Por Mark Ellis
Um resumo
Falar sobre dinheiro é um assunto sempre muito polêmico no meio evangélico. Suas razões são óbvias: o abuso que muitos crentes já fizeram (e fazem) neste quesito leva qualquer um a desconfiar de todo o grupo.
Não são somente os evangélicos que já trouxeram muita polêmica sobre dinheiro. A Reforma, por exemplo, foi lançada por causa da venda de indulgências. Há gente picareta dentro e fora de sistemas religiosos pronta para enganar, e muita gente ignorante pronta para pagar.
Em Mateus, capítulo 6, Jesus deu duas orientações sobre recursos: (1) Ele sabe que você precisa de roupa e comida e promete isso. Paulo diz que devemos estar satisfeitos por termos o que comer e vestir (1Tm 6.8), justamente com aquilo que Deus nos prometeu dar. (2) Além disso, se procurarmos a Sua justiça e Seu Reino, Ele cuidará de nossa roupa e comida. Jesus não prometeu mais do que isso!
Em Mateus 7, o aviso é claro: cuidado com os falsos profetas. Se não tivermos clara a real perspectiva sobre as promessas de Deus poderemos nos sucumbir na lábia dos falsos profetas. Atente-se: ninguém reconhece um verdadeiro crente pelo fruto do espírito, mas um falso profeta, que tem a ganância como uma de suas marcas.
Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?' (Mt 7.21-22 NVI).
Profeta falso dá fruto! Pense comigo: que tipo de igreja você conhece bastante pelos gomos de fruto citados no versículo acima (profecia, expulsão de demônios, realização de milagres)? Exatamente as igrejas que mais falam sobre dinheiro. Uma igreja deste tipo é composta por pessoas gananciosas. Líderes querem ganhar dinheiro ensinando equivocadamente a palavra de Deus e membros querem ganhar dinheiro acreditando em promessas que Deus nunca fez.
Para compreendermos um pouco melhor sobre o que a Bíblia ensina sobre dízimo e ofertas, vejamos brevemente o AT:
Sacrifícios antes da Lei
Gn 3.21
Adão e Eva pecaram e romperam sua comunhão com Deus. Deus então mata um animal para lhes vestir (couro ao invés de folhas). É possível que este sacrifício também tenha ligação com o sistema sacrificial vindouro na Lei, para restauração da comunhão.
Gn 4.14
Sacrifício vegetal não pode cuidar do pecado do homem. Somente o sangue é pré-requisito para isso (morte de um animal).
Gn 8.20
Noé ofereceu um sacrifício de ação de graças, logo depois de sair da arca, agradecido pela sobrevivência ao dilúvio.
Gn 12.6,8; 13.6,8
Os únicos dois pagamentos de dízimo antes da Lei aconteceram com Abraão e Jacó.
O caso de Abraão
Abraão deu 10% para Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo. Mas por quê? O dízimo tem história. O povo de Israel não foi o primeiro a cobrar o dízimo. Este era o tributo normal devido aos reis. Os generais também tinham direito a 10% de tudo que fosse conquistado em uma batalha. Foi neste contexto que Abraão deu o dízimo: “ninguém vai poder dizer que vocês me fizeram rico! Minha porção de general eu entrego a Deus, pois Ele foi o verdadeiro general nesta batalha” – é possível ouvir Abraão. Foi a única vez que Abraão entregou o dízimo, num contexto de batalha, para dizer que Deus é quem o abençoou.
O caso de Jacó
A outra pessoa que deu o dízimo foi Jacó. Enquanto ele fugia de seu irmão, ele falou com Deus e disse que daria 10% de tudo que Deus lhe desse (barganha). Neste episódio ele tentava subornar a Deus. Esta seria a única vez que ele daria o dízimo.
Sem dúvida a prática do dízimo antes da Lei não era conforme o que Deus legislaria através de Moisés.
