Por T. Zambelli
Paulo como mentor
Segundo o dicionário virtual Dicio, Mentor é um “autor intelectual; responsável pela idealização ou pelo planejamento de alguma coisa, para cuja execução influencia o comportamento de outrem.” Paulo sem dúvida foi alguém notório na arte do mentoreamento.
Paulo e Barnabé formavam uma dupla digna de muito elogio. Eles trabalharam juntos e foram capazes de conduzir muitas pessoas ao conhecimento do Messias. Lucas, autor de Atos, escreveu: durante um ano inteiro Barnabé e Saulo se reuniram com a igreja e ensinaram a muitos (At 11.25). Os dois comissionados, Paulo e Barnabé, também indicaram crentes aptos à liderança em várias igrejas: Paulo e Barnabé designaram-lhes presbíteros em cada igreja; tendo orado e jejuado, eles os encomendaram ao Senhor, em quem haviam confiado (At 14.23). Depois da separação de Marcos no time missionário, Paulo era reconhecidamente o líder da equipe, visto a forma como Lucas descreve a equipe: Paulo e seus companheiros... (At 13.13). Como líder e companheiro de equipe, Paulo possivelmente foi um ótimo mentor a Barnabé, que inclusive exortou este último quando necessário: os demais judeus também se uniram a ele nessa hipocrisia, de modo que até Barnabé se deixou levar (Gl 2.13).
Barnabé foi apenas uma das várias pessoas mentoreadas por Paulo. São muitos os nomes que Paulo cita em algumas de suas cartas, possivelmente vários deles tiveram o privilégio de ser influenciados pelo grande mentor Paulo: Epêneto, Maria, Andrônico, Júnias, Amplíato, Urbano, Estáquis, Herodião, Narciso, Trifena, Trifosa, Rufo, Filólogo, Júlia, Nereu e muitos outros. Estes são exemplos somente da carta aos romanos (cap. 16).
Timóteo indubitavelmente foi mentoreado por Paulo. Ele trilhou juntamente do apóstolo por muitos lugares e pôde observar muito bem o proceder do mentor. Paulo, quando reconheceu que Timóteo estava pronto, enviou-o para que o jovem fosse mestre na igreja de Corinto: Por essa razão estou lhes enviando Timóteo, meu filho amado e fiel no Senhor, o qual lhes trará à lembrança a minha maneira de viver em Cristo Jesus, de acordo com o que eu ensino por toda parte, em todas as igrejas (1Co 4.17). Mas Paulo não queria que Timóteo fosse apenas mestre.
Timóteo como mentor
A segunda epístola de Paulo a Timóteo nos dá indícios de que o apóstolo sabia que sua vida estava próxima do final (cf. 2Tm 4.6). Ele não podia deixar nada fora de sua carta que não fosse extremamente importante ao jovem mestre Timóteo, mas que antes ainda, fosse extremamente importante à Igreja: E as palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar outros (2Tm 2.2)
O depósito (παραθήκην) que Paulo havia somente dito para Timóteo antes guardar (cf. 1Tm 6.20; 2Tm 1.14), agora ele pede para confiar (παράθου) a homens fiéis (πιστοῖς ἀνθρώποις), pessoas capazes (ἱκανοὶ) de também continuar o ciclo de ensinar a outros. Sobre estes homens fiéis, John Gill disse:
“tais não apenas receberam a graça de Deus e são simplesmente verdadeiros crentes em Cristo, mas são homens de grande retidão e integridade, que em posse da Palavra de Deus, falarão corajosa e fielmente, não retendo nada que os impeça de lucrar, mas declara todo o aconselhamento de Deus, sem qualquer mistura nem adultério. ”
É notório que Paulo especifica muito bem o público para o qual Timóteo deveria confiar (transmitir na ARA) o que havia ouvido de seu mentor. O crescimento saudável da igreja também depende disso e Paulo reconhecia que Timóteo tinha as virtudes de um mentor.
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