A salvação vem de Yahweh – Jn 2.9b
Jonas falta com amor em ação,
mas Deus é exaltado por sua compaixão.(David J. Merkh.)
QUESTÕES INTRODUTÓRIAS
O tempo de vida e ministério de Jonas são fáceis de serem determinados, visto uma específica menção em 2Rs 14.25, durante o reinado de Jeroboão II (793-753 a.C.). Ele era contemporâneo de Oséias e Amós. Ele era identificado como alguém que trazia profecias precisas, quando prediz vitória militar para Israel.
Seu nome significa “pomba.” Ele profetizou a recuperação política e econômica do Reino do Norte, possivelmente no início do reinado de Jeroboão II.
O livro que leva seu nome é alvo de grandes críticas de liberais, visto os aspectos sobrenaturais que estão presentes. Eles descartam a realidade histórica e o próprio Jonas como autor.
Como acontece com tantas outras questões nos estudos do AT, a interpretação de Jonas depende das convicções teológicas mantidas pelos vários comentaristas. (...) Para interpretar-se Jonas com exatidão, é necessário, em primeiro lugar, fazer com que a atenção se desvie do profeta para o Deus que envia o profeta. (Paul House.)
É muito provável que o ministério de Jonas tivesse sido um realce ou contraponto para o de Oséias e Amós. Ensinaria que arrependimento traz preservação e bênção, enquanto a obstinação severa disciplina.
Jesus tratou Jonas como uma pessoa histórica e não como uma alegoria fantasiosa: Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no coração da terra. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão; pois eles se arrependeram com a pregação de Jonas, e agora está aqui o que é maior do que Jonas (Mt 12.40,41 NVI).
AUTORIA
Os ataques mais comuns a Jonas como autor do livro são:
1. Um contemporâneo jamais se referiria ao rei da Assíria como “o rei de Nínive;”
2. O uso do verbo hebraico ser (h*y>) supostamente indica uma época posterior, quando Nínive não mais existia;
3. Jonas é sempre mencionado na terceira pessoa;
4. Tamanho aparente fabuloso de Nínive.
Respostas aos ataques:
1. É prática normal, inclusive apresentado nas Escrituras, referir-se ao rei da nação como rei da capital da nação (cf. 1Rs 21.1; 2Cr 24.23);
2. Gramaticalmente é possível, mas do ponto de vista contextual a afirmação é desleal, pois o que o autor deseja destacar não é a existência da cidade, mas seu papel crucial no plano soberano de Deus naquele momento da História;
3. É quase desnecessário refutar este argumento, pois tanto autores bíblicos (Moisés) quanto extra bíblicos (Xenofontes; Júlio César) empregam a mesma técnica;
4. Descobertas arqueológicas atribuem a Nínive um tamanho compatível, sob todos os aspectos, com a população mencionada em Jn 4.11.
A TEOLOGIA DE JONAS
Baseado em Foco e Desenvolvimento no AT
A PERMISSÃO DO MAL
Jonas desobedece a Deus, que prefere morrer a obedecer. Isso salientava os olhos dos marinheiros a realidade de que Deus governa os mares e os céus e que não era uma divindade que podia ser ignorada, muito menos desobedecida.
DECRETO DE JULGAR O MAL
É antevista na mensagem: Clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim (Jn 1.2). Também na mensagem transmitida aos ninivitas: Daqui a quarenta dias Nínive será destruída (Jn 3.4)
Sobre “Deus se arrependeu” – Jonas 3.10:
O relato da resposta divina ao avivamento provocado pela pregação de Jonas é um dos pontos teológicos mais discutidos no AT desde sua primeira menção em Gn 6. O uso do verbo “arrependeu-se” no grau nifal tem sido apontado por muitos, mais recentemente por defensores do chamado teísmo aberto, como uma indicação de que Deus é sujeito a emoções, ou desconhece o futuro, ou é dependente em alguma medida das ações e reações de Suas criaturas, ou todas as anteriores.
Em resposta a isso, teólogos teístas tradicionais têm afirmado que a mensagem trazia em si uma condição latente, e que o uso do verbo נָחַם obedece a uma característica da mentalidade hebraica de antropomorfizar suas descrições de Deus de modo a tornar mais compreensível aos mortais a interação de um Deus, que é descrito como perfeitamente soberano, com criaturas que desfrutam genuína liberdade (mas não absoluta autonomia).
Outra abordagem é dizer que tal interação é descrita do ponto de vista meramente humano, como uma espécie de refração ótimo-espiritual, por meio da qual a intervenção divina parece desviar-se do rumo proposto, ao entrar em contato com o meio terrestre em que se fará sentir, simplesmente porque os que a percebem ignoram a totalidade dos desígnios aos quais a prometida intervenção pertence e entre os quais se efetua. (Carlos Osvaldo Pinto.)
A LIBERTAÇÃO DOS ELEITOS
Imerecida e inesperadamente a intervenção salvadora de Yahweh preserva o profeta escolhido para que ele cumpra sua missão.
Tal libertação também atinge os ninivitas por meio da pregação de Jonas. A libertação, segundo as palavras de Jesus sobre os ninivitas, sugere que foi de natureza eterna (Mt 12.41).
