Por Edward T. Welch
A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples.
Salmo 119:130
A pesquisa sobre vícios precisa de algo novo. Sua visão tem sido controlada por uma única lente, e mesmo que esta lente realce certas características da experiência que vicia, ela pode cegar tanto quanto revela quando é a única maneira de se enxergar. Para reduzir toda a discussão dos vícios para uma única imagem poderia sacrificar perspectivas úteis que possam trazer sentido e compreensão.
No caso dos vícios, a metáfora da enfermidade tem sido a metáfora controladora e ela tem guardado com muito ciúme o seu gramado. Nenhuma outra perspectiva tem sido convidada para alargar o nosso entendimento, nem ao menos oferecer uma revisão importante do conceito. É claro que a metáfora da enfermidade tem a sua utilidade. Ela realça a maneira de como podemos nos sentir controlado por algo além da nossa vontade. O que ela não realça é que a servidão que experimentamos é uma escravidão voluntária.
Esta dependência exclusivamente em uma metáfora não é a única dificuldade nas discussões sobre vícios. Até mais problemático é o fato de que a metáfora dos vícios está perdendo sua qualidade metafórica. Em vez de dizer que vícios são como uma enfermidade, cada vez mais pessoas estão dizendo que vícios são enfermidades.
No sentido literal, uma enfermidade é uma condição diagnosticável com uma causa física. Usado assim, vícios não se encaixam nesta definição. AA mesmo declara que “o alcoolismo é em grande parte uma enfermidade espiritual que requer uma cura espiritual”.[1] Apesar de que viciados podem apresentar algumas diferenças físicas quando comparados àqueles que não tem lutado com vícios, não há nenhuma razão para crer que estas diferenças biológicas façam algo a mais do que resultar do uso pesado de uma substância, ou influenciar o vício. Como influência, essas diferenças são semelhante aos efeitos dos cuidados dos pais, amigos ou da posição sócio-econômica. Eles podem nos puxar ou nos inclinar para certas direções negativas para a dependência química, mas elas podem ser resistidas. Elas não são o destino que não se pode evitar, como muitos viciados “em recuperação“ podem afirmar. Assim, a palavra enfermidade, no seu sentido mais técnico, não é a maneira precisa para descrever os vícios.
Dado como a metáfora da enfermidade está se endurecendo na realidade, e que o uso metafórico deenfermidade tem suas limitações, uma tarefa para a teologia dos vícios é considerar outras metáforas disponíveis nas Escrituras. Considere cinco metáforas diferentes para o comportamento que vicia: idolatria, adultério, insensatez, ataques por uma besta, e depois, enfermidade.
Idolatria
Uma das representações mais comuns da condição humana, e que capta as duas experiências do vício, a de estar no controle e a de estar fora do controle, é o tema da idolatria. A partir desta perspectiva a verdadeira natureza de todos os vícios é que escolhemos sair das nossas fronteiras do reino de Deus e olhar por bênçãos no país dos ídolos. Voltando-nos para os ídolos estamos dizendo que desejamos algo na criação mais do desejamos o Criador.
Isto soa como uma linguagem estranha para ouvidos do Ocidente, mas a idolatria é talvez a imagem mais dominante nas Escrituras e é rica em aplicações potenciais. Você já percebeu quantas histórias bíblicas poderiam ser resumidas com estas questões? “Quem você adorará? O Criador ou algo criado? Deus ou o homem? O Rei divino ou o ídolo sem valor?“ A linha básica da história do Antigo Testamento é sobre pessoas que acham a idolatria algo irresistível. Então Deus, por fim, através de Jesus, vem para resgatar Seu povo das suas práticas escravizadoras. Portanto, todo pecado é resumido como idolatria ( p.e. Dt 4:23; Ef 5:5 ).
Os Dez Mandamentos dão uma proeminência especial às proibições contra a idolatria. Elas são os primeiros dois mandamentos, e eles recebem uma elaboração considerável. “Não terás outros deuses diante de mim.
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