Por Reinaldo Bui
Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.
Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do
pecado e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava
enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em
semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito,
condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se
cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o
Espírito. (Romanos 8.1-4)
A quantas “leis” o apóstolo Paulo está se referindo neste texto? Alguns contam duas, outros três ou até quatro (considerando o preceito da lei). Particularmente, creio que ele se referia a apenas duas leis: a lei do Espírito (que gera vida) e a lei (mosaica) que nos leva à morte. Sei que posso ser taxado de herege por algumas denominações por defender esta interpretação, pois não crêem que a lei do pecado e da morte que Paulo se refere seja a lei mosaica. Aqueles que são fissionados pelo Antigo Testamento e enxergam o cumprimento da lei mosaica como o supra sumo da vontade de Deus para o homem, jamais poderiam aceitar tal interpretação. Mas não podemos esquecer de todo desenvolvimento da argumentação de Paulo até chegar neste ponto. Vimos até agora que a lei mosaica (a lei do Antigo Testamento) não tem poder para salvar ninguém, nem para desenvolver santidade e espiritualidade e nem tampouco podemos agradar a Deus ao “tentar” cumpri-la. Muito pelo contrário: a lei nos condena, ela avulta nossa natureza pecaminosa e nos constrange a reconhecermos a necessidade de um salvador.
Somente ao tomar conhecimento da Nova Aliança inaugurada por Cristo, não baseada na caducidade da letra (lei), mas na “novidade” do Espírito (Romanos 7.6) é que o homem pode compreender que o supra sumo da vontade de Deus para o nós é que andemos no Seu Espírito: a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Esta lei do Espírito é a “lei do amor” de Cristo a qual nos referimos.
Mas, por que a lei mosaica não foi eficiente se ela é tão boa, afinal ela é a “Lei de Deus”? Paulo responde: “o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne”, ou seja, para a lei mosaica tivesse efeito, ela dependia da nossa carne... que é corrompida. Vemos que já no AT Deus sinalizava que não dava para confiar no homem:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos” (Jeremias 17.10)
Deus esclarece por que pecamos: é um assunto do coração. Usando uma linguagem bíblica, é ele quem dirige nossa carne. Nosso coração é enfermo e por isso todos os nossos desejos, ações e intenções são contaminadas. Por isso “Deus [enviou] o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado”.
Jesus foi o único que cumpriu cabalmente a lei veterotestamentária, porque, em semelhança de Adão, veio ao mundo sem pecado, mas, diferente de Adão, não pecou. Graças a obra de Cristo na cruz temos o Espírito Santo a nosso favor, e se “não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito, o preceito da lei se [cumpre] em nós”.
Note, que não é a lei, mas o preceito da lei se cumpre em nós: a justiça, a misericórdia e a fé (Mateus 23.23).
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