Por Thomas Tronco
Os
três primeiros séculos da era cristã foram marcados por incontáveis
morticínios de cristãos, principalmente nas arenas romanas, mortos por
animais ferozes, por fogo e por instrumentos de tortura. No quarto
século, as perseguições cessaram, mas não o ódio ao cristianismo. Sempre
que surge oportunidade, o mundo aponta suas armas para a igreja, para
as Escrituras e para tudo que esteja ligado ao Deus-homem que morreu na cruz para remissão de pecados.
A
“bola da vez” é a Associação de Capelania Evangélica Hospitalar (ACEH).
Esse ministério teve início em 1983 e é presidido pela capelã Eleny
Vassão de Paula Aitken, atuando em mais de 130 hospitais espalhados por
vários Estados brasileiros e até fora do Brasil, 13 países ao todo. Os
hospitais que contam com esse ministério são mais bem conceituados por
terem a visão do cuidado integral ao paciente, seus familiares e
profissionais da saúde. Diante dos leitos, o trabalho desses capelães é a
dar ouvidos, confortar e encorajar, ajudando o enfermo a lutar pela
vida com esperança em Deus e na medicina. Também é oferecido
aconselhamento espiritual e apoio emocional, tanto ao paciente e seus
familiares, como aos profissionais da saúde (www.capelania.com). Resumindo, é um trabalho que envolve atividade missionária, misericórdia genuína e amor incondicional.
Apesar
disso, essa associação tem recebido ataques que nada mais são que uma
demonstração cristofóbica e inconstitucional do pior tipo. Por meio de
mentiras e de intenções bastante questionáveis e egoístas, os nobres e
desprendidos capelães têm sido difamados e afrontados, não porque
ataquem as escolhas dos pacientes, mas por amá-los, evidenciando que
tipo de amor Cristo ensinou aos seus discípulos.
Para
ser sincero, ataques como esse me levam a pensar se devemos mesmo
manter a demonstração de amor pelas pessoas que nos perseguem. Contudo,
esse pensamento logo cede lugar a outro: o de que Cristo nos advertiu de
tal perseguição e ódio por parte do mundo e, mesmo assim, nos ordenou
amar. Logo em seguida, lembro-me que essa atividade amorosa, com
prejuízo próprio, é uma tradição cristã. O historiador Eusébio de
Cesareia (263-340) conta de uma praga avassaladora que ocorreu em
Alexandria, cuja virulência e propagação é descrita como “acima de toda a
esperança”, a qual acometeu mais pagãos que cristãos. Diante disso, ele
conta qual foi a ação da igreja cristã:
“De
fato, a maior parte de nossos irmãos, pelo exercício do grande amor e
da afeição fraternal, não se poupando, mas ligando-se uns aos outros,
estavam constantemente supervisionando os doentes, ministrando em suas
necessidades sem temor e sem parar e, curando-os em Cristo, partiam mui
docemente com eles. Ainda que contraíssem dos outros a doença, tomando-a
dos vizinhos, voluntariamente, por sucção, extraíam suas dores. Muitos,
também que haviam curado e fortalecido a outros, morreram, transferindo
a morte deles para si próprios e exemplificando de fato aquela
expressão corrente que antes só parecia uma forma de polidez: eles
estavam de fato, em sua morte, como os ‘marginalizados de todos’. Os
melhores de nossos irmãos, de fato, partiram desta vida dessa maneira,
alguns de fato presbíteros, alguns diáconos e, do povo, os que eram
extremamente elogiáveis. De modo que essa própria forma de morte, com a
piedade e a fé ardente que a acompanhava, parecia só um pouco inferior
ao próprio martírio. Eles pegavam os corpos dos santos com as mãos nuas e
sobre o peito, limpavam-lhes os olhos e, fechando-lhes os lábios,
carregavam-nos sobre os ombros e compunham-lhes os membros,
abraçavam-nos, seguravam-nos e preparavam-nos decentemente lavando-os e
vestindo-os e em breve eles mesmos participavam da recepção dos mesmos
ofícios. Aqueles que sobreviviam sempre seguiam os que iam adiante
deles. Entre os pagãos era exatamente inverso. Eles repeliam os que
começavam a adoecer e evitavam os amigos mais chegados. Eles os lançavam
às ruas meio mortos ou jogavam-nos, quando mortos, sem sepultamento,
evitando toda comunicação e participação na morte, coisa impossível de
evitar com todas as precauções e cuidados” (Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, VII:XXII, Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 269).
Desse modo, como crentes em Cristo, nossa tarefa é continuar a amar quem nos odeia (Mt 5.44; Lc 6.35) e brilhar ao mundo a luz de Cristo (Mt 5.16).
No tocante à capelania evangélica, nossa tarefa é continuar amando
aqueles que sofrem sem esperança e clamar a Deus que abençoe nossos
nobres irmãos capelães e defenda a Associação de Capelania Evangélica
Hospitalar. Esses irmãos se afadigam e são difamados na posição de
representantes da igreja de Cristo. Nada mais justo e próprio que
sejamos seu suporte e fonte de consolo e encorajamento. Afinal, somos um
só corpo, um corpo que luta junto, sofre junto e junto chegará ao céu
para habitar para sempre ao lado do nosso supremo Capelão.
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