domingo, julho 18, 2010

As Parábolas do Mestre: Cabritos e Ovelhas (Mt 25.31-46)

Cabritos e Ovelhas
Por Reinaldo Bui

Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas (Leia Mateus 25:31-46)

Os dezesseis versos que compõem esta parábola parecem sugerir que a salvação é o resultado de boas obras. O grupo de pessoas comparadas às ovelhas foram os que agiram caridosamente em dar aos necessitados alimentos, bebidas, vestuário, que demonstravam hospitalidade, e que visitavam os doentes e os presos. Os cabritos parecem ter sido negligentes em relação a essas coisas, resultando em salvação para os ovinos e condenação para os caprinos. Uma leitura casual pode nos passar esta impressão. No entanto, não é este o significado desta parábola. Escritura não pode contradizer Escritura. A Bíblia ensina de forma clara e repetidamente que a salvação é pela fé através da graça e da misericórdia de Deus e não por boas obras (veja, por exemplo, João 1:12, Atos 15:11, Romanos 3:22-24, Romanos 4:4-8, Romanos 7:24-25, Romanos 8:12, Gálatas 3:6-9 e Efésios 2 :8-10).

O que Deus, então, está tentando nos revelar nestes versículos? Note que ambos os grupos representados pelas ovelhas e cabritos não estão conscientes de suas ações em relação ao julgamento que lhes é conferido, e ambos perguntam: "Quando fizemos essas coisas?" Esta questão, em si, é muito reveladora como a condição do coração das pessoas envolvidas.

Nestes versos, estamos olhando para um homem redimido e salvo, e outro condenado e perdido. Salvação ocorre no momento em que cremos em Jesus Cristo. Salvação é pela graça mediante a fé. Neste momento, você se torna filho de Deus (cf. Jo 1,12-13). Paulo, em 2 Coríntios 5:17, nos diz que:

"Se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo."

Então, o que é, exatamente, que nos torna uma "nova criação", visto que estamos ainda nesta carne (Romanos 7:14-25), ainda vivemos neste mundo (Tiago 4:4) e, sem dúvida alguma, ainda somos pecadores (cf. 1 João 1:8)?

A mudança ou transformação que ocorre em nós no momento da conversão é o fato de que somos selados por Deus com o Espírito Santo. Salvação, aqui, significa que recebemos algo de Cristo, ou seja, o perdão dos pecados. A partir deste momento, quando o Pai nos olha, Ele vê pessoas justificadas pelo sangue de seu Filho em vez de ver a nossa própria natureza pecadora, e é somente desta forma que as nossas obras se tornam aceitáveis para ele. Essas obras não são obras feitas por nossa velha natureza, mas pelo poder do Espírito que reside em nós. A partir da salvação, nosso dever como cristãos é nos tornarmos discípulos de Cristo, é ser como Ele é.

Em Gálatas 5:22 lemos que o fruto do Espírito em nossa vida é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, mansidão, fidelidade e domínio próprio. Estes são os traços característicos que Jesus Cristo exibiu por toda sua vida aqui na terra e que devem ser os nossos também. Estes frutos amadurecem num cristão em proporção direta à liberdade que este dá ao Espírito Santo para trabalhar em sua vida. As boas obras na vida do crente são o transbordamento desta habitação, e só são aceitáveis por Deus por causa da relação que existe entre o servo e seu Senhor, a ovelha e seu pastor.

Portanto, a mensagem central da parábola dos cabritos e das ovelhas é que as boas obras resultarão da nossa relação com o nosso pastor. Seguidores de Cristo produzirão naturalmente estas obras: tratarão a todos com bondade e lidarão com o próximo como Cristo faria. Aqueles que rejeitam a Cristo vivem de maneira oposta. Os "cabritos" podem, certamente, fazer atos de bondade e caridade, mas os seus corações não abrigam verdadeiramente em si o propósito correto: honrar e adorar a Deus.

Medite...
Onde, exatamente, nós estamos em relação ao nosso Pastor? Qual é a condição do seu coração? Guarde esta frase: "Não é loucura abrir mão do que não se pode manter, para abraçar aquilo que não se pode perder" (Jim Elliott).

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