terça-feira, julho 20, 2010

As Parábolas do Mestre: O Filho Perdido (Lc 15.11-32)

O Filho Perdido
Por Reinaldo Bui

Continuou: Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres (leia Lucas 15.11-32).

Há uma progressão na relação entre as três parábolas de uma em cem; uma em cada dez; e um para um, demonstrando o amor de Deus para com toda a humanidade e sua atenção pessoal para cada indivíduo. Vemos nesta história a graça de um pai ao receber um filho arrependido que estava perdido, e não considerar os pecados que este cometeu.

Ao ouvir esta parábola, os fariseus sentiram-se certamente incomodados com o desenrolar da história, a começar pelo filho mais novo que pediu ao pai sua parte da propriedade ainda em vida. Embora fosse perfeitamente dentro de seus direitos de pedir, não era uma coisa amorosa de se fazer, pois isto implicava que ele desejasse que o pai estivesse morto. Em vez de repreender o seu filho, o pai, conscientemente, lhe concedeu o pedido. Esta é uma demonstração de como Deus age muitas vezes, deixando um pecador seguir seu próprio caminho. Todos nós possuímos (uns mais outros menos) essa ambição tola de querer ser independente. Está na raiz do pecador que persiste em seus pecados. Andar em pecado é uma partida da presença e distanciamento de Deus, mas é também um estado de insatisfação constante. Em Lucas 12:15 Jesus já havia advertido:

Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem
não consiste na abundância dos bens que ele possui.

Este filho aprendeu da maneira difícil que a cobiça conduz a uma vida de insatisfação e decepção. Aprendeu também que as coisas mais valiosas na vida são as coisas que você não pode comprar, nem substituir.

O fato deste rapaz ter “viajado a um país distante” levava os fariseus a compreenderem que ele estava se afastando do povo da promessa, bem como das alianças com Deus. É evidente, a partir de suas ações anteriores, que ele já tinha feito essa viagem em seu coração, e a partida foi uma demonstração de sua desobediência intencional a todo amor que seu pai tinha oferecido. No processo, ele desperdiçou todos os bens que sua família tinha conquistado com o suor do rosto para, de forma tão egoísta, desperdiçar tudo.

Seu desastre financeiro foi seguido por um desastre natural que veio em forma de uma fome que assolou aquele país. Neste ponto, ele se vendeu à escravidão física para os gentios, e se encontrava alimentando suínos, uma posição detestável para o povo judeu. Para completar, aparentemente ele ganhava tão pouco que desejava comer a lavagem dos porcos. Não havia quadro pior para um fariseu. Em suas mentes este era o pior estado, o mais degradante que um ser humano poderia chegar. Mesmo aqueles animais imundos pareciam ser melhores do que ele naquele momento. Jesus conseguira retratar o estado de um pecador perdido, ou de um filho rebelde que voltou a uma vida de escravidão ao pecado. É um retrato fiel do que o pecado faz na vida de uma pessoa, quando este rejeita a vontade do Pai. "O pecado sempre promete mais do que dá, toma mais do que você queria dar, e te deixa pior do que estava antes." O pecado promete liberdade, mas traz escravidão (João 6:23).

O filho começou a refletir sobre sua condição e percebeu que até os funcionários do seu pai viviam melhor do que ele. Sua deplorável situação o ajudou a olhar para o pai sob uma nova luz e lhe trouxe esperança. Este é o reflexo do pecador quando ele descobre a condição miserável de sua vida por causa do pecado. É uma constatação de que sem Deus não há esperança (Efésios 2:12, 2 Timóteo 2:25-26). Isto acontece quando um pecador arrependido "cai em si" e anseia por retornar àquele estado de comunhão que o homem tinha com Deus antes da queda. Este é o plano original de Deus, sua vontade para nós.

Em vez de condenação, há alegria e festa no céu “por um filho que estava morto, mas agora vive, que estava perdido, mas agora foi encontrado.”

Medite...
...nesta frase: Não podemos pecar mais do que Deus pode nos perdoar. Você tem esta certeza que Deus é extremamente gracioso? Você tem desfrutado ou abusado desta graça?

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