana era uma piedade centrada neste mundo, que se opunha à piedade do monasticismo, mas voltada para o outro mundo.

6- Seja persistente na oração
Calvino diz que a oração é o principal exercício da fé. Ele apresenta quatro regras para sermos eficazes na oração:
a. Reverência a Deus
b. Necessidade sincera
c. Um espírito contrito e humilde
d. Fé confiante

Círculo de crescimento espiritual


Agora que você já conhece a idéia de João Calvino, que tal colocá-la em prática em sua vida?

Artigo baseado no livro Lições de Mestre de Mark Shaw (Ed. Mundo Cristão).

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