Por T. Zambelli
Há pouco tempo um bom amigo e irmão em Cristo, mestrando em Dallas Theological Seminary, escreveu
um artigo cuja interpretação é no mínimo bastante divergente do que grande parte dos crentes conhecem.
Eu republiquei o artigo em Pense Bíblia: Papa, Pedro e a Pedra. Seu artigo também está em outros sites, como no que Marcelo Berti, autor do artigo, mantém: Teologando. Mas foi no site NAPEC que ele encontrou o que quero compartilhar neste post.
Fazendo um extremo resumo do artigo de Marcelo, ele apresenta a passagem de Mateus 16.18 (E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la - NVI) e conclui que Pedro é a pedra que Jesus faz referência. Historicamente o protestantismo reagiu à conclusão católica romana e apontou para Cristo ou a declaração de Pedro como a pedra a que Jesus se refere. Marcelo diz: “Eu realmente acredito que a interpretação Católica é a interpretação correta do texto, embora entenda que a implicação Protestante seja correta." (Grifos meus.)
Espero eu já ter causado curiosidade suficiente para que você, leitor, possa tomar um tempo e conhecer o artigo. Repito o link aqui: http://goo.gl/mxqsF
De fato, meu ponto não é atacar nem defender a interpretação do Marcelo, mas compartilhar algo que tenho empiricamente notado e que reconheço correr o risco. Muitos crentes, quando diante de interpretações que desafiam a lógica de seus sistemas, bem como suas compreensões históricas, geralmente reagem equivocadamente à nova informação. Geralmente eles não proporcionam o devido tempo para processar os novos dados e examinar à luz das Escrituras se aquilo procede ao lado da verdade ou não. Não são como os de Bereia. As razões para agirem assim são as mais diversas, mas todas na mesma raíz, o pecado.
Marcelo encontrou alguém com as características de um estrategista sofista: superficial, relativista, cheio de perguntas de tom acusativo e sarcástico, nunca bem fundamentado. Um sofista não procura responder às questões, mas apontar à falta de consistência do argumento a quem ele advoga contra, mesmo que tenha que usurpar da verdade. Marcelo foi acusado de herege mesmo tendo, com tanta clareza, usado a Bíblia, a história e outros pensadores cristãos para apresentar seu ponto de vista. (Para entender exatamente o que digo, veja os comentários ao final do artigo do Marcelo em NAPEC.)
À semelhança desta história, conto outra. Um amigo pastor certa vez me perguntou sobre meu ponto de vista a respeito de divórcio e recasamento. Tenho uma convicção minoritária sobre este assunto. Respondi a ele o que eu penso biblicamente, no entanto, ele não achava aquilo possível. Semanas depois ele me encontrou e muito empolgado disse: "mudei de ideia sobre divórcio e recasamento e agora sou do seu time" - eu nunca havia pensado que éramos de times adversário. Logo, perguntei: "e como isso aconteceu?" Ele foi exposto aos mesmos argumentos que eu havia dito, no entanto, por uma outra pessoa, agora John Piper.
Como no artigo do Marcelo, a demonstração bíblica de que Pedro era a pedra não parecia ser suficiente. O que então é suficiente? Em minhas humildes e limitadas observações, parece-me que o crente brasileiro tem dado mais ouvido aos pregadores do que o texto que deve ser pregado. Eles têm dado mais credibilidade aos comentaristas bíblicos do que os escritores bíblicos (supervisionado pelo Único Autor). O peso de alguns nomes de estudiosos bíblicos tem sido mais valioso que a própria Palavra de Deus.
Para não ser entendido equivocadamente, deixo explícito: é importante e muito valioso observarmos e aprendermos com nossos piedosos e inteligentíssimos irmãos o que eles perceberam e aprenderam do texto bíblico. No entanto, isso não deve estar em primeiro lugar na busca pela verdade. Não devemos cegamente aceitar o cometário de um pastor, reverendo, missionário ou qualquer outro com título ou sem título sem averiguação da verdade com a Palavra de Deus. A verdade somente é verdade se for coerente com a Palavra de Deus, porque ela é a própria verdade (João 17).
Na prática é isso o que acontece: se Russell Shedd disse, então esta é a verdade; se John Piper disse, então esta é a verdade; se meu pastor disse, então esta é a verdade. Por favor, nunca desconsidere o que pessoas piedosas ensinam, mas nunca as considere infalíveis. Ouça e leia o que outros piedosos homens entenderam das Escrituras, mesmo que não seja o mesmo ponto de vista daqueles que você reconhece pelo zelo da Palavra de Deus.
Você já leu o artigo de Marcelo, Papa, Pedro e a Pedra? Fará diferença para você, se eu lhe disser que Allen Ross, Marvin Vincent e Herman Nicolas concordam com ele? E seu acrescentar Weber e Bloomberg? E seu eu lhe disser que tanto John Piper quanto John MacArthur interpretam o texto de Mt 16.18 sendo Pedro a pedra assim como Marcelo o faz?
Para mim, saber o ponto de vista de pensadores cristãos como estes é muito importante. Muitas vezes, quando eu estudo, acontece de minha interpretação ser diferente de alguns dos professores que eu mais prezo. Quando isso acontece, reavalio tudo o que eu pensei e procuro mais conteúdo sobre o tema. Neste processo eu oro a Deus para que orgulho não seja um problema para eu não aceitar a verdade de Deus.
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