quinta-feira, novembro 10, 2011

Lições de um conselheiro bíblico veterano

Por Robert Smith

Ainda estou aprendendo
Uma das coisas que aprendi é que eu ainda não concluí realmente meu aprendizado – não posso dizer que já aprendi alguma coisa de forma completa. Continuo a aprender em todas as áreas. Posso então dizer, de verdade, que estou aprendendo durante quarenta anos de ministério.

Priorizar meu tempo para a glória de Deus
Uma das lições que tenho aprendido tarde na vida é a necessidade de avaliar cuidadosamente o que faço. Como “homem idoso”, as estatísticas dizem que não me restam muitos anos de vida. Quero, porém, que esses anos de pôr do sol sejam muito produtivos. Quando me aposentei, essa se tornou minha meta para a atual etapa de vida. Ainda estou aprendendo qual é a melhor forma de usar meu tempo com as habilidades que Deus me permitiu aprender.

Dar às Escrituras a devida importância
Um dos conceitos mais importantes que tenho aprendido é o valor da memorização das Escrituras. Quando foi tentado, Jesus derrotou Satanás citando as Escrituras. Visto que Satanás é um leão que ruge à espreita de alguém para devorar (1Pe 5.8 ), preciso ter a Palavra de Deus à disposição em todos os momentos. Ela é chamada de espada do Espírito (Ef 6.17), que eu preciso ter sempre desembainhada e pronta para uso. Isso só é possível por meio da memorização.

Junto à importância da memorização está a superioridade da Bíblia com relação a qualquer um dos bens desta vida: dinheiro (Sl 119.72 ), alimento (Sl 119.103), horas de sono (Sl 119.62, 148) e fartura (Sl 4.7).

Depender da Palavra de Deus como meu guia
Outro aspecto de aprendizado contínuo é que não posso depender de minhas emoções para me guiar nas decisões importantes. Meu guia deve ser a Palavra de Deus. Minhas emoções são muito suscetíveis aos meus desejos pecaminosos. Quando me sinto bem, torno-me excessivamente otimista sobre as minhas capacidades e me sobrecarrego de compromissos. Quando estou agitado, reajo pecaminosamente nos momentos em que eu deveria ouvir para entender melhor a questão. Quando estou abatido, desperdiço muito tempo com meus sentimentos de autopiedade. No ministério, a minha confiança deve estar no meu relacionamento com Deus e Sua Palavra. É uma luta contínua mantê-los como autoridade ao invés de meus sentimentos.

Ouvir com atenção e compaixão
Outro aspecto importante do aconselhamento, no qual ainda estou crescendo, é ouvir atentamente o aconselhado antes de apresentar qualquer solução bíblica. Para que eu possa ajudar integralmente a pessoa, preciso saber o que motiva as ações. Isso exige ouvir e fazer perguntas com base naquilo que o aconselhado me diz.

Mais recentemente, tenho aprendido a importância de compreender a situação de sofrimento que os aconselhados vivenciam. A maioria de suas ações pecaminosas atuais resulta de suas tentativas de reduzir a dor do sofrimento que enfrentaram. Nesse processo, devo mostrar compaixão para com eles no sofrimento. Visto que não sofri como eles, uma das formas de mostrar compaixão é ouvir sua história com o propósito de compreender melhor sua situação.

Aprender com meus aconselhados
Tem sido interessante ver como o Senhor traz ao meu encontro aconselhados que me lembram de mudanças que preciso fazer na minha vida. Devido a isso, mais de uma vez tenho agradecido a Deus por pessoas que sentam à minha frente. Tive de admitir muitas vezes que minha boca acabara de dizer alguma coisa que meus ouvidos precisavam ouvir.

Aprender que necessito da ajuda de Deus
Aprender sobre a necessidade da ajuda de Deus no aconselhamento também é algo contínuo. Mais de uma vez, no meio de um encontro de aconselhamento, fiz uma oração a exemplo de Neemias. Refiro-me a Neemias 2.2-5. Depois de Neemias ter contado ao rei que seu rosto estava triste devido ao fato de sua cidade de origem estar completamente destruída e em ruínas, o rei lhe perguntou qual era sua necessidade. A frase curta do versículo 4 serve de modelo para mim: “Então orei ao Deus dos céus”.

