Por T. Zambelli
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Introdução
É inquestionável para qualquer genuíno cristão que Paulo, depois de nascer de novo, exerceu uma vida cristã com a qualidade de um exemplar filho de Deus. Ele mesmo disse a Timóteo: Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé (2Tm 4.7). Paulo é indubitavelmente alguém a quem devemos olhar e imitar (cf. 1Co 11.1), visto que seus esforços, desde a compreensão dada por Deus sobre Ele e sobre si, foi prosseguir para o alvo de seu chamado celestial (Fp 3.14) de ser um ministro entre os povos: ...fui designado pregador e apóstolo (digo-lhes a verdade, não minto), mestre da verdadeira fé aos gentios (1Tm 2.7).
Enquanto entre os homens, o exemplar Paulo, apóstolo do Senhor Jesus Cristo, marcou sua vida e a de outros de diversas formas. Aliás, ele ainda faz isso através de seus preservados e inspirados escritos para diversas igrejas e pessoas de sua época. Ele foi incontestavelmente um eminente modelo, um exímio mestre e um espetacular mentor.
Paulo como modelo
Segundo dois dicionários virtuais da língua portuguesa, modelo significa aquilo que serve para ser imitado. Como figura de linguagem, é coisa ou pessoa que merece ser imitada, ou seja, exemplo. De fato, Paulo era um exemplo de seguidor de Cristo, alguém que tinha a vida em total sujeição ao chamado celestial (At 20.24).
O pai
O apóstolo aos gentios tinha confiança em sua integridade. Ele apontava para si e dizia: suplico-lhes que sejam meus imitadores (1Co 4.16). Sua convicção era como a de um piedoso pai, que realmente era (cf. 1Co 4.15), e que reconhecia ser o melhor ter seus filhos o imitando do que a qualquer um outro. Ele suplicava (παρακαλῶ) aos seus filhos do Evangelho que fossem seus imitadores (μιμηταί), pois ele mesmo era imitador de Cristo: Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo (1Co 11.1).
O evangelista
À igreja de Tessalônica, Paulo disse: Pois vocês mesmos sabem como devem seguir o nosso exemplo, porque não vivemos ociosamente quando estivemos entre vocês (2Ts 3.7). Paulo vivia e pregava corriqueiramente acerca Reino de Deus: Irmãos, certamente vocês se lembram do nosso trabalho esgotante e da nossa fadiga; trabalhamos noite e dia para não sermos pesados a ninguém, enquanto lhes pregávamos o evangelho de Deus (1Ts 2.9 – grifo meu). Paulo é alguém que firmemente podemos ter como modelo de pessoa que administrava bem o seu tempo, especialmente no que tange a proclamação do Evangelho. Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades (Cl 4.5).
Para os tessalonicense Paulo também reafirma sua convicção de obreiro aprovado por Deus:
Irmãos, vocês mesmos sabem que a visita que lhes fizemos não foi inútil. Apesar de termos sido maltratados e insultados em Filipos, como vocês sabem, com a ajuda de nosso Deus tivemos coragem de anunciar-lhes o evangelho de Deus, em meio a muita luta. Pois nossa exortação não tem origem no erro nem em motivos impuros, nem temos intenção de enganá-los; ao contrário, como homens aprovados por Deus para nos confiar o evangelho, não falamos para agradar pessoas, mas a Deus, que prova o nosso coração (1Ts 2.2-4 – grifo meu; cf. 2Co 10.18).
O orientador
Apesar de num primeiro momento a proclamação do Evangelho ter sido árdua em Filipos, a mensagem frutificou. Quando Paulo escreve sua carta à igreja dos filipenses (60-61 a.D), ele encoraja seus irmãos em Cristo à promoção do Evangelho, com algumas poucas palavras de correção, todavia gentis. Para tal promoção do Evangelho, Paulo mais uma vez se usa como exemplo a ser imitado: Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês. (Fp 4.9 – grifo meu).
Paulo, ao pedir que os filipenses pusessem em prática o que ele mesmo lhes ensinou, vai além da teoria. Ao contrário do canto do hipócrita “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço,” Paulo pede ao seu público que colocasse em prática a doutrina instruída, o que os corações e mentes absorveram, o que eles ouviram privada ou publicamente e o que eles observaram dele. Paulo se mostra como exemplo holístico, um orientador a ser seguido, ciente que se assim eles também fizessem, ou seja, se a Paulo eles imitassem, eles poderiam ter certeza da presença de Deus, a fonte da genuína paz no meio deles.
Sobre esta passagem Albert Barnes escreveu: “O pregador é o intérprete da vida espiritual e deveria ser um exemplo disso.” Robertson questionou: “Quão poucas são as pessoas destes dias que podem encorajar outros a imitar tudo o que eles viram nelas, aprenderam delas, e ouviram delas?” Paulo conhecia a Deus e conhecia a si mesmo. Seus ensinos não eram somente verdade em suas palavras. Ele era capaz e verdadeiro ao apontar para si mesmo e se mostrar como um professor irrepreensível. Ele conhecia seus esforços para ser como Jesus Cristo. Ele sabia que crescia em Deus. Sua convicção não se tornava verdade à medida que ele depositava mais fé nela, mas ela era a própria verdade: Paulo é um modelo de cristão a ser seguido!
Timóteo como modelo
Não foi por menos que ele também exigiu de Timóteo, seu verdadeiro filho na fé (1Tm 1.2), que fosse exemplo para que outros cristãos o imitassem: Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (1Tm 4.12).
Ninguém sabe ao certo a idade exata de Timóteo neste momento de sua vida. Vincent acredita que ele tinha entre 38 e 40 anos. O autor de The People’s New Testament escreveu que ele tinha entre 35 e 38 anos. “Segundo Irineu, a primeira etapa da vida abarca trinta anos e se estende até os quarenta (Against Heresies, II.xxii). Segundo essa fonte, Timóteo ainda era ‘um jovem’.” Fato é que o pupilo de Paulo era muito mais novo que o apóstolo, como também era em relação aos presbíteros da igreja. De qualquer forma, a ordem era para que Timóteo soubesse lidar com o desprezo que possivelmente sofreria pela sua idade no cargo em que ocupava.
A resposta de Timóteo ao possível desprezo não deveria se basear na autoridade que lhe era direito. Paulo ordena que seu verdadeiro filho na fé fosse um padrão (ARA), um exemplo (τύπος) para os fiéis, possivelmente para que sua liderança fosse ratificada pela sua maturidade em Cristo e não pela posição na igreja. Para isso, Paulo cita cinco áreas:
• Na palavra (λόγῳ): Timóteo deveria ser um exemplo na forma e conteúdo de suas conversas. Um bom líder deve manter sua língua sobre controle (Tg 3.2) e reconhecer que más conversações são perigosas (1Co 15.33). Adam Clarke argumenta que este item também faz referência à didática do jovem e tira como lição: “Ensine nada além da verdade de Deus, pois nada além salvará almas.”
• No procedimento (ἀναστροφῇ): a palavra grega pode ser traduzida por modo de vida, conduta, comportamento, ou postura. Ela se refere às atitudes visíveis. Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com a humildade que provém da sabedoria (Tg 3.13 – grifo meu). Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento (1Pe 1.15 ARA, grifo meu; também 1Pe 2.12).
• No amor (ἀγάπῃ): “no profundo apego pessoal a seus irmãos e uma genuína preocupação por seu próximo (inclusive seus inimigos), buscando sempre a promoção do bem-estar de todos” (cf. 1Co 13).
• Na fé (πίστει): “Em todo tempo, em todas as provações, exponha-se aos incrédulos pelo seu exemplo, como eles devem manter uma firme confiança em Deus.”
• Na pureza (ἁγνείᾳ): a mesma palavra é usada por Paulo um pouco depois nesta mesma carta: Não repreenda asperamente o homem idoso, mas exorte-o como se ele fosse seu pai; trate os jovens como a irmãos; as mulheres idosas, como a mães; e as moças, como a irmãs, com toda a pureza (1Tm 5.1-2). A ideia era para que Timóteo se mantivesse debaixo da lei moral de Deus, santo, imaculado, provável e especialmente no que tange a imoralidade sexual.
Enfim, Paulo tinha uma expectativa que Timóteo buscasse ser exemplo para os outros cristãos como o próprio apóstolo o era, com a convicção correta.
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