Por Reinaldo Bui
Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? (Leia Lucas 12.16-21)
Somos a única geração que conseguiu destruir a capacidade dos jovens de sonhar, brigar e questionar. E isto não é, de forma alguma, algo positivo, pois ao inverso do que faziam as outras gerações, nossos jovens estão cada vez mais aceitando o lixo tecnológico que proporcionaram a eles, e desejando se entorpecer em doses cada vez maiores do luxo, conforto e do "bien vivant" que lhes é oferecido. A atual geração sabe o que é bom, não é mesmo? E estamos ensinando os nossos filhos a ser como nós somos... uma geração materialista, consumista, medíocre e avarenta. Nenhuma geração acumulou tanta riqueza aqui na terra quanto a nossa. Para nos justificar temos muitos ventos a nosso favor: a propaganda do mundo que diz “é assim que deve ser;” a conivência do meio em que convenientemente procuramos viver; a desculpa de procurar oferecer o melhor para os filhos; a necessidade de sobreviver num mundo cada vez mais competitivo; etc. Contrário a isso tudo, só para nos incomodar, temos apenas a palavra do Senhor que diz: não acumulem tesouros aqui na terra.... Apenas? Apenas! É pouco, pode não fazer muita diferença, mas seu peso é proporcional à nossa fé.
Para ilustrar isto melhor, em certa ocasião Jesus contou uma história para um sujeito que estava muito preocupado com sua herança. Para quem não sabe, herança é aquele dinheiro que o velho avarento guardava debaixo do colchão e foi obrigado a deixar aqui na terra, pois morreu e ninguém fez sua última vontade - enterrá-la junto, por isso não foi possível levá-la consigo. Parece que esta “bênção” acabou se tornando objeto de cobiça e discórdia entre os filhos. Mas a história contada pelo Senhor pode muito bem ser a história do próprio pai daquele sujeito, ou a dos nossos pais, ou a nossa mesmo. Diz que o campo de um homem rico produziu com abundâcia. Note que ele já era rico, e ficou mais rico ainda. E este homem rico arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? Que problemão, né? Não tenho onde enfiar mais dinheiro! Então ele pensou: farei isto; destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Isso é que é vida, mermão! Este é o alvo de muitos de nós... fala sério! Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Mas que pergunta, Senhor!!! Esta é uma pergunta retórica, mas para quem será? Refiro-me à pergunta, não ao tesouro. Muitas vezes olhei esta história de forma equivocada: primeiro, porque achava que era uma parábola, hoje penso que é bem verídica; e segundo, achava que Jesus falava de um homem ímpio, mas cada vez mais acredito que não. Quantos crentes você conhece que pensam exatamente como este homem rico? O mundo está mergulhado num hedonismo sem precedentes e, lamentavelmente, a Igreja tem acompanhado este estilo de vida tão atraente! A Igreja, sim, o Corpo de Cristo, tem juntado muitos bens para si, sem dúvida alguma. Mas se ela for arrebatada hoje, o que temos preparado, para quem será? Temo que o tesouro deixado aqui na terra (para os ímpios desfrutarem) será infinitamente maior do que o acumulado no céu (aonde vamos morar). Por isso Jesus conclui a história: Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus, ou seja, vai, no mínimo, se decepcionar. E mais à frente Ele solta aquela máxima: porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. Aprendemos a ser generosos quando se trata da satisfação dos próprios desejos, mas somos sovinas no que se refere aos outros. É nítida, dentro de nossas igrejas, a má vontade de contribuir regularmente para a divulgação do Evangelho no próprio país ou em países distantes. E ainda pertencemos a uma geração que não sabe reconhecer, honrar, respeitar o próximo. Sempre o meu tempo, minha vontade, e meus bens são mais importantes do que os dos outros.
Medite...
O que temos construído com nossas vidas? Que legado deixaremos para os nossos filhos? Eles serão obedientes porque aceitam e pensam exatamente como nós pensamos? Onde está o nosso coração? Aonde você quer que esteja o coração de seus filhos?
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