Não há indicação de que Neemias tenha se ajoelhado para orar, juntado as mãos e nem mesmo dito ao rei que iria orar. Parece que o rei fez a pergunta e, enquanto Neemias tomava fôlego para responder, ele orou por orientação para sua resposta. Faço isso muitas vezes em encontros de aconselhamento e minha oração, com frequência, é: “Socorro!”. E Deus atende.

Colocar o foco nas vantagens daquilo que posso fazer
Como estamos falando em quarenta anos de ministério, isso traz à tona a questão do envelhecimento. À medida que o corpo envelhece, ele se deteriora devido à maldição do pecado. Em vez de crescer em força, como acontece nas primeiras duas ou três décadas de vida, o corpo entra em um processo de lento declínio da força física e de algumas habilidades. Na juventude, era fácil eu pensar no envelhecimento como algo pouco importante. No entanto, quando a idade ficou mais avançada, ele ganhou importância. A mente quer fazer certas coisas, mas o corpo recusa-se a acompanhá-la. A vida costumava correr aparentemente sem limites −  como o “Energizer Bunny”[1] com um par de pilhas grandes “D” novas. Agora, o fornecimento de energia é reduzido ao de um par de pilhas pequenas “AA” gastas.

O que tenho aprendido, porém, é que isso contribui para que eu me concentre mais nas vantagens daquilo que posso fazer do que nas limitações do que já não posso mais fazer. Meus anos de estudo e memorização da Bíblia são agora recursos preciosos para minhas aulas e aconselhamentos. Eles produziram uma sabedoria baseada apenas na Palavra de Deus, não em minha habilidade intelectual. A impossibilidade de fazer algumas coisas físicas mantém o meu foco nas habilidades com que Deus tem me abençoado nas áreas espiritual e mental.

Não me deixar ameaçar pela mudança: ser um modelo de mudança
Mais um aspecto importante é aprendermos a não nos sentirmos ameaçados quando as coisas mudam ou quando somos substituídos. Nós não gostamos da ideia de sermos trocados por outros, pois é fácil pensarmos que somos insubstituíveis. Os jovens, porém, chegam e querem mudar as coisas. Isso significa que nossa forma de atuar não é mais tida como satisfatória. Conforme envelhecemos, somos gentilmente colocados de lado de várias maneiras. Se formos honestos, isso é bom. Os mais jovens estão fazendo apenas aquilo que nós mesmos fizemos quando éramos jovens.

Se crescemos em santidade ao longo de toda a nossa vida, sermos substituídos não significa que agora somos inúteis. Com tantos anos de experiência acumulada em mudança bíblica, não deveríamos ter dificuldade para mudar ao chegarmos à terceira idade. Na verdade, podemos demonstrar aos mais jovens os benefícios da mudança. Devemos ser modelos de mudança.

Tudo isso fica mais fácil se visualizarmos o quadro maior da vida e do ministério em vez de olharmos os detalhes de cada dia. Veja a mudança numa perspectiva maior. Deixe-me ilustrar. Quando nossa igreja passou da música tradicional para a contemporânea, esse foi um grande problema para mim. Meu treinamento passado (que eu deveria ter, em parte, contestado) fez disso uma questão espiritual. No entanto, havia também a questão espiritual de submeter-me a meus líderes e ver o quadro maior desta mudança: ela aumentaria o alcance do ministério de nossa igreja, com o qual eu estava inteiramente comprometido. Precisei, então, decidir o que era mais importante: minha preferência musical ou o alcance ministerial de nossa igreja. Muitos outros fatores estavam presentes, mas olhar o quadro maior ajudou-me a entender e aceitar as alterações na área da música. Mesmo que a música contemporânea não seja minha favorita, vejo como ela está ampliando o alcance ministerial da nossa igreja. Na verdade, muitas das letras que cantamos hoje são versículos bíblicos e certamente honram a Deus.

Há muitas outras lições que tenho aprendido e agradeço ao Senhor pela oportunidade que Ele me dá de ministrar enquanto continuo neste processo de aprendizado.
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Fonte: Conexão Conselho Bíblico

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