quarta-feira, agosto 11, 2010

As Parábolas do Mestre: Dos Primeiros Lugares (Lc 14.1-14)

Dos Primeiros Lugares
Por Reinaldo Bui



Aconteceu que, ao entrar ele num sábado na casa de um dos principais fariseus para comer pão, eis que o estavam observando... Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola... (Leia Lucas 14.1-14)

Mais uma vez Jesus é convidado a tomar refeição na casa de um fariseu. Muito provavelmente, desta vez, eles tiveram o cuidado de cumprir com as obrigações sociais para evitar qualquer constrangimento. Porém, o intuito do convite talvez tenha sido o mesmo. O texto diz que o estavam observando. Os fariseus estavam profundamente incomodados com a pessoa de Jesus. A pergunta para a qual todos queriam descobrir a resposta era: Quem é este Jesus? Havia a opinião popular: é um profeta! Havia aqueles que afirmavam: com certeza é um mestre, pois ninguém ensina o que ele ensina e com tanta autoridade. Ou ainda: com certeza é vindo da parte de Deus, pois ninguém pode fazer os sinais que ele faz se Deus não for com ele. O que sabemos é que havia opiniões controversas. Quanto aos ensinos, diziam, ele não seguia as tradições judaicas e estava introduzindo novas doutrinas para iludir e perverter o povo. Quanto aos sinais, eram considerados questionáveis, pois tais poderes poderiam vir de Belzebu. Além do mais, ele não guardava a Lei, curando muitos aos sábados. E então, cada um era confrontado: de que lado você está? Não tinha como ficar indiferente diante desta figura tão polêmica.

Era sábado, Jesus estava num ambiente dissimuladamente hostil e sendo observado. Ele também os estava observando, só que de maneira diferente. Se nós estivéssemos naquele jantar, observaríamos o ambiente, a decoração, a mesa tão bem arrumada, as roupas dos convidados, as pessoas proeminentes presentes naquele recinto e, provavelmente, procuraríamos nos comportar de maneira condizente com o ambiente para não escandalizar ninguém. Mas e Jesus, o que ele observava? Em meio a toda aquela ‘rasgação de seda’ (onde muitos estavam ali só pela badalação; os convidados preocupados em conseguir um lugar de destaque, o anfitrião pensando no impacto social daquele jantar e nos benefícios que lhe traria), Jesus observou ali um doente necessitado, um hidrópico. Provavelmente, era um homem bem inchado, de aparência não muito agradável. O agravante era a teologia vigente na época: os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos são assim porque têm pecado. Nós só conseguimos ver aparências e Jesus não olha para elas. Ele olha para aqueles de quem nos esquivamos e vai além: ele vê as intenções do coração. Na sequência, ele passa da observação para a ação e nos ensina algumas lições fundamentais sobre o que é ser cristão. Primeiramente, olhar para os excluídos, que normalmente nós evitamos. Jesus ama estas pessoas como ninguém jamais amou, e demonstrou isto quando aceitou adoração de uma prostituta, tocou em leprosos, comeu com publicanos e pecadores, andou no meio de mendigos e bêbados porque viu ali pessoas que são alvo do amor do Pai. Em segundo lugar, ele não queira ser o mais importante. Aqueles que buscam honra, fama, primazia e reconhecimento nesta vida podem até conseguir, mas é tudo o que terão. Auto-promoção, projeção e proeminência nada têm a ver com espiritualidade. Não se deixe impressionar por pastores e missionários do show business e nem por ministérios milionários, pois definitivamente Deus não se impressiona com isto. E, finalmente, faça o bem a quem não pode lhe retribuir. A recomendação que ele deu ao seu anfitrião foi: Ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos (vv. 13-14).

Raramente Jesus nos dá a aplicação de suas parábolas, mas aqui ele o faz claramente:

Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado (v.11).

Coloquemos em prática estes princípios a partir de hoje!

Medite...
Quando foi que vimos alguém com fome e demos de comer? Ou com sede e demos de beber? E quando vimos um forasteiro e hospedamos? Ou alguém nu e o vestimos? E quando vimos um enfermo ou um preso e fomos visitar?

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