Extração resumida de O Melhor de A. W. Tozer, estação do livro, Mundo Cristão, 1997, pp. 87-89.
Poucas coisas, felizmente poucas, são assuntos de vida ou morte. Ignorar coisas vitais não é só lançar sortes ou correr um risco, mas puro suicídio.
Nosso relacionamento com Cristo é uma questão de vida ou morte e num plano ainda mais superior. O homem que conhece a Bíblia sabe que Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores e que os homens são salvos apenas por eles sem qualquer influência por parte de quaisquer obras meritórias deles.
Tal coisa é verdadeira e sabida, mas a morte e ressurreição de Cristo evidentemente não salvam todos de maneira automática. Como o indivíduo entra numa relação salvadora com Cristo? Como é coberto o abismo entre a redenção provida objetivamente e a salvação recebido subjetivamente? Como o que Cristo fez por mim opera em meu interior? Para a pergunta: “o que devo fazer para ser salvo?” devemos aprender a resposta correta. Falhar neste ponto não envolve apenas arriscar nossas almas, mas garantir o exílio eterno da face de Deus. É aqui que devemos estar certos ou perder-nos para sempre.
Os cristãos “evangelicais” fornecem três respostas a esta pergunta ansiosa:
• Creia no Senhor Jesus Cristo;
• Receba Cristo como seu Salvador Pessoal;
• Aceite a Cristo.
As duas primeiras são extraídas quase que literalmente das Escrituras (At 16.31; Jo 1.12), enquanto a terceira é uma espécie de paráfrase, resumindo as outras duas. Não se trata então de três, mas de uma só.
Somos espiritualmente preguiçosos e por isso, tendemos a gravitar na direção mais fácil a fim de esclarecer nossas questões religiosas. Assim, a fórmula “aceite a Cristo”tornou-se uma panacéia (remédio pretensamente eficaz na cura de todos os males) de aplicação universal e acredito que tem sido fatal para muitos.
A dificuldade está em que a atitude “aceite a Cristo” está provavelmente errada. Ela mostra Cristo como suplicando a nós, em lugar de nós a Ele. Ela faz com que Cristo aguarde nosso veredicto a respeito dEle, em vez de nos ajoelharmos com os corações contritos esperando que Ele nos julgue.
Para esta maneira ineficaz de tratar de um assunto vital, podemos imaginar alguns paralelos: como se, por exemplo, Israel tivesse “aceito” no Egito o sangue da Páscoa, mas continuasse vivendo em cativeiro, ou o filho pródigo “aceitasse” o perdão do pai e continuasse entre os porcos no país distante.
Aceitar Cristo é dar ensejo a uma ligeira ligação com a Pessoa de nosso Senhor Jesus absolutamente única na experiência humana. Essa ligação é intelectual, volitiva e emocional. Além disso, sua ligação com Cristo é toda exclusiva. O Senhor torna-se para ele a atração única e exclusiva para sempre, e não apenas um entre vário interesses rivais.
O fato de aceitarmos Cristo desta maneira toda inclusiva e toda exclusiva é um imperativo divino. A fé salta para Deus neste ponto mediante a Pessoa e a obra de Cristo, mas jamais separa a obra da Pessoa. Ele crê no Senhor Jesus Cristo, mas jamais separa a obra da Pessoa. Ele crê no Senhor Jesus Cristo, o Cristo abrangente, sem modificação ou reserva, e recebe e goza assim tudo o que Ele fez na sua obra de redenção, tudo o que está fazendo agora no céu a favor dos seus, e tudo o que opera neles e através deles.
Aceitar Cristo é conhecer o significado de 1Jo 4.17, porque neste mundo somos como ele (NVI). Nós aceitamos os amigos dEle como nossos, Seus inimigos como nossos, Seus caminhos como os nossos, Sua rejeição como nossa, Sua cruz como a nossa cruz, Sua vida como a nossa vida e Seu futuro como nosso.
Se é isto que queremos dizer quando aconselhamos alguém a aceitar Cristo, será melhor explicar isso a ele, pois é possível que se envolva em profundas dificuldades espirituais caso não explanarmos o assunto.
Breve comentário:
Gostei muito do artigo, especialmente o parágrafo que destaquei em negrito. Todavia não creio que, como pareceu-me que Tozer assim acredita, que o filho de Deus deve crer no Senhorio de Cristo para obtenção da salvação. (Para mais informações sobre este assunto, leia O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de John MacArthur e Tão Grande Salvação, de Charles Ryrie.)
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