BÊNÇÃO PARA OS ELEITOS
Foi limitada para aquela geração de ninivitas, que foi preservada. As próximas gerações voltaram-se aos caminhos iníquos e a Assíria foi usada como “vara da ira” de Yahweh contra o pecado obstinado de Israel, posteriormente ainda, destruída.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Jonas é singular na forma de apresentar a mensagem. Nele não há uma exortação profética, mas uma narrativa que deixa de forma clara a exortação. O livro é quase inteiramente um esboço biográfico do profeta sendo que a única mensagem profética contida no livro é: daqui 40 dias Nínive será destruída (Jn 3.4).
O livro canônico ajuda a afastar quaisquer temores que talvez tenham surgido devidos a algumas informações em Joel, Amós e Obadias, temores de que Yahweh não se importaria com outras nações. O fato é que ele se importa inclusive com as mais cruéis. Nínive foi chamada por Naum de cidade sanguinária (3.1). (Nas ruínas) as esculturas na parede representam o rei arrancando os olhos de seus cativos, e arrastando outros por um gancho através dos lábios. Em guerras, um grande prazer dos guerreiros era cortar o ventre das grávidas para verem o feto.
O chamado de Jonas para ir pregar contra Nínive demonstra o interesse de Deus nas nações do mundo. Apesar de a estratégia divina ser comumente de atrair os povos a Israel (AT), Yahweh decide enviar Jonas para levar a mensagem de julgamento (e também de graça) aos assírios, nação que ele usaria para, num breve futuro dali, disciplinar a nação escolhida, mas também destruí-la.
A soberania de Deus na salvação, aspecto salientado na mensagem do livro, é vista diversas vezes:
• Na experiência dos marinheiros. Em seguida pegaram Jonas e o lançaram ao mar enfurecido, e este se aquietou. Ao verem isso, os homens adoraram o SENHOR com temor, oferecendo-lhe sacrifício e fazendo-lhe votos (Jn 1.15-16). Os marinheiros reconheceram a Yahweh como Deus, que havia sido apresentado por Jonas como Deus de todos (Jn 1.9); Entretanto, não é possível saber se houve conversão genuína, mas alguns pontos teológicos podem ser ressaltados deste episódio:
o O Deus de Israel é realmente o Deus da criação e das nações;
o Deus se preocupa com toda a humanidade e não somente com Seu povo escolhido;
o Deus usa até mesmo um Israelita desobediente como canal de Sua graça salvadora.
• Lição pessoal a Jonas: ele ora por livramento e louva a Deus quando este chega de forma inesperada. Ele recebe a salvação imerecida dentro do grande peixe;
• Pregação de Jonas: um arrependimento generalizado sucede em Nínive. Os ninivitas creram em Deus (Jn 3.5);
• A sombra da planta: o desconforto com o clima da região é grande. Jonas é aliviado por uma planta que cresce em uma noite, mas na mesma velocidade morre.
Yahweh está ensinando a Jonas que sua frustração por coisas que ele não criou e pelas quais não era responsável deveria fazê-lo cônscio da terna misericórdia de Deus por Suas criaturas (4.11) e torná-lo submisso ao soberano plano divino de estender salvação àqueles a quem ele escolheu demonstrar misericórdia. (Carlos Osvaldo Pinto.)
Jonas é um profeta que conhece a Deus: ele confessa que Yahweh é gracioso, compassivo e paciente, contudo ele não aprecia que essas qualidades estejam dirigidas para os assírios. Jonas vê a bondade de Yahweh além do ideal. Ele se importa com uma planta que ele não criou, mas fica imaginando por que o Senhor está tão preocupado com as pessoas que Deus fez. Existe uma perceptível ironia no livro de Jonas. O profeta se queixa da bondade de Deus, apesar do fato de que ele mesmo havia se beneficiado do livramento divino.
No livro Deus perdoa uma nação que mostra uma perfeita sequência de atitudes que refletem uma genuína conversão, ratificada por Jesus no evangelho de Mateus:
1. Eles acreditam na Palavra de Deus (3.5);
2. Humilham-se (3.5-8);
3. Mudam seus caminhos perversos (3.8);
4. Colocam-se debaixo da misericórdia de Deus (3.9).
Até Jonas, nenhum profeta havia experimentado tal reação positiva à Mensagem.
MENSAGEM
A soberania de Yahweh em conceder salvação, apesar da atitude de Seu servo, deve motivar obediência humilde e interesse amoroso pela humanidade. (Carlos Osvaldo.)
Eugene Merrill diz que a essência teológica do livro é expressa em 4.11: Não deveria eu ter pena dessa grande cidade? – diz Deus. Sua frase que diz respeito ao livro e que permeia todo o AT é a seguinte: O Criador e Soberano do mundo não tem plano maior que o de resgatar os povos alienados de todas as nações à posição de comunhão contínua com Ele.
Se é que podemos dizer que o livro possui uma palavra mais importante, possivelmente ela seria מָנָא (m*n>). A ideia do verbo apresenta Deus como soberano, aquele que ordena o peixe, a planta, o verme e o vento calmoso – todos debaixo do controle divino, instrumentos para propagar sua graça.
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