Falar em dízimo e ofertas e falar também de sacrifícios. Abaixo um super resumo do assunto:
1. Havia sacrifícios relacionados com a expiação de pecados;
a. Não intencionados;
b. Para aliviar o sentimento de culpa. Nestes, o pobre oferecia um sacrifício sem sangue;
c. Relacionados a injustiça;
2. Havia sacrifícios comunitários (Yom Kippur);
3. Sacrifícios comunitários de pecados não intencionados;
4. Novilha vermelha, para satisfazer a dívida de sangue;
5. Ritos de purificação;
6. Sacrifícios relacionados ao calendário. Os sacerdotes matavam, de manhã, de tarde e de noite. Isso porque agradava a Deus. Este não tinha a ver com pecado. No sábado dobrava-se a quantidade de animais;
7. Na lua nova havia um sacrifício especial;
8. No ano novo um sacrifício mais especial ainda;
9. Sacrifício de paz (Lv 3);
10. Oferta de cereais;
11. Das primícias – um ato de fé, pois não se sabia quanto a produção verdadeiramente renderia.
12. Além dos sacrifícios, tinham as festas.
Nota: O jejum não deve ser imposto. Na Lei não há nada que ordene alguém impor o jejum. O que era divinamente mandado: festas!
O maior dízimo de todo o ano estava na festa dos tabernáculos.
Dt 14.22-27
22 "Separem o dízimo de tudo o que a terra produzir anualmente. 23 Comam o dízimo do cereal, do vinho novo e do azeite, e a primeira cria de todos os seus rebanhos na presença do SENHOR, o seu Deus, no local que ele escolher como habitação do seu Nome, para que aprendam a temer sempre o SENHOR, o seu Deus. 24 Mas, se o local for longe demais e vocês tiverem sido abençoados pelo SENHOR, o seu Deus, e não puderem carregar o dízimo, pois o local escolhido pelo SENHOR para ali pôr o seu Nome é longe demais, 25 troquem o dízimo por prata, e levem a prata ao local que o SENHOR, o seu Deus, tiver escolhido. 26 Com prata comprem o que quiserem: bois, ovelhas, vinho ou outra bebida fermentada, ou qualquer outra coisa que desejarem. Então juntamente com suas famílias comam e alegrem-se ali, na presença do SENHOR, o seu Deus. 27 E nunca se esqueçam dos levitas que vivem em suas cidades, pois eles não possuem propriedade nem herança próprias.
Quantas igrejas praticam este dízimo? “O” dízimo?
Como é que o cristão deve praticar o dízimo segundo o AT? Como isso deve funcionar? Para onde será a viagem? Quem é o levita que receberá as ofertas? Como uma igreja pode dizer: eu aceito o dízimo, mas não pratica os sacrifícios? Isso é um pacote, um sistema que não tem separação de uma coisa da outra.
Paulo, em Gálatas ensina que se alguém ainda quer praticar a circuncisão, deve praticar todo o pacote (sitema) que está contido na Lei. O dízimo faz parte das festas ordenadas a Israel!
O dízimo dos levitas:
Dt 14.28-29
28 "Ao final de cada três anos, tragam todos os dízimos da colheita do terceiro ano, armazenando-os em sua própria cidade, 29 para que os levitas, que não possuem propriedade nem herança, e os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem na sua cidade venham comer e saciar-se, e para que o SENHOR, o seu Deus, os abençoe em todo o trabalho das suas mãos.
No terceiro ano eles não comeriam dos dízimos, mas guardariam. Fariam isso em benefício dos pobres, levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. Você conhece alguma igreja que faz isso? O dízimo no AT é comer ou garantir para outros.
Alguém pode perguntar: como então fizeram lugares para louvar a Deus? Ex 25 – ofertas voluntárias. Se nós seguirmos os preceitos veterotestamentário sobre dízimo, não podemos usar o dinheiro para nenhum tipo de construção. As ofertas para este fim eram voluntárias, como ensinada por Paulo em 2Coríntios 9.
A construção do tempo, outro exemplo, foi feita através de verbas públicas. A manutenção do templo também não era feita através dos dízimos, mas da taxa do templo!
Em suma, o dízimo foi criado com o propósito de ser usado em festas e para ajudar os necessitados. Ninguém tinha o direito de justificar a não ajuda a um necessitado dizendo que já era dizimista.
Devemos ter tudo isso em mente para que o AT não seja abusado. Não se esqueça que a questão não é o dinheiro, mas o coração daqueles que lidam com dinheiro.
Este foi um resumo da primeira metade da aula de Mark Ellis na IBCU, entitulada Piedade e Vida de Contribuição (assista ao vídeo).
é um bom artigo que deixa claro que a questão de dinheiro é uma questão espiritual, tratado com seriedade na Bíblia.
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