A graça barata é a graça que nós dispensamos a nós próprios. A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado.
A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende com alegria tudo quando tem; a pérola preciosa, a qual o comerciante se desfaz de todos os seus bens para adquiri-la; o governo régio de Cristo, por amor do qual o homem arranca o olho que o escandaliza; o chamado de Jesus Cristo, o qual, ao ouvi-lo, o discípulo larga as suas redes e o segue.
A graça preciosa é o evangelho que há que se procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater.
A graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida ao homem, e é graça por, assim, dar-lhe a vida; é preciosa por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador.
Essa graça é sobretudo preciosa por tê-la sido para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho – “fostes comprados por preço” – e porque não pode ser barato para nós aquilo que para Deus custou caro. A graça é graça sobretudo por Deus não ter achado que seu Filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação de Deus.
A graça preciosa é a graça considerada santuário de Deus, que tem que ser preservado do mundo, não lançado aos cães; e é graça como palavra viva, a palavra de Deus que ele próprio pronuncia de acordo com seu beneplácito. Chega até nós como gracioso chamado ao discipulado de Jesus; vem como palavra de perdão ao espírito angustiado e ao coração esmagado.
A graça é preciosa por obrigar o indivíduo a sujeitar-se ao jugo do discipulado de Jesus Cristo. As palavras de Jesus: ‘O meu jugo é suave e o meu fardo é leve’ são expressão da graça [...] A graça e o discipulado permanecem indissoluvelmente ligados.
BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. Editora Sinodal.
oi, Zambelli, esse texto é mesmo maravilhoso! Bonhoeffer fui um homem corajoso, um dos poucos que teve coragem de se opor ao nazismo, perdendo a vida por isso. mas, estava vendo os blogs que vc recomenda e um me chamou a atenção, do Julio Severo. Ele é famoso por suas posições radicais e polêmicas. Para mim, ele é uma farsa, um poço de intolerância. fiquei admirada quando vi o blog dele entre os seus prediletos. podemos conversar sobre isso, fora do blog, se vc quiser, mas sugiro que vc dê uma lida nos artigos que ele escreve.é isso